Jully
– Qual é o seu problema? – Grito para ele dentro do carro enquanto ele olha para a rua. – Ares, você não pode simplesmente aparecer no meu trabalho e tratar m*l o meu chefe! Está ficando louco?
Ares permanece em silêncio por um momento, seus olhos fixos na estrada à nossa frente. Sua expressão está tensa, e eu posso sentir a raiva emanando dele.
– Vi o jeito que ele estava olhando para você. – Ele finalmente responde, sua voz dura e carregada de uma intensidade que raramente é direcionada a mim.
– E o que tem o jeito que ele me olhava? – Pergunto, minha própria frustração começando a tomar conta de mim.
– Não gostei, é o que quer ouvir? – Sua mandíbula está apertada, as mãos agarrando firmemente o volante. – Eu o conheço, Jully, não acho que você deve trabalhar lá.
Respiro fundo, tentando controlar minha própria irritação. Não posso acreditar que Ares está sendo tão possessivo e controlador.
– Sou sua amiga, Ares, isso não significa que você pode me dizer o que fazer ou de quem eu posso me aproximar, isso é ridículo! – Passo as mãos pelo rosto, tentando acalmar meus próprios ânimos. – Quer dizer que você pode se envolver com quantas mulheres bem entender, mas nenhum cara pode me achar interessante?
Há um momento de silêncio tenso entre nós enquanto ele processa minhas palavras. Ares respira fundo e finalmente desvia o olhar da estrada para me encarar. Seus olhos estão carregados – raiva, preocupação e algo mais que não consigo identificar com clareza.
– Jully, não é sobre isso. Você sabe que não é. – Ele suspira, suas mãos relaxando um pouco no volante. – Eu só... me preocupo com você. E ver um cara como esse te rodeando, olhando para você daquela maneira, isso me deixa... louco.
Eu respiro fundo, sentindo a tensão entre nós diminuir um pouco. Apesar da raiva inicial, eu sei que Ares quer o melhor para mim e que essa coisa que nós temos às vezes fala mais alto. Mas isso não significa que eu vá deixá-lo ditar minha vida.
– Eu entendo que você se preocupa, Ares, mas não posso permitir que você interfira dessa maneira. Eu sou adulta e capaz de tomar minhas próprias decisões. – Olho para ele com seriedade. – Eu não digo o que você deve fazer.
Ares olha para frente novamente, seus dedos tamborilando levemente no volante.
– Você é quem sabe, Jully, só não diga que eu não avisei.
– Me diz uma coisa, por que nunca apareci em nenhum desses sites de fofocas com você? Eu sei que somos cautelosos, mas já saímos durante o dia algumas vezes.
– Não quero que acabem machucando você com aquelas palavras maldosas. – Ares finalmente admite com sinceridade. – Pedi para uma pessoa ficar de olho em qualquer possível manchete, anúncio ou fofoca, qualquer coisa que envolva você. Eu faria qualquer coisa para que nada disso afetasse você.
Olho para ele, surpresa com a revelação. Apesar de sua atitude protetora ser um tanto sufocante às vezes, também é reconfortante saber que ele está disposto a ir tão longe para me proteger. Nós dois estamos cientes de que nossa relação está longe de ser simples.
– Isso é uma merda, sabia? – Minha voz sai cheia de frustração, ecoando no interior do carro.
Ele me olha rapidamente, com aquele sorriso habitual que sempre derrete meu coração.
– O que exatamente é uma merda? – Pergunta, sua voz carregada de um misto de curiosidade e diversão.
– A instantes atrás, eu queria estrangular você com o cinto de segurança, e agora eu só quero te abraçar forte. – Suspiro profundamente, minha raiva se transformando em exasperação. – Eu não consigo ficar com raiva de você, e isso, deus grego, é que é uma merda!
Ares solta uma risada gostosa, e suas mãos finalmente relaxam no volante.
– Você sabe que sou um deus grego incrível, não é? – Ele brinca, um brilho travesso nos olhos.
Reviro os olhos, apesar do sorriso que começa a se formar nos meus lábios.
– Não deixe isso subir à sua cabeça, Ares. Um deus grego incrível e um chato possessivo são duas coisas bem diferentes.
Ele ri novamente e, dessa vez, estende a mão para tocar a minha, seus dedos se entrelaçando com os meus e ele puxa para seus lábios dando um beijo.
Socorro, porque ele tem que ser assim tão perfeito?
– Você tem razão. Me desculpe por aparecer assim no seu trabalho e agir como um ogro. Eu vou tentar me controlar melhor.
Sinto o calor reconfortante de sua mão na minha e sorrio para ele.
– Aceito suas desculpas, Ares. Só se lembre de que eu sei cuidar de mim mesma.
Ele assente, olhando para a estrada à nossa frente e solta a minha mão.
– Eu sei que sim, Jully. E prometo tentar não ser um ogro possessivo. Mas saiba que é difícil quando... – Ele para por um momento, como se estivesse lutando para encontrar as palavras certas.
– Quando o quê? – Pergunto, curiosa.
Ares suspira, sua expressão um pouco mais séria agora.
– Quando sinto que você é tão importante para mim. Mais importante do que consigo explicar.
Sinto meu coração derreter um pouco com suas palavras sinceras.
– Você também é importante para mim, Ares. Mas isso não significa que você tem controle total sobre a minha vida. Precisamos encontrar um equilíbrio.
Ele sorri.
– Você tem razão, como sempre. Vamos encontrar esse equilíbrio querida, mas não posso prometer nada com aquele i****a! – Ele sorri. – Vou tentar não sei um babaca daqui para frente, mas ele já está no passado, e as coisas que estavam no passado não fazem parte do acordo.
– Você não vale nada, sabia? – Digo com um sorriso brincalhão, sentindo a tensão entre nós finalmente se dissipar.
Ares sorri de volta, um sorriso que chega aos seus olhos, e essa expressão mais leve dele é sempre capaz de me fazer esquecer de qualquer conflito.
– Eu não presto, mas ainda assim, você me ama. – Ele nem imagina o quanto isso é verdade.
– Pelo menos você é honesto sobre isso.
– Sobre você me amar?
– Sobre não prestar, i****a!
Nós dois sorrimos, estar com ele era a coisa mais natural no meu mundo, o mais correto e mais errado.
– Vou te deixar em casa.