Pré-visualização gratuita Prólogo
PRÓLOGO
Cérbero Narrando
— Que pørra é essa, mano... — soltei, encarando o ïPad com a testa franzida e o sangue fervendo.
O bagulho apareceu no grupo da comunidade mais cedo. Um dos vapor mandou o lïnk, rindo, falando “olha isso aqui, Cérbero, tão até escrevendo livro de tu agora”. Pensei que era meme, montagenzinha de cria à toa. Mas cliquei. Baixei o aplicativø. Abri o bagulho.
Era real.
O nome dela tá lá: Calíope. Só isso. Mas os parágrafo? Tu é louco. É minha alma esparramada nas linha.
— Tá me tirando, pørra... como é que essa novinha escreveu isso aqui?
Deslizei o dedo na tela, e a raiva já colava no céu da boca:
“Ele tem olhar de guerra, cheiro de pólvora e corpo de pecado. É o tipo de homem que faz você tremer só de passar por perto. Quando ele me olha, meu corpo responde. Como se já fosse dele.”
— Que pørra é essa, moleque!? — falei alto, batendo o ïPad com força na palma da mão.
Andava pela sala igual bicho solto do cativeiro. Um olho no vidro da janela, outro nas palavras. Me sentindo pelado. Expurgado.
Li mais.
“Essa noite me toquei pensando nele. Fui pro banho gelado, mas não adiantou. Imaginei ele me agarrando, dizendo que mulher dele não reclama. Só geme. Abri as pernas e deixei a água escorrer, mas era o nome dele que escapava da minha boca.”
— Tá de brincadeira comigo, pørra… tá achando que isso aqui é fanfïc de bandido?
Parei de andar. Respiração pesada. Marra quebrada na força do ódio. Essa menina me botou num livrø… e não foi só minha cara. Foi meu jeito, meu peso, minha sombra.
— Tu nem me conhece e escreveu como se dormisse comigo todo dia, caralhø!
“Ele me pega pelo pescoço, joga no sofá da boca e manda eu calar a boca. Mando mesmo. Porque ele manda em tudo. Até no meu prazer.”
— Ah, Calíope … tu não sabe onde tu se meteu. Mas eu vou te mostrar.
Desbloqueei o celular, ainda com o ïPad na mão. Fui direto no grupo dos cabeça.
— Descobre onde essa novinha mora. Hoje mesmo. E se ela estiver digitando outro capítulo agora, manda ela salvar… porque vai ser o último.
Deslizei mais uma vez a tela. O próximo capítulo começava com ela sonhando comigo. Mas o que veio depois…
“Ele me vira de bruços e me abre como se eu fosse dele desde sempre. Me fode com raiva, com fome. Mete fundo, sem dó, me chamando de safadä, de novinha folgada que tava pedindo vara. Depois me vira de frente e me chüpa como se meu gosto fosse pecado. Me coloca de lado, depois monta por cima, e quando eu penso que acabou, ele me segura pelo pescoço, enfia de novo e diz: ‘só vou parar quando tu implorar pra gøzar’.”
— Pørra... — soltei, com a respiração travada no meio do peito.
A mão foi parar sozinha na calça. Eu tava duro. Duro de verdade. Com raiva, com tesãø, com vontade de invadir o quarto dela e fazer pior que ela escreveu. O paü latejava, a mente fervia.
— Tu me acordou, novinha... e agora tu vai ter que resolver essa pørra.
Fechei os olhos por um segundo. Vi ela. A pele lisinha, os lábios entreabertos, o olhar meio de medo, meio de desejo. Aquela vibe de quem nunca foi de ninguém, mas sonha em ser do bandidø mais perigoso do Rio.
— Tu me escreveu gostando de mim sem nem saber... E agora quem tá doido sou eu.
Parei. Respirei fundo.
— Não vou só te cobrar, Calíope. Vou te marcar.
Desbloqueei o telefone de novo, dedo firme no contato do Macabro.
— Manda buscar essa novinha. Na moral. Mas avisa: ela vem com o celular desbloqueado e o cü trancado... porque quem vai abrir sou eu.
Antes de terminar de enviar a mensägem, o rádio começou a chiar no canto da sala, bem na hora que eu acendi mais um cigarro. Dei um tapa no volume e veio a voz do Perü, meio ofegante, meio cautelosa.
Rádio On
— Cérbero... tá muito ocupado aí?
— Depende. Que pørra tu quer, Perü?
— Mané... o bagulho ficou r**m. O chefe mandou um recado agora pouco. Vai subir no Turano hoje. Mandou pegar a tal da autora. Aquela mesma... da história aí que tá circulando.
Eu travei.
— Como é que é?
— Disse que a escrita dela comprometeu o comando. Que tem nome, situação, detalhe demais. Tá parecendo que ela sabe coisa de dentro, Cérbero... e o comando não curte esse tipo de ousadia.
— Pørra, Perü, tu tá falando sério?
— Tô. E tem mais... o chefe falou que se tiver alguém tentando interferir, proteger, esconder... vai ser cobrado junto. Direto. Sem recuo.
Antes mesmo do Peru terminar a frase, o celular vibrou em cima da mesa. Toque seco. Número conhecido. Respirei fundo. Atendi.
Ligação On
— Fala.
— Cérbero. É o seguinte — a voz do chefe veio firme, gelada. — Tô subindo no teu morro hoje. E vou buscar a autora. Não quero resistência. Nem recado atravessado. Entendido?
— Como assim vai subir meu morro sem avisar, sem trocar ideia comigo? Vai arrastar moradora do meu território, sem nem me comunicar?
— Por acaso tu tava sabendo do que ela escreveu?
Silêncio.
— Tava, pørra?
— Não tava sabendo de nada, chefe. Peguei o bagulho hoje. Tô lendo ainda.
— Então agora tu tá sabendo. E agora tu vai calar a boca. Porque essa desgraçada tá sobre a custódia do comando. A partir de agora, ela não é mais moradora tua. Ela é cobrança nossa.
Fechei a mão, quase amassando o telefone.
— Se ela for culpada, é o certo. Mas pelo menos deixa eu trocar uma ideia com ela antes, caralhø. Ela é só uma novinha que escreve...
— Cérbero — ele cortou, seco — isso aqui não é sobre poesia. Isso é sobre exposição. Tu sabe como funciona. Se tu tentar atravessar, nem teu vulgo segura tua pele.
A ligação caiu.
Fiquei com o telefone na mão, olhando o nada.
Rádio ainda chiando.
Perü ainda esperando resposta.
— Cérbero... tu tá aí, pørra?
— Tô. — falei, com a voz travada. — Segura os cria na base. Ninguém desce. Se esse bagulho for desenrolar aqui no Turano, vai ser na minha frente.
— Mas o chefe falou que...
— Føda-se o que ele falou. Aqui ainda é meu morro. E se vão buscar ela... vão ter que me encarar primeiro.
Desliguei tudo. E encarei a tela do iPad.
A história dela ainda tava aberta.
E agora... E a minha tava começando a se føder.
Calíope Narrando
A luz fraca da sala fazia a corda arranhando meu pulso parecer ainda mais sufocante. Meus braços estavam presos pra trás, sentada numa cadeira dura, com o coração batendo na garganta. O lugar cheirava a cigarro, suor e pólvora. Não sabia onde tava exatamente, mas tinha certeza de que não era só uma conversa. Era uma cobrança.
— Tu sabe por que tá aqui? — a voz do homem me fez estremecer.
Ele era grande. Corpo fechado de tatuagem, cara fechada, olho pequeno e m*****o. O tipo de homem que não precisava gritar pra meter medo, mas fazia questão de gritar mesmo assim.
— Eu... não fiz nada. Juro. — respondi, sentindo a boca seca, o medo tremendo no hqueixo.
— Tu tá de sacanagëm com a minha cara, pørra? — ele veio até mim, dedo quase no meu nariz. — Aqui não tem essa de “não fiz nada”. Tu é considerada X9 entre os nossos.
— X9?! — arregalei os olhos. — Eu não sou informante, pelo amor de Deus... Eu só escrevi. Eu não falei com ninguém!
— “Só escrevi”? — ele riu, debochado. — Então tu quer dizer que essa pørra de livro aí... é imaginação?
— É, é sim! — quase gritei. — Eu só botei pra fora o que tava na minha cabeça. É ficção!
Ele gargalhou alto, jogando o corpo pra trás. Depois voltou a me encarar com raiva.
— Tu não é uma X9 qualquer, garota. Tu sabe coisa que nem aliado meu sabe. Tu descreveu operação, nome de gente, estrutura do comando! Que pørra de imaginação é essa que parece relatório interno?
— Eu juro... eu não sei como. Só escrevi. — lágrimas começaram a escorrer. — Foi sem querer, eu não queria ferir ninguém...
Nesse momento, a porta se abriu com força. Todos os olhares viraram. E ele entrou.
Cérbero.
A respiração me faltou. Eu conhecia aquele olhar. Aquele rosto. A presença. Era ele. O mesmo que eu descrevi. O mesmo que tinha invadido meus pensamentos, minha escrita... e agora está aqui. De verdade.
— Não... — sussurrei, quase sem voz. — Não pode ser você...
Ele ficou me encarando, imóvel, como se estivesse digerindo o que via. O chefe virou de costas e gritou:
— Tu tá passando pano pra essa pørra, Cérbero? É isso, pørra?.
— Tô não. — Ele eu seco balançando a cabeça, devagar.
O chefe gargalhou alto, nervoso.
— Tá sim, caralhø! Tu tava. A mina simplesmente colocou o COMANDO no CÜ DO FURACÃO, e tu nem se mexeu! Se não tava passando pano... por que tu não fez nada?
O chefe puxou a arma da cintura e sem hesitar colocou na minha testa. O cano gelado me fez urinar de leve. Comecei a chorar de verdade.
— Por favor... por favor, eu não sou X9... eu só escrevi... é só uma história... é só a minha imaginação...
O clique seco do destravamento da arma ecoou na sala.
— Cala a boca! Tu acha que a gente é øtário?
E quando ele ia apertar... eu fechei os olhos. Já sabendo que o que faltava era a morte já que eu estou apanhando a dias.
— CHEFE, NÃO! — o grito de Cérbero cortou o ar.
Silêncio total. Só o som da minha respiração falhada e do choro descompassado.
A arma ainda tremia contra minha testa.
Mas o dedo... não apertou.
Continua......
🔥RECADINHO DA AUTORA 🔥
Se você ama um romance proibido, cheio de desejo, tensão e reviravoltas, então esse livro é seu lugar.
Vem comigo viver essa aventura.
De uma humilde autora pra você, leitora quente e corajosa.
Te espero nas próximas páginas.
AVISO LEGAL
Esta obra é fruto da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, lugares ou situações reais é mera coincidência.
🚫 Proibido para menores de 18 anos.
Contém cenas de viølência, sexø e linguagem imprópria.
Todos os direitos desta obra estão reservados. A reprodução, distribuição ou compartilhamento em formato digital (PDF, ePub ou qualquer outro), sem a autorização expressa da autora, é proibida por lei.
A viølação desses direitos é considerada crime, conforme a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regulamenta os Direitos Autorais no Brasil, podendo resultar em sanções cíveis e criminais.
A distribuição não autorizada desta obra é crime.
Respeite o trabalho de quem cria com amor, suor e dedicação.
Quer saber sobre as postagens?
Siga nas redes sociais:
@aut_jm_martins_
Com carinho (e um toque de safadeza), JM MARTINS.