QUERIDO ARRANJO - LIVRO 1

CAPÍTULO 6 - ANA

Eu adoro aquário, são bonitos e passam uma tranquilidade danada, estou em um consultório odontológico, esperando uma colega, uma que já fazia algumas semanas que eu não via e nem sabia como estava, mas eu sabia que continuava trabalhando no mesmo lugar. Estando agora tão perto não poderia deixar de me reaproximar. Era necessário. Sozinha as coisas estavam complicadas.

- Ai meu Deus! - Eu me virei. - Você apareceu! - A mulher nem esperou minha resposta, me puxou e me apertou como se eu fosse um urso de pelúcia. - Por onde você andou? Quando ela me soltou deu para sorrir e tomar um pouco de ar. - As meninas ficaram preocupadas, eu fiquei caramba! Você sumiu da casa do seu pai, quando fui visitá-la me disseram tanta coisa.

- Eu casei – Falando isso ela entendeu, eu não mantinha pessoas muito próximas, mas eu tinha pessoas nas quais eu depositei um pouco de confiança, como a Fox, uma inglesa alta e de pele n***a, com um cabelo cacheado e caramelizado.

- Sinto muito – Ela tirou o jaleco e suspirou fundo. - Vem, tenho tempo até o próximo paciente – Seguimos direto até o consultório dela, quando ela parou de andar e fechou a porta eu soube que eu tinha uma garota legal na minha frente.

Fox era encantadora.

- Como anda as coisas com todos?

- Bem, sentimos sua falta, sabe disso, voltei lá dias vezes desde que nos falamos meses atrás, mudar pra cá me tomou tempo – Me sento e ela puxa a cadeira para me acompanhar. - Agora me conta, por onde andou e o que trouxe você aqui? Seu pai conseguiu o que ele queria, não foi?

- Infelizmente sim Fox, eu me casei faz algumas semanas. E tudo estranho e novo.

- O cara e r**m para você?

- É um desconhecido, mas ele não é tão r**m, tem, na maioria das vezes, um lado ótimo e bom. O nome dele e Charlles, ele não é velho e nem nada do tipo, bonito e jovem, mas é calado, as vezes ele está em casa e eu não noto pelo silêncio, mas ele também tem suas manias e alguns tiques – Sorri. - Também é uma galinha, até já levei um esporro de uma baranga.

- Ana Luiza, como você deixa isso acontecer? Por acaso não é uma de nós?

- Foi um t**a de surpresa.

- Poderia dar uma tamancada.

- Farei isso da próxima – Eu pego o celular dentro da bolsa e abro na galeria, abrindo direto nas fotos do galpão pronto, completamente finalizado, entregando o aparelho para ela. - Olha – Fox pega o celular e começa a olhar, seus olhos deslizam pela tela e logo ela olha para mim sem entender. - O que achou?

- Onde achou esse lugar, tão arrumadinho – Os olhos dela brilham.

Como os meus, isso me faz lembrar o motivo de estar aqui.

- Casar me deu um marido e também me deu um cartão – Ela ergue o olhar. - Vi terminar o que a gente combinou oito anos atrás depois de fazer a primeira aula de dança juntas.

- Ainda quer isso? Você agora é casada – Ela olha para tela do celular e dá um sorriso triste. - Seria perfeito esse lugar, as meninas daqui estão com medo de continuar indo onde vamos, porque você sabe como está onde a gente está, desde a época que mostrei pra você não fizemos ou demos conta de nada, é precário.

- Eu sei exatamente disso, agora vamos, onde está minha sócia?

- Devendo os empréstimos que fiz para me formar – Ela suspira e se levanta. - Eu não tenho esse dinheiro todo Ana, tenho mais dois anos dívida estudantil, não posso comprar um lugar assim.

- Eu só quero um lugar para dançar Fox, como você e as outras garotas, ser quem somos e nos reunir com pessoas que querem o mesmo, um lugar seguro, bom! - Me levanto e me aproximo dela. - Eu comprei o lugar, ele estava um caco, ele está arrumado porque eu fiz isso nas últimas semanas. Meu caro marido me deu uma liberdade enorme e que eu vou usar bem.

- Você o que?

- Comprei, quitei e está tudo certo, só soltar a música e pronto. Manter também.

- Ana… Isso é loucura!

- O que me diz Foz, quero usar aquele lugar com minha turma nova, da mesma forma que era antes, vamos, me diga que está dentro, podemos fazer grandes coisas, a parte mais f**a foi conseguir o lugar…

- Quanto foi?

- Isso não importa, Fox.

- Ana?

- 27 Mil – Ela balança a cabeça. - É só um lugar, mas dessa vez um lugar bom.

- Você é maluca, agora sim posso te chamar de burguesa.

- Preciso de alguém que só administre as meninas e o lugar, como você faz e fez, sei que seu tempo é curto, mas…

- Eu aceito ajudar, muitas daquelas meninas contam com esse consolo, como eu e você. Vô já tem meninas pra começar.

- Ótimo!

Ela volta a se sentar.

- Elas vão ficar malucas.

- Começamos a preparar as coisas na segunda, a partir das seis.

- Quer dar a notícia comigo hoje?

- Tem hoje?

- Sim, Ana, você deve dar essa notícia, são meninas ótimas.

- Não fale que fui eu, falar só que foi um patrocinador.

- Tudo bem – Eu volto a sentar e ela se inclina no assento. - Você parece mais feliz.

- Não tenho mais o meu pai no meu pé, tenho um marido, mas é só seguir regras básicas e fáceis.

- Você ainda é virgem? - Balanço a cabeça. - Ele sabe?

- Não, não sabe Fox. Ele também nunca tentou nada.

- Fico feliz, sei o quanto você tentou fugir desse casamento. Você é muito fechada e na sua Ana, mas desde aquele primeiro dia, anos atrás, eu estou com você, rumos diferentes na vida, mas do seu lado, não sou da sua classe social, mas não quero seu m*l. Não se afaste de mim como fez esse tempo todo.

Os olhos se enchem de água.

- Me desculpa.

- Só fica perto, tem o meu número e já me deu carona, sabe onde eu moro. Se permita mais, seja com você mesma e com os outros, não seja a menina tímida que reina as vezes em você, seja a mulher que luta pelo o que quer.

- Obrigada, de verdade – Eu faço uma pausa e nós duas ficamos em silêncio, uma olhando para cara da outra.

As coisas agora poderiam se encaixar de novo para mim.

AVISO - Mais um capítulo fresquinho pra vocês (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham do livro e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo fantástico. Att, Amanda Oliveira, amo-te. Beijinhos. Hehehehe até