-Você realmente vai honrar a aposta se eu ganhar? Não sei se posso confiar em você.
-Você acha que um homem como Cassius me deixaria voltar atrás na minha palavra? Ou Salvador? O homem dirige um cassino.
Ela folheia as três cartas, me observando com a cabeça de lado. -Ou eu me livro de todos vocês, ou tudo continua igual. Você vai honrar isso?
-Eu juro.
-Acho que não posso dizer não, então. O que eu tenho a perder?
Mais do que você imagina.
Eu deslizo mais perto dela e murmuro em seu ouvido. -Você é muito bonita, sabia disso?
-Pare de tentar me distrair. Você disse que não ia usar nenhum truque.
-Eu acaricio minha mão pelo braço dela. -Sem truques. Não é sempre que uma mulher bonita tem meu destino em suas mãos.
-Estou segurando isso. Diz ela, mostrando-me o verso das três cartas em seu mão. -Você pode me lisonjear o quanto quiser, mas eu não vou deixá-los me enganar.
Eu não dou a mínima para as cartas agora.
-O jogo é ainda mais interessante quando as apostas são altas, você não acha? Eu deslizo minha mão ao redor de sua cintura. — Pense nisso, Chiara. Você está no controle. Isso não faz você se sentir poderosa?
Ela levanta o queixo para olhar para mim, seus olhos brilhantes como estrelas. Qual foi a sensação quando Salvatore a beijou, eu me pergunto? Ele gosta de uma emboscada. Eu prefiro a rendição.
-É diferente.
-Venha agora. Murmuro, mergulhando minha boca mais perto dela. -Eu fui honesto com você. Você não vai ser honesta comigo?
Seu olhar pisca para a minha boca. -Não sei se posso confiar em você.
-Por que não tentamos isso e descobrimos?
Eu pressiono minha boca na dela. Seus lábios se abrem e ela me deixa reivindicá-lá, cada segundo. Eu a sinto inalar enquanto seus olhos se fecham. Para uma garota católica protegida, ela tem um beijo sedutor. Mas, sim, os outros vão gostar dela também. Apenas inocência suficiente para Cassius. Vulnerabilidade mais do que suficiente para Lorenzo.
Uma de suas mãos está no meu peito e a outra está segurando aqueles cartões preciosos. Ela é desprotegida, e eu alcanço seu tornozelo e deslizo meus dedos para dentro de sua perna. Talvez eu goste de uma emboscada só um pouco.
Ofegante, Chiara interrompe o beijo. Nós olhamos nos olhos um do outro, nossa respiração se misturando.
Que garota ousada ela é. Eu me pergunto o que seria necessário para fazê-la ir ao auge.
Ela se afasta e brande as cartas. -Vamos acabar logo com isso.
Eu a paro com uma mão em seu braço. -Espere. Vamos tornar isso mais interessante. Você está pronta para isso?
-Mais interessante como?
-Não me mostre onde a rainha está. Distribua todas as cartas viradas para baixo, troque-as, e eu vou escolher uma.
-Mas isso torna ainda menos provável que você escolha a rainha. Porque você iria querer isso?
Eu dou de ombros. -Eu gosto de você, Chiara. Depois que você ganhar a aposta, talvez eu pergunte se você topa um encontro. Você nunca vai querer nenhum de nós se nós forçarmos você.
Ela olha para as cartas em sua mão e depois de volta para mim. Ela ainda está intrigada, mas vai com isso. -Tudo bem.
A vitória corre através de mim, com um gosto quase tão delicioso quanto seus lábios. Um vigarista conhece um coisa certa: Você não pode enganar alguém que não é ganancioso. Chiara ficou gananciosa.
Ela coloca as três cartas, viradas para baixo. Então ela começa a embaralhá-los para frente e para trás na mesa.
-Vá em frente, então. Encontre a rainha.
Eu toco meu coração. -Já a encontrei.
Chiara olha para o meu peito. -Isso é muito brega. Não tente se esquivar disso.
Pegue uma carta.
-Eu não sou. Já encontrei minha rainha.
-Escolha mesmo assim.
-Tudo bem, mas eu já a tenho, então não conta. O do meio.
Ela pega a carta do meio e para. -Se eu virar esta carta e for a rainha de copas, então ou você tem a sorte do d***o ou me enganou, e eu não vou descansar até eu descobrir como.
Eu sorrio um sorriso lento e aquecido. -O d***o está definitivamente do meu lado, mas não preciso de sua ajuda esta noite. Isso é só entre você e eu.
Chiara respira fundo e vira a carta, revelando o ás de espadas. Ela coloca as mãos nas bochechas e suspira. -Eu venci! Não acredito que ganhei.
Eu balanço minha cabeça. -Desculpe, gatinha. Não, você ganhou.
Não seja um mau perdedor. Eu venci você de forma justa.
Enfio a mão no bolso da frente da minha jaqueta, tiro uma carta de baralho e mostro para ela.
A rainha dos corações. -Eu disse que já a tinha.
-O que? Chiara arrebata a rainha de copas de mim e olha para ela. Então ela pega os outros dois da mesa. O dez de paus e o valete de ouros. -Mas... mas eu tinha a rainha de copas! Eu não larguei as cartas mesmo quando você me beijou. Como você conseguiu segurá-la?
Eu sorrio mais largo. -Primeira regra de jogar com um vigarista. Suspeite de tudo, especialmente quando as coisas parecem estar indo a seu favor. Eu posso gostar de um risco, mas eu não sou um i****a. De jeito nenhum eu faria uma aposta dessas se já não soubesse que ia ganhar.
Os ombros de Chiara caem quando ela percebe o truque. -Você trocou as cartas antes mesmo de me dar.
Não posso acreditar que não verifiquei as cartas.
Ela estava muito ocupada gostando de ser beijada por mim. Agora que sei que ela me quer, vou lutar duas vezes mais para torná-la minha esposa. Quero a segurança de ter o prefeito Romano no bolso onde quer que eu vá nesta cidade.
Pego as cartas dela e as jogo de lado. -Tenho um presente para você. Um pequeno conselho. Não confie em ninguém, nem mesmo na sua própria família. A única pessoa em quem você pode confiar é você mesmo.
-Não há chance de eu confiar em você novamente.
Eu sorrio, revelando caninos pontiagudos. -Especialmente não confie em mim.
Minha cabeça mergulha na direção dela como se fosse beijá-la. No último segundo, eu estalo meu dentes juntos, e ela pula. -Feliz aniversário, gatinha.
Cássio
Na p***a da noite, ainda não jantei e não me prometeram uma esposa. Que diabos ainda estou fazendo na casa do prefeito?
Tomo um gole do uísque que me serviram depois que Chiara saiu da sala de jantar como uma pirralha.
A piscina brilha em azul-branco e o jardim é cravejado de luzes.
Encontrei meia dúzia de funcionários. Tudo nesta casa é caro. Só é aceitável criar uma família assim se eles entenderem que esse privilégio tem um custo, e o custo é fazer o que você manda.
Uma figura de branco caminha pela beira da piscina, uma tiara cintilante aninhada em seus cabelos dourados. O chiffon se agarra ao seu corpo esbelto. Eu a observo, o gosto do uísque permanecendo na minha boca.
Chiara ficará bem no meu braço quando eu entrar em um dos meus clubes.
Ela vai ficar deliciosa espalhada na minha cama. Eu amo uma mulher pequena que posso engolir completamente com meu tamanho, e sua beleza delicada ficará ainda melhor quando seu rosto estiver manchado de lágrimas.
Mas talvez isso fosse mais fácil se ela fosse simples. Mulheres bonitas que sabem que são bonitas são um pé no saco. Enquanto meus olhos a seguem, porém, não posso lamentar que Chiara Romano seja absolutamente deliciosa. Eu coloco meu uísque para baixo e ajeito minha gravata. Ela só vai exigir mais correção.
Eu estou na outra extremidade da piscina com as mãos nos bolsos da calça. Chiara está tão perdida em pensamento que ela quase anda direto no meu peito. Ela para com um suspiro. Recuperando-se, ela pergunta: -Você tem algo para mim também?
Eu não gosto do tom dela. Está beirando o atrevido. -Por que? Você acha que ganhou um presente meu?
Chiara dá de ombros, seu rosto uma imagem de infelicidade. -É meu aniversário. Salvatore me deu isto.
Ela toca o colar em sua garganta que é pesado com pedras brilhantes.
Claro que ele lhe deu diamantes. Presentes luxuosos e ameaças cruéis, esse é o estilo dele. -Vinicius me deu conselhos.
Eu ri baixinho. -Deixe-me adivinhar. Não acredite em ninguém? Definitivamente não confie nele. Você pode dizer que ele está mentindo porque os seus lábios estão se movendo. Ele mente só de abrir a boca.
Falando em lábios, os de Chiara estão inchados. Quem a está beijando, Salvatore de novo? Não, provavelmente Vinicius como parte de seus jogos.
-Por que todos vocês me querem, afinal?
Ela ainda não é minha esposa. Eu me pergunto a melhor forma de jogar isso. Talvez depois da conversa com Vinicius ela respondesse melhor à honestidade.
-Seu pai é um homem poderoso. Ele é útil para nós.
Chiara se encolhe. -Mas eu não quero me casar com nenhum de vocês.
Talvez não, mas uma mulher na posição dela não pode escolher o marido. Ela não tem o luxo de um casamento de amor.
Ela cumprirá seu dever e agradecerá pelo privilégio de servir sua família e seu marido.
Minhas filhas, quando eu as tiver, serão criadas para entender isso desde o nascimento. Essa garota de dezessete anos precisa aprender uma lição.
Eu estendo a mão e acaricio meu polegar sobre sua bochecha. -Que noite você teve. Isso deve ser muito difícil para você.
Ela olha para cima com surpresa, e seu rosto suaviza. -Hum, sim. Foi um dia estranho.
Eu vou para um sofá de cinco lugares ao ar livre aninhado entre algumas palmeiras e me sento.
-Os outros vão f***r com você por diversão. Eu não faço isso.
-Isso é reconfortante. Gosto de saber onde estou.
Ela me olha com ousadia, sem sequer me chamar de senhor Ferragamo ou senhor. Tanta falta de disciplina.
Uma filha da máfia adequada não ousaria se comportar dessa maneira com o homem com quem ela espera se casar.
Sua mãe, pelo menos, parece saber seu lugar.
Dou um tapinha na almofada do sofá ao meu lado. -Venha aqui. Eu não mordo.
- Eu quero entrar.
Eu suspiro. -Esta é uma oportunidade, Chiara. Comportar-se como uma criança não vai te levar a lugar nenhum.
Ela hesita, e então se senta, mas não onde eu indiquei. Ela está a meio metro de distância. Preciso de toda a minha força de vontade para não agarrá-la pelos cabelos e arrastá-la para mais perto, e rosnar em seu rosto.
Sente-se onde eu lhe disser, e se me desobedecer mais uma vez, farei com que se arrependa pelo resto da vida.
Eu forço meus ombros contra o encosto do sofá para parecer relaxado, estendendo meu braço ao longo do assento.
-Você parece tensa, bambina. Relaxar. Eu só quero falar com você. Faço minha voz profunda e afetuosa. Lá, lá, menina. Os homens maus te assustaram?
-Você é um criminoso? Ela pergunta. -Eu sei que por dentro você disse que não estava, mas eu só quero entender o que está acontecendo esta noite.
Sua insolência não conhece limites. Eu a encaro por um minuto inteiro, observando a luz refletida na água se movendo sobre seu rosto. -Sim. Mas é negócio, não prazer. Vou seguir a lei até que ela fique no meu caminho.
-Com que frequência isso fica no seu caminho?
Toda a p***a do tempo. -Agora e depois.
Chiara me observa com as costas retas, os olhos luminosos. Ela tem uma quantidade surpreendente de equilíbrio para uma garota de dezessete anos. Como ela acha que vai sair dessa. Que ela vai dizer não, ela não vai se casar com nenhum de nós, e nós e o pai dela vamos deixá-la em paz.
Tanta confiança. Tão estúpida.
Ajustando o relógio fino em seu pulso, ela diz: -Obrigada por sua honestidade.
Você está confiando pequena tola? Você não ouviu uma palavra que Vinicius disse? -Jogos são para crianças.
-Vocês são todos bons amigos?
Ela está tentando nos entender. Como ela pode nos jogar um contra o outro. -Nós nos conhecemos há muito tempo.
Nossas vidas estão tão intimamente ligadas umas às outras que seria impossível separá-las. Conheço cada um deles ainda melhor do que eu mesmo. Temos algo mais forte que a amizade. Mais forte que ambição, ou sangue.
Lealdade.
Aprendemos da maneira mais difícil que somos mais fortes juntos, e sempre seremos. Chiara aprenderá com o tempo o que significa para ela estar sendo disputada por nós.
-Quantos anos você tem?
-Trinta e quatro.
-Mais velho que os outros. Eu acho que eles estão em torno de vinte e oito ou mais?
-Dê ou tire um ano.
Chiara se aproxima um pouco de mim. -Eu não imagino que você queira se casar comigo. Eu ainda estou na escola. As colegiais devem ser tão irritantes para os homens adultos. Ela me dá um sorriso e coloca uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.
Esta é uma surpresa inesperada. Ela está tentando me encantar.
-Existe alguma maneira de você falar com meu pai sobre o quão ridículo isso é? Eu sinto que ele pode ouvir outro homem, mesmo que ele não me ouça. Sendo prometida a estranhos muito mais velhos quando eu tenho apenas dezessete anos…
Ela dá um pequeno arrepio. Muito atriz, ela está me saindo.
-Você está com medo, bambina ?
Ela olha para mim com aqueles grandes olhos de boneca e acena com a cabeça.
-Você sabe o que eu faço? Eu pergunto a ela.
Chiara hesita, parecendo surpresa com minha mudança de assunto. -Você administra boates.
-E?
-E... clubes de strip-tease. Até dizer isso a faz corar. -Por que você pergunta?
Balanço a cabeça, como se dissesse: Sem motivo. A pequena i****a sabe o que faço e ainda não percebeu que tenho mulheres bonitas tentando me enrolar em seus dedinhos o dia todo.
Eu me viro um pouco para ela, espelhando sua linguagem corporal e descansando minha têmpora contra meu punho. -E o que você faz?
-O que você quer dizer?
Eu sorrio para ela. -Não é um truque. Quem é Você? O que te faz feliz?
-Bem. Ela começa lentamente. -Eu ainda estou na escola, então isso toma a maior parte do meu tempo. Não tenho certeza do que mais você gostaria de saber. Por favor, não se ofenda com isso, mas você tem quase o dobro da minha idade e não acho que tenhamos muito em comum.