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914 Palavras
Capítulo 6 – PERIGO NARRANDO ‘’Estou em casa a noite toda sozinha. O meu quarto é a primeira da janela esquerda.’’ Eu fico parado olhando a mensagem no celular, sem acreditar no que estava lendo. Um sorriso se forma devagar nos meus lábios, sentindo o coração bater mais rápido com a adrenalina de algo arriscado prestes a acontecer. O que foi? – Ph pergunta, aparecendo do nada atrás de mim. Olha isso – eu falo, mostrando a mensagem no celular. Ele arqueia a sobrancelha, cético. Você não vai, né? – ele fala com um meio sorriso, mas os olhos cheios de preocupação. – Ir até lá, na casa do policial, se envolver com a mulher dele… e se ele chegar? Você vai preso, e ela pode acabar morta. Relaxa – eu falo confiante. – Meus informantes já me avisaram que ele saiu de casa. E avisaram quando ele volta? – Ph insiste. Ainda não – respondo, sorrindo. – Mas duvido que ele volte a tempo. Confia em mim. Ele cruza os braços, balançando a cabeça. Tu tá na seca há anos, desde que parou de ficar com a Malu… – ele ri. – E agora quer pegar a mulher do policial? Isso é parte do plano – falo, e vejo Ph rir ainda mais alto. Ótimo plano, beneficiário total… – ele comenta, entre risos. Quer tentar fazer no meu lugar? – pergunto, desafiador. Vai à merda, Perigo – ele responde, divertido. Então eu faço o sacrifício – eu falo, pegando o material necessário. – Quero ver de perto como é essa ruivinha. E quando ela descobrir que tudo isso é um plano? – ele pergunta sério. – Ela já se abriu demais com você. Ela está casada com ele por interesse, não por amor – eu respondo com frieza. – Ele a trata m*l, e ela só aceita por dinheiro e status. Precisamos de informações sobre o que ele está planejando – Ph diz, mais sério agora. E é exatamente isso que vou fazer – digo, olhando para as mini câmeras e microfones que eu havia preparado. – Entrando na casa, consigo instalar tudo sem que ninguém perceba. Loucura – ele comenta, meio nervoso. Kaio fez algo parecido com Malu uma vez – digo, com um sorriso de confiança. – Apenas estou usando a mesma estratégia, com alguns ajustes. E Laura? – ele pergunta. – Se ela te vir, vai te reconhecer. Laura não está lá – respondo. – Ela está escondida em um hotel, bem longe. E Jn? – Ph pergunta. – Por que ainda não contou nada para ele? Ele gosta dela, e não posso confiar que ele mantenha segredo – explico. – Homem apaixonado é fácil de enganar, mas não quero colocar ele em perigo de novo. Você tem razão – Ph suspira, mas ainda sorrindo. – Vou te dar cobertura, sigilo total. Sempre posso contar com você – digo, me sentindo mais seguro. – Já até me mudei para o seu morro para facilitar. E se o marido traído aparecer na sua porta? – ele brinca. Ele que se vire – respondo, sorrindo. Com tudo pronto, entramos no carro e seguimos para o condomínio. Disfarçados como zeladores, estacionamos na frente da casa, enquanto Ph começa a mexer nas instalações da rua, parecendo saber o que faz. Eu olho para cima, identificando rapidamente a primeira janela da esquerda. Hoje é o dia, ruivinha – murmuro para mim mesmo. – Você vai abrir a boca e me contar tudo. Marcela narrando Meu coração acelerava a cada vez que olhava para o celular, pensando em mandar mensagem para ele desistir, mas a raiva ainda pulsava dentro de mim. Eu não sabia o que me levou a enviar aquela mensagem, mas agora estava feito. Sento na cama, tentando me acalmar, respirando fundo. Roberto me dava nojo. Cinco anos de abuso, humilhações constantes, e eu ainda tinha que me submeter a ele. Seu cheiro, seu corpo, tudo nele me fazia sentir repulsa. Cada toque era um tormento, cada beijo um pesadelo. Eu queria fugir, desaparecer para qualquer canto do mundo. Minhas mãos tremem quando escuto a voz dele novamente, e meu corpo reage antes que eu possa pensar. Espero que esteja pensando em mim – a voz do Uber, Miguel, ecoa no quarto. Levanto rapidamente, fechando o hobby preto e comprido que usava, surpresa com a ousadia dele. Ele me observa de cima a baixo, avaliando cada detalhe. Uau – ele murmura, aproximando-se. – Você consegue ser ainda mais bonita pessoalmente, ruivinha. Achei que você não viria – respondo, tentando manter a calma. – Essas roupas? Como entrou aqui? Tenho meus contatos – ele fala com um sorriso confiante. – Não sou uma pessoa do m*l. E seus filhos? – pergunto, cética. – Abandonou eles para vir aqui? Eles têm babá durante a noite – ele explica. – Eu rodo à noite como Uber para sustentar a família. Então vai trabalhar – digo, apontando para a janela, tentando afastá-lo. Está com medo de mim? – ele pergunta, me encarando profundamente. Não – respondo. – Estou aliviada que meu marido está fora. Ele se aproxima, passando a mão pelo meu rosto, empurrando meu cabelo para trás, e diz baixinho: Ele não sabe valorizar a mulher maravilhosa que tem em casa. Fixo meus olhos nos dele, sem saber se deveria recuar ou ceder. Ele sorri, e então, devagar, aproxima seus lábios dos meus. Sinto meu corpo tremer, e antes que possa pensar em fugir, nos beijamos.
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