Fiquei deitada por uns minutos, mas o peito não acalmava.
A cabeça girava, acelerada.
“Murilo foi suspenso por tua causa.”
Foi o que disseram no grupo da escola.
A notícia chegou antes mesmo da minha mochila secar.
Uma colega mandou mensagem no privado:
“Aquele marginal do Murilo meteu o soco no Yuri por tua causa, né?”
Não respondi.
Só olhei a tela.
Olhei, olhei... até começar a doer.
Me levantei.
Abri o armário da cozinha.
Puxei o pacote de bolacha recheada, três fatias de pão, uma barra de chocolate, o restinho de arroz da marmita da minha mãe.
Comecei a comer.
Sem fome.
Sem pensar.
Só metendo coisa pra dentro como se a comida fosse um cobertor que abafasse tudo.
Mastigava rápido.
Nem sentia o gosto direito.
Engolia a culpa.
Engolia a vergonha.
Engolia o medo.
Cada
