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Minha Doutora

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intro-logo
Blurb

Heloísa sempre acreditou que seu destino estava nas mãos da medicina.

Prodígio desde criança, entrou na faculdade aos dezesseis e, aos vinte e cinco, já era uma das médicas penitenciárias mais respeitadas do Rio. Sua vida girava em torno de salvar outras vidas, até que uma rebelião em Bangu virou tudo de cabeça pra baixo.

No meio do caos, ela é feita refém e obrigada a salvar o homem mais temido do sistema prisional: Destrutor, o Dono da Maré.

Dentro das grades, ele é rei. Fora delas… é o próprio inferno.

Mas Heloísa não é apenas uma médica.

Por trás do jaleco, há uma mulher marcada por um casamento abusivo, feita em pedaços por traições e violência.

E o que ela menos esperava era que, ao salvar o inimigo, despertaria uma obsessão e um amor perigoso o bastante para colocar sua sanidade à prova.

Ele sobreviveu.

E desde aquele dia, a vida dela jamais seria a mesma.

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1
Helô Helô: Cala a boca, Mateus. Nós já terminamos há meses e você não supera. Mateus: Escuta aqui, Heloísa, eu já te falei que antes de você seguir a sua vida eu acabo com ela – ele gritou, segurando o meu braço. Helô: Você se acha dono do mundo, né? Acha mesmo que eu vou aturar as tuas putarias só porque você está me ameaçando? Mateus: A única coisa que eu acho é que você perdeu a noção do perigo. Esqueceu que eu sou delegado e que eu posso meter uma bala no meio da tua cara? Sem falar que eu não pensaria duas vezes antes de tirar a Júlia de você. Helô: Que juiz no mundo daria um bebê de nove meses para um pai cachaceiro que vive com a casa cheia de mulher? Você é um merda, cara. Você não me respeitou nem no hospital. Eu entrei para ter a nossa filha e você foi comer a moça da limpeza. Acha mesmo que eu vou voltar com você? Nem fudendo. Ele deu dois passos para trás e eu pensei que iria recuar, mas ao invés disso voltou na minha direção e me deu um tapa na cara com tanta força que me fez cair no chão. Fiquei com os olhos cheios de lágrimas, mas não chorei. Eu não daria esse gostinho para ele. Mateus: Escuta bem o que eu vou te dizer: vou te dar três dias para pensar. Depois disso, eu meto uma bala na tua cara e levo a minha filha comigo. Ele saiu da minha casa e, aí sim, eu desabei. Coloquei tudo que eu estava sentindo para fora. Depois fui até o quarto da minha filha e a abracei com força. Helô: Eu não vou deixar esse monstro tirar você de mim, meu amor. Eu prometo. A mamãe pode ter escolhido um pai de merda pra você, mas eu nunca vou deixar ele te machucar. Eu me chamo Heloísa, mas vocês podem me chamar de Helô, é assim que meus amigos me chamam. Sou loira, tenho os olhos claros, 1,65 de altura e um corpo bem cuidado. Eu sempre fui muito inteligente: entrei na faculdade aos 16 anos e agora, com 25, sou médica penitenciária. Escolhi essa área porque achei que seria como nos filmes, mas a verdade é que atender presos parece um filme de terror. Como eu disse, sempre fui inteligente, mas só na vida profissional, porque na amorosa eu tive dedo podre. Comecei a namorar aos 20 anos. O Mateus foi meu primeiro namorado, perdi a virgindade com ele e desde então estávamos juntos. Ou melhor, estávamos. Quando engravidei, as coisas mudaram. No começo achei que era excesso de cuidado, mas depois os cuidados viraram agressividade. As traições começaram. Eu nunca tinha pego ele de fato, mas o Mateus sempre chegava com cheiro de perfume barato. Quando eu questionava, ele falava que eu estava maluca. A mulher sempre é a maluca, né? Eu acabei ficando na relação porque faltavam poucas semanas para a minha Julinha nascer, e eu fui iludida o suficiente para achar que o Mateus ia mudar. E ele mudou... para pior. No dia do meu parto, eu estava sentindo as contrações e ele estava no meio das pernas da moça que trabalhava no hospital. Eu tive uma eclâmpsia, quase morri. Só sobrevivi porque a minha Juju precisava de mim. Assim que consegui me pôr de pé, dei um pé na b***a dele. No começo ele aceitou de boa, mas quando viu que eu realmente não iria voltar, começou a ficar cada vez mais agressivo. No começo, só segurava meus braços. Agora, já bate no meu rosto. Eu já dei várias queixas dele, mas quem disse que adianta? Eu nem sei se registram meus boletins de ocorrência, porque todos na delegacia são amigos dele. Agora ele está dando uma de louco, falando que vai tirar minha filha de mim. Mas eu juro pela minha vida: se ele tocar na minha Júlia, eu mato ele. Eu posso destruir tudo o que construí, mas acabo com a vida dele sem pensar duas vezes. Joana: Dona Helô! Helô: Oi, Joana, estou aqui. A Joana é a babá da minha filha. Cuida da Juju desde que voltei a trabalhar e sempre me avisa de tudo o que acontece. Joana: Está tudo bem? Helô: O desgraçado do Mateus esteve aqui de novo. Ele me ameaçou. Eu estou tentando me recompor pra trabalhar. Joana: Eu sei que a senhora gosta de morar aqui, mas não é melhor se mudar? Esse homem parece até uma das dez pragas do Egito. Toda hora volta atrás da senhora. Olha quantas mulheres estão morrendo... Deus me livre da senhora aparecer na televisão como estatística. Pra morrer basta estar viva. Dona Helô, a senhora é jovem, bonita, ganha bem... tem que vigiar. Morar aqui não tá adiantando. Parece até que ele fugiu de hospital de maluco. Helô: Eu vou procurar apartamentos em outro lugar, Joana. Mas agora eu tenho que ir trabalhar. Liga o alarme e, qualquer coisa, me liga. Pelo amor de Deus. Joana: Ligo, mas antes eu saio correndo e me tranco no quarto com a menina, que eu não vou ficar na reta de homem doido. Porque se a senhora aparecer na televisão como estatística, eu até choro. Mas se eu aparecer, vagabundo esquece rapidinho. Deus me livre! Vamos morar lá perto da minha casa. Te garanto que o Mateus para com esse fogo no r**o quando ver os garotos do movimento de fuzil. Helô: Que isso, Joana, pelo amor de Deus! Joana: Isso é o que meu filho sempre diz: remédio pra doido é um doido e meio. Lá ele ia rapidinho achar o doido e meio dele. Eu comecei a rir, me despedi dela e da minha filha, porque, por mais que eu tenha medo, eu não posso parar de trabalhar.

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