O cheiro de ervas medicinais, o som ritmado dos equipamentos de monitoramento e o murmúrio constante dos curandeiros criavam uma espécie de melodia sutil na enfermaria. Mas, para João, tudo era ruído abafado. Como se o mundo ao seu redor estivesse debaixo d’água. Seus olhos haviam se aberto horas antes. Lentos, vagos, confusos. Mas estavam abertos. E para quem o amava, isso já era um milagre. Para os médicos, era uma corrida contra o tempo. Os curandeiros rodeavam sua maca com olhares atentos e gestos delicados. Mediam sua pressão, observavam seus reflexos, falavam baixo entre si como se o som pudesse feri-lo. Os médicos humanos, mesmo habituados ao mundo sobrenatural, pareciam cautelosos. Aquela recuperação não seguia nenhuma lógica. João piscava devagar, seus olhos saltando de um rost

