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2025 Palavras
Débora Paguei meu celular e fiquei mexendo no meu i********: olhando as fofocas do morro, atualizando tudo, tem que tá sempre pronta né, nunca se sabe quando vou aparecer aqui. Sinto a Yasmin me cutucar, encaro ela com maior cara de b***a, já estava boladona por estar aqui contra minha vontade. —Que foi gata? — pergunto, ela só aponta com a cabeça, pra onde o alemão tá sentado e o mesmo me chama com o dedo. Fodeu né. Me levanto da cadeira e chego perto dele que nem fala nada só me puxa pro colo dele. De momento eu estranhei, mas logo me lembro do que ele fez ontem por mim e relaxo, sentindo que ele não seria capaz de me fazer m*l. —Tranquilo se tu ficar aqui comigo? — diz passando a mão firme pela minha barriga. — não acho bom tu ficar sozinha com essas amigas tua, mó cobras. —Eu acho que sim. — falei mais para mim do que para ele, que continuou tomando cerveja e prestando atenção no jogo. Ele tava uma gracinha com uma camisa de time do Flamengo, uma bermuda branca jeans é um chinelo havaianas. Sou tão apaixonada nele!! Voltei a atenção para o i********: até que vejo uma mensagem da Nivia que dizia "já tão assim?" olhei para ela e mandei um dedão. Do nada uma menina chegou perto da gente com a mão na cintura, já pensei que mana ia fazer barraco comigo. Porque as meninas adoram brigar por homem nesse morro. —Pedro, preciso de dinheiro pra eu descer pro asfalto. — pede me ignorando total. —O que 'cê vai fazer lá Eduarda? Vai descer pra lá não, vai ficar no morro onde eu posso palmear tu. —Pedro, já vou fazer 18 anos, eu sei muito bem me cuidar e vou, com ou sem o seu dinheiro. — deu de ombro e olhou com deboche. — você que sabe. —Eduarda, tu não vai passar da barreira tá me ouvindo? Se não tu vai vê só comigo. — falou em um tom seco sem olhar pra menina. —Custa você deixa eu ir no shopping? Pelo amor de Deus. —Vai outro dia. — disse curto e grosso, ela só olhou para ele e saiu batendo o pé. — c*****o de garota endiabrada. — continuou e eu segurei para não rir. —Eu vou comprar um refrigerante pra mim. — resmungo me levantando, doidinha pra ir embora. —Pode fica suave aqui, que eu peço um pra tu. — disse me puxando de volta, ele só deu um grito na menina que tava do outro lado do balcão que ela trouxe na hora. Ainda fez questão de querer ficar mostrando decote, eca. |√| Fiquei até tarde lá, era quase impossível ir embora com o Alemão toda hora me barrando, dizendo que era pra esperar mais um pouco que ia me levar. E quando eu comecei a ficar com mais bicuda que eu já estava ele me botou de pé, se levantando e despedindo de todo mundo. Também me despedir das meninas e acompanhei ele até a moto dele, onde fomos os dois sem trocar uma palavra de quer. Eu só conseguia imaginar as pessoas falando m*l do meu nome. Quando chegou na minha casa eu agradeci e me despedi dele, que só acenou com a cabeça e saiu. Ele era muito bipolar real. Entrei em casa é meus pais estavam na sala, assistindo televisão como se nada tivesse acontecendo. —Oi pai, oi mãe. — disse chamando a atenção deles. —Oi filha. — os dois responderam. — como você estar querida? — minha mãe completou e eu dei os ombros. —Bem, só um pouco cansada, vou subir para meu quarto tá? — falei e sair sem esperar resposta. Tomei banho e vestir uma roupa levinha para ficar em casa. Apesar de ser sete horas da noite, fazia um calor infernal. Me joguei na cama e fiquei quietinha organizando meus pensamentos e sentimentos até minha mãe me chamar pra jantar, não estava com fome, mas fui mesmo assim. —Filha como tá indo na escola? — meu pai perguntou e eu encarei mordendo um pedaço de carne. —Normal pai, nada de interessante. — respondo sem querer que esse assunto se prolongasse mais. —Entendi querida. — falou e coçou a garganta me fazendo olhar para ele. — então, sua mãe e eu vamos viajar domingo a noite. —Caramba, de novo? — disse largando a colher no prato. —Olha a boca Débora, você esta falando palavrão encima do prato de comida? — minha mãe retruca e eu reviro os olhos. — saiba que é assim que a gente sustenta você, então reclamar menos e agradeça. —Agradecer o quê? Por me deixar sozinha a maior parte da minha vida? —Débora minha filha e só um mês. — meu pai tenta me acalmar e eu me levanto exausta. —É sempre assim, "é só um mês" "é só quinze dias" mas nunca muda nada, quando vocês estão aqui e não estão é mesma coisa. —Você tá sendo ingrata Débora. — minha mãe me olhou com bastante raiva e eu enfrentei ela no mesmo nível. —Ingrata por que se a única coisa que eu pedi vocês, eram para ser pelo menos um pouco presente na minha vida? — falei por fim e subir pro meu quarto com ela me xingando. Tranquei a porta, liguei meu som e me joguei na cama, minha cabeça tá toda fora de controle, minha vida todinha e eu me sentia incompleta, como se tivesse faltando alguma coisa. Me perco nos meu pensamento até meu celular começar a tocar. —Fala gata. — disse ao atende o telefone. —Como você tá? — Nivia perguntou do outro lado. —Eu tô me sentindo estranha, acho que foi por causa de tudo que aconteceu ontem. —Me desculpa de verdade Débora, juro que não fiz por querer. —Já disse que tá tudo bem, não foi pior porque o alemão chegou, meus pais vão viajar amanhã. —De novo? Aí mô, o bom é que a gente pode curtir muito. — disse animada e eu respirei fundo. —Tô zero animação pra saí para qualquer lugar. —Mas amanhã tem pagode na laje meu bem, e você vai sim. —Vou nem discutir né, nunca tenho chances de ganhar. —Ainda bem que você sabe, vou desligar aqui, depois nos falamos. [...] —Se eu pudesse escolher não ir, não iria, ficaria curtindo minha bad sozinha aqui em casa. — resmungo. —Deixa disso minha filha. — Nivia me puxou e jogou a minha roupa encima de mim. — veste a roupa logo, Yasmin também está atrasada, que raiva. —c*****o em. — levantei da cama e fui fechar a janela para me trocar, vestir um cropperd branco, um short jeans preto e no pé, uma havaianas. —A mãe tá gata né. — Yasmin chegou bagunçando como sempre e logo eu fiquei pronta. Fomos o caminho inteiro conversando e em nenhum momento elas paravam de falar desses meninos. —Vocês sabem muito bem que bandido não se apega em ninguém e que nem é esse mar de rosa todo né? — falei séria e elas me encaram. —Para Débora, então porque você tá dando corda pro alemão? Tu tá querendo a mesma coisa que a gente. — Nivia me rebateu com a maior cara de b***a. —Gente, o alemão me ajudou foi só isso, vocês sabem muito bem que meus pais nunca iriam permitir isso, mesmo se eu quisesse e parem de falar sobre ciúmes e previlegios porque isso é sério. —Qual foi Dê, tá dando uma de certa agora? Na moral, tá toda no erro. Tu tá afim do alemão, tem nada de errado nisso, para de ficar apertando a mente dos outros, tá sendo mó otária. —Para Nivia, ela só quer o nosso bem. — Yasmin repreendeu ela. — nós duas sabemos que no fundo ela ta certa. —Tudo bem Yasmin, não quero mais falar disso. — disse ficando calada até chegarmos na casa que estava rolando o pagode. Não tinha muita gente, só algumas mulheres dançando pagode todas felizes e uma roda de homens que são traficante do morro, jogando truco. Alemão tavano meio e é óbvio, já fui chegando batendo o olho nele, que na hora que me viu, olhou bem para mim do pé até a cabeça. Eu em! As meninas foram já comprimentar o pessoal e eu atrás delas, comprimento alguns meninos que eu conheço e depois o alemão que novamente me chamou até ele, ô homem difícil viu. —Essa roupa sua tá curtinha em. — disse sem olhar na minha cara e eu revirei os olhos soltando uma risada debochada. —Você tá de brincadeira né? Pelo amor de Deus. —Tu acha mesmo que eu tô brincando? — olhou pra mim bem sério, e não deu nem tempo de responder pois Yasmin apareceu e me puxou para onde as meninas estavam. Elas me apresentaram algumas meninas, entre ela a menina de ontem bar. Fiquei o tempo todo com cara de b***a, olhando elas dançando de relance e doida pra ir embora. —Tu é sempre séria e calada assim? — a menina chegou me dando um baita susto. — qual seu nome mesmo? —Ai que susto. — disse pondo a mão no peito. —Eita, foi m*l, não sabia que ia se assustar, mas então? — deu uma gargalhada e me encarou. —Débora e o seu é? — respondi a minha pergunta com outra. —Eduarda, nunca tinha te visto você no morro antes. —Sério? Estranho, eu sempre tô envolvida nessas coisas com minhas amigas, deve ser porque eu fico mais na minha mesmo. —Sim, deve ser isso, ah e meu irmão tá chamando você. — ela riu novamente. —Quem? — perguntei assustada. —Meu irmão. — disse novamente e eu olhei com cara de desentendida, não sabendo real quem era o irmão dela — o alemão. —Ah sim, não sabia que era seu irmão. — sorri sem graça. — puto azar o seu em? Deixa eu ir lá vê o que ele quer. —Boa sorte com o chatão. — disse me fazendo rir e indo em direção ao alemão. —Então alemão? —Senta aqui. — bateu no colo dele pra eu sentar, eu sentei e observei a mesa que tinha vários homens e só eu de mulher. —Eu preferia ficar lá com as meninas, só tem homem aqui. —Precisa se preocupar não, tu já tá no meu nome, ninguém vai ter ousadia de mexer contigo. —Poxa, eu agradeço de coração, mas é que eu também já tava indo embora, meus pais vão viajar hoje e eu tenho que me despedir. — me levantei do seu colo e encarei ele, quando ele ia retrucar eu dei um tchau e sair andando, sentia ele me julgando com o olhar, talvez até achando que eu fosse doida. E talvez eu seja mesmo, mas ele não precisa saber. Desci as escadas quase que correndo e quando sair na porta eu bati de frente com uma mulher que vinha descendo. —Moça me desculpa, foi sem querer. — disse olhando envergonhada pra ela que me encarava. —Não foi nada querida, você se machucou? — perguntou e eu n**o com a cabeça. — tu não me é estranha, se parece até com a. — ela fala mas não termina me encarando assustada. Eu sorri ainda envergonhada para ela que ainda me olhava vidrada. Será que devo me preocupar? —Eu preciso ir, estou com pressa e mais uma vez, me desculpa. — grito apressando meus passos, doida pra chegar em casa. —Espera, qual seu nome? você tem quantos anos? — ela gritou de volta e eu parei um pouco para responder. —Tenho dezessete e me chamo Débora. — voltei a me apressar mas podia ouvir ela gritando mais algumas coisas, porém eu já estava longe demais para conseguir ouvir
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