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1844 Palavras
• Maria • Conseguimos correr e pegar o trem de volta para a cidade, ainda em alta velocidade. Um grupo de sem-facção estava no nosso vagão e, junto com eles, sacos de mantimentos que haviam sido furados graças as balas que a Audácia atirou contra a gente. — Você acabou com nosso carregamento. — o cara que parece ser o líder deles diz — Vocês são sem-facção, não é? Eu era da Abnegação. Eu conseguia coisas pra vocês. — Caleb, irmão babaca de Tris diz e eu reviro os olhos — Tá dizendo que nós roubávamos de vocês? — Tris, manda o Caleb se calar, antes que eu o jogue desse trem. — Drew rosna — Você está bem? — Sam me pergunta Apenas faço um gesto confirmativo com a cabeça e me encosto na parede metálica do vagão. — A gente não quer confusão. — Quatro diz — Já arrumaram. — o sem-facção sorri sombrio e parte pra cima A briga fica justa, um para cada. Tirando o irmão de Tris, que corre para se esconder em algum lugar. Uma das mulheres sem-facção vem pra cima de mim com um estilete. Eu a golpeio com um soco na garganta e a derrubo no chão, tomando a arma de sua mão. Sam, Tris, Quatro e Drew empurram os fracassados e eu fico no meio deles, com o estilete na mão. — Não quero matar ninguém, mas antes vocês do que qualquer um de nós. — digo séria - Tobias Eaton e Sol de Maria Prince. — Quatro diz — Como é que é? Repete isso! — o m*l encarado diz — Tobias Eaton e Sol de Maria Prince. — Quatro repete impaciente — Você conhece? — o cara ergue uma sobrancelha — Somos nós. — Quatro faz um gesto para ele e eu — Eu estou procurando por vocês. — o cara ri — Eles são amigos, galera. — o grupo se dispersa — O que tá acontecendo, Quatro? — olho para ele — Confia em mim. — ele pede — Não, pera aí. — seguro seu braço — Por que disse meu nome? Ele fica em silêncio e se afasta. Eu respiro fundo e me abaixo, sentando no chão frio do vagão e abraçando meus próprios joelhos. Preciso ser forte o suficiente para não chorar. Preciso, mas não consigo. Escondo o rosto nos joelhos e sinto as lágrimas caírem. Não sei quanto tempo passa, até que o trem desacelera e todos começam a se levantar. Eu me levanto com a ajuda de Sam e Drew e então fico observando os sem-facção pularem do vagão. — Eles são quase como a gente. — Sam resmunga e faz uma careta — Exceto pelo odor. — Drew comenta — O humor é o mesmo. — Tris murmura Um à um, fomos pulando e eu vi Caleb se atrapalhar e cair de barriga no chão. Revirei os olhos e fui seguindo Quatro que, apesar de estar atrás do cara que não tem facção, parecia conhecer bem o local. Entramos em um beco estreito e sujo. — Aliás, eu sou o Edgar. — o cara que nos guia diz — Bem-vindos à minha casa. Entramos na estrutura precária que parece abandonada e então meu queixo quase cai. Há centenas de pessoas ali. Adultos, crianças, homens e mulheres. — Uau! Essa é a base dos Sem-Facção! — Caleb diz maravilhado com a descoberta Uma criança passa correndo por mim enquanto ri alto e é seguida por mais três. Uma moça, que parece ser mãe de pelo menos uma delas, passa correndo atrás delas enquanto diz palavras de ordem em tom leve de brincadeira. Sinto a mão de Drew em meu ombro e eu aperto o passo, chegando em Quatro. — Você vai me falar agora que p***a está acontecendo. — sussurro segurando seu braço de forma apertada, ainda andando ao seu lado — Me desculpe. — Pelo quê? — Pelo que está por vir. — Quatro, o que está acontecendo? Mais uma vez ele me deixa sem resposta e continuamos caminhando pela construção cheia de pessoas. Assim que chegamos numa espécie de sala particular, há uma mulher bonita com traços fortes e maxilar bem marcado, assim como o do Quatro. — Ela é linda. — Sam sussurra em meu ouvido esquerdo — Parece você. — Drew sussurra em meu ouvido direito — Esquisito. — Caleb murmura — Cala a boca, Caleb. — Tris sussurra — Obrigada, Edgar. — a mulher agradece ao m*l encarado e ele sai — Vai me apresentar ou quer que eu me apresente? — ela olha para o Quatro, mas depois olha fixamente para mim — Essa é Evelyn Johnson. Minha mãe. Todos ficam chocados. Todos achávamos que sua mãe havia morrido. Eu me lembro de, bem pequena, acompanhar meu pai e Johanna no velório. Mas que diabos está acontecendo? Então ela não morreu? — Por favor, sentem-se. — ela pede apontando para os lugares à mesa — Maria, querida, sente-se aqui. Tobias, você também. Ela aponta para os lados da cabeceira da mesa e eu me sento ao seu lado direito, enquanto Quatro se senta ao seu lado esquerdo. O resto do grupo também se senta e eu fico em silêncio, olhando para Quatro, que mantém sua cabeça abaixada e sua feição pensativa. Onde é que eu me encaixo nisso tudo? — Silêncio constrangedor. — Caleb murmura e Tris o fuzila com os olhos — Uma pergunta. — ergo minha mão — Claro. — Evelyn diz ainda me olhando — Quatro. — digo e ele me olha — Por que disse meu nome? Por que Edgar estava me procurando também? — Você não contou à ela? — Evelyn o olha — Contou o que, Quatro? Ele continua olhando para baixo enquanto mexe os dedos das mãos de forma nervosa. Eu me debruço na mesa e seguro suas mãos nas minhas. — Quatro. — ele me olha — O que você não me contou? — ele respira fundo — Evelyn forjou a própria morte para fugir dos maus tratos de Marcus. Na época, ela estava grávida de um amante sem-facção. — ele explica me olhando nos olhos — Há pouco tempo eu descobri que ela estava viva. Ela me procurou pra fazer parte do plano maluco dela. — Revolucionário. — Evelyn o corrige — Quatro, onde eu me encaixo nisso? — olho em seus olhos — Você é a criança que eu estava carregando. — Evelyn diz e eu a olho séria — Você é minha filha, Maria. — Impossível! — rosno — Quando você nasceu, Jeanine te tirou de mim e deu você ao Logan. Ele lhe escondeu de mim por anos. Pouco antes dele morrer, Harry, seu pai biológico, descobriu que você estava com ele. Ele o procurou, Jeanine também e, durante uma briga, Harry acabou atingindo-o com uma facada. Jeanine atirou e matou Harry. Ela tentou salvar Logan, mas não conseguiu. — O que? As respostas para todas as minhas perguntas. Eu achava que mamãe havia morrido em meu parto. Meu pai nunca deixou isso evidente, mas eu achei que havia deixado subentendido. Bom, pelo menos eu subentendi errado. Essa história é bizarra. Completamente bizarra! Minha vida é uma mentira... Não! Independente do meu sangue, Logan é o meu pai. Logan me deu amor, carinho, atenção e me criou da melhor maneira que pôde. — Você matou o meu pai. — rosno soltando as mãos de Quatro e a encarando — Foi um acidente. — ela se defende — Seu pai era o Harry. — Meu pai era o Logan. Meu pai é o Logan! — afirmo com mais força — E a minha mãe, ela... — eu fico confusa —Eu não tenho mãe! Johanna foi como uma mãe. Lana é minha mãe. — Goste ou não, eu sou sua mãe e eu quero recuperar esse tempo perdido. Eu tenho esse direito. — Direito? Você largou o Quatro sozinho, pelo que eu entendi, e se fingiu de morta até agora. — O nome dele é Tobias e eu tinha medo! — ela rebate — Medo de que? — tento manter a voz equilibrada — Você era a adulta! Você deveria tê-lo protegido. — me levanto exaltada Os boatos de que Tobias Eaton sofria severos abusos quando abnegado correram por todas as facções. Me lembro de meu pai falando sobre protegermos as crianças e denunciar qualquer situação suspeita. Eu sempre abominei essa história e, de repente, eu descubro que o homem que me ajudou durante minha iniciação é esse mesmo Tobias. E ele é meu irmão. Como? — Não venha cobrar de mim! — ela me responde dura — Você não entenderia. Eu precisava me salvar e salvar a sua vida. — Parabéns, você acabou de me deixar ainda mais pra baixo. — Foi uma escolha involuntária. Você não pode me julgar, você se apaixonou pelo homem que liderou o ataque a Abnegação. — me acusa — Não importa! — grito — Sol, se acalma. — ela pede — Pra você é Maria. — digo apontando o dedo em sua cara após bater firme na mesa — E eu não sou sua filha. Saio apressada dali e caminho o mais longe que consigo, ainda dentro do enorme edifício. Me sentei no que sobrou das escadas da saída de incêndio e senti minhas lágrimas virem como um avalanche. Eu quero morrer. *** — Ei! A voz de Quatro — ou Tobias — me acorda de um cochilo. Eu olho pelas janelas quebradas e vejo que já está de noite e eu ainda estou viva. Ajeito minha postura, ainda sentada no degrau e me jogo para trás, recostando nos degraus de trás. Quatro se senta ao meu lado e faz a mesma posição. — Procurei você o dia inteiro. — ele diz — Acabei me afogando nas próprias lágrimas e dormi. — Como você está? — Meu corpo ou minha mente? — ele fica em silêncio — Ah, tanto faz. Os dois foram atropelados por um trem. — Seu senso de humor ainda está aqui, Hippie. — ele ri fraco — Ele é resistente. — um breve silêncio se faz — Você sempre soube quem eu era? — Só quando li sua ficha de transferência. — Agora tá explicado todo o cuidado. — Como assim? Eu cuido de todo mundo. — Desculpa falar, mas gentileza não é o seu forte. — implico e ele me olha fingindo indignação — Como ousas? — eu o encaro — Ok, você está certa. — dá de ombros e eu acabo rindo — Sabe a única parte boa disso? — Sermos irmãos. — respondo o olhando nos olhos — Isso. E você não está sozinha. — Quatro, eu não quero me juntar a Evelyn em sabe-se lá o que ela quer. — eu o olho — Tá, eu até posso lidar com o fato de você ser meu meio-irmão, mas ela não é a minha mãe. Eu não devo nada a ela. Ele me encara e respira fundo. — Tudo bem. — concorda — Amanhã iremos pra casa.
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