A manhã seguinte amanheceu abafada, com nuvens pesadas cobrindo o céu da vila.
Minha mãe me acordou com cuidado, como quem toca ferida aberta. Não falou muito. Só colocou o uniforme em cima da cadeira, mas depois trocou por uma blusa larga e uma calça simples.
— “Hoje tu não vai pra escola. A gente vai no postinho, lembra?”
Assenti.
Sem resistência.
O caminho foi quieto. As ruas ainda molhadas da chuva da madrugada. As vozes do comércio abrindo se misturavam com os barulhos do ônibus lotado. Minha mãe me segurava pela mão. Como quando eu era pequena e tinha medo de atravessar a rua.
Chegamos no postinho às oito.
Sala de espera com cheiro de álcool e tinta velha.
Ficamos quase uma hora esperando até a enfermeira chamar:
— “Melissa Rocha?”
Entramos.
A sala da médica era apertada,
