Capítulo 4 - Encontros!

1538 Palavras
Luzes baixas, tensão no ar, e a respiração ofegante daquele homem que erguia a manga da camisa branca até metade dos braços, fortes, marcados com veias grossas que cintilavam aos movimentos bem pensados. - Lore, eu quero algo de você... - E o que seria? - Foquei em seus olhos puxados. - Estou estudando o ambiente, venho de outro lugar. - Ele sorri. - Japão? - É uma piada? - Faz uma cara sínica. - Me perdoe! Ainda não sei nada sobre você, e não sei o que você realmente quer de mim! - Baixei o tom de voz. - Eu quero fazer um acordo... Ergui o dedo enquanto ele falava, o interrompendo de maneira rústica. Uma voz ecoou no ambiente, uma voz muito familiar e perigosa. - Droga! - Lore, precisamos ir, agora! - Ted sussurrou perto de mim, sem fazer muito alarde. Bem como eu temia. Phillipe, um dos grandes confidentes de meu pai estava presente. Ouvia sua voz gritante ao longe. Havia me esquecido que em dias de reunião ele sempre vinha ao Beco para suas jogatinas, já que era proibido na Secret, e m*l fazia ideia do motivo. - Ouvi dizer que a Viúva está aqui! Eu gostaria mesmo de falar com ela, saber o motivo de eu não poder entrar naquele lugar. - Falando no d***o. Phill adentrou o nosso espaço, acompanhado por Kenedy. - Sinto muito Lore, eu avisei que ele não podia invadir o espaço sem permissão. - Estamos tratando de negócios! - Will encarou Phillipe, mas não era uma boa ideia. - Viúva, eu tenho dinheiro, sei jogar Poker, e jamais desrespeitaria seu espaço tão gracioso. O que devo fazer? - Ele me encarou. Fiquei alguns momentos em silêncio, eu não podia ser rude com um homem tão (fdp) como ele. Sabia quais eram as consequências, e infelizmente já não dava mais para prolongar aquela visita. - Estarei enviando o Naipe. - O convite para entrar no clube. - Finalmente! - Ele sorriu alegre. - Senhor, tenha bons modos! - Falei olhando para cima. Ainda estava sentada no banco. - Sinto muito, podem continuar... Ele se retirou rapidamente, e eu senti meu coração quase pular pela boca. Além de ele ser um grande amigo do meu pai, ele tinha controle com muito do que acontecia nessas ruas. Seu filho mais velho era um dos fornecedores mais conhecidos entre os becos, bebidas e drogas, obviamente, coisas que só descobri após fazer parte do submundo. Meu pai ainda o via como um colega do exército, e era assim que eu pretendia manter as coisas, afinal, muitas pessoas já foram apagadas por menos. - Lore? - Eu preciso ir... - Você não vai ouvir a minha proposta? - Ele estava mesmo desesperado por essa reunião. - Te encontro amanhã, no Secret. Sala superior. Não se atrase! - Me levantei, dei um toque no chapéu e saí, escoltada. Aquela noite foi uma p**a adrenalina, devo confessar que... foi por pouco, muito pouco! Voltamos para o clube. Eles desceram do carro e eu segui viagem pelas ruas escuras, não era assustador, era meu lar. Notei que um carro me seguia, e decidi parar na ponte de Manhattan. A noite estava linda, eu estava armada, e a rua era um cenário cheio de testemunhas. Sem contar que ali também tinham alguns conhecidos e devedores que tinham muito zelo por mim. Desci do carro após estacionar, e caminhei até uma área um pouco mais reservada. - Sério, isso é importante! - A voz de Will ecoava atrás de mim, e sinceramente, o medo que estava sentindo foi se esvaindo. - O que você quer, Will? - Respirei aliviada. Encostei no beiral da ponte e olhei para frente. - Eu sou novo por aqui, preciso de um auxílio. Quero ter algo aqui, amigos, parcerias. Grandes competições, algo genuíno. - Ele falava como um sonhador. - O que fazemos é ilegal... - E se não fosse? - Perderíamos grande parte dos lucros pro Estado. - E se pudéssemos mudar isso? - Escuta bem, Will. - Eu estava ficando irritada com ele. - Faço isso, de maneira ilegal, porque é a maneira que eu posso fazer. - O que quer dizer com isso? - Quer dizer que eu gosto do submundo, e não quero parcerias, e não quero dar mais dinheiro pra esses desgraçados. - Sorri. - Você transborda veneno? - Você é policial? - Não, e não diga isso em voz alta. Sou um empresário, visionário. - Ele se juntou a mim na beirada. - Você precisa saber que aqui não é lugar de CEO! - Gargalhei. - É Olga, cê tem razão... - WTF?! Ficamos em silêncio um bom tempo. - Pensa nisso! Ele se virou e foi embora, e eu juro, nesse momento, eu tava transbordando veneno, e como! MEU DEUS! Sai rapidamente do lugar. Entrei no meu carro e me questionei a todo tempo o que eu havia feito de errado! COMO? Quem ele era e de onde me conhecia? Como me conhecia? Me questionei várias vezes, porém, nada entrava na minha cabeça. E se eu fingir que ele tá enganado? Ou se eu der dinheiro pra ele? O que ele tá querendo por aqui? Uma parceria? Destruir meu pai? Dei muita brecha, vou precisar dar um tempo do Clube, até encontrar uma maneira de fazer esse cara sair do meu pé, ou até mesmo, de descobrir quem ele é! Fui para casa, me sentei um tempo na beira da cama, procurava em algum lugar dentro da minha memória, onde poderia ter visto ele. E apesar de ele ser empresário e provavelmente me conhecer desses eventos, eu com certeza notaria sua linda existência. Também não fazia o menor sentido ele saber que sou a dona do Secret. Eu nunca ia direto para lá. Me trocava no carro, troco o carro no estacionamento alugado, vou direto para o submundo. Nunca fui seguida, nenhuma câmera nunca registrou. Sem contar a minha casa falsa. Uma mansão abandonada, do meu marido, a qual eu ia para fazer média aos finais de semana, e para dar festas estranhas de negócios. A Paz com os marginais. - De onde? Respirei fundo, uma mão tocou a porta. - Olga? - Era papai. - Pode entrar, capitão! - Dei um riso. - Não vai descer para jantar? - Essas horas? - Sim, eu esperei por você, estou com um uísque escocês novo. - Ah, eu amo esse homem. - É, eu com certeza vou descer! Seguimos para a sala do terraço, gostávamos dali, era aconchegante e bonito, todo moldado por minha mãe. - Sabe, eu não gostava de você ter esses hábitos péssimos. Uísque, Charutos... - Ele falava enquanto acendia um cachimbo e eu fumava o Charuto. - O senhor não gostava? - Eu sorri. - Querendo ou não, nada disso é elegante. Mas ter alguém para fazer, não me deixa tão sozinho. Sem contar, que ameniza um pouco a saudade que tenho da sua mãe. - Ele sorriu, me deixando emotiva. - Eu te entendo, e é louco o que podemos fazer para nos sentirmos mais perto de quem já se foi. Como conversar com fantasmas... - Pisquei para ele. - As suas irmãs fogem o tempo todo dessa casa, de nós. Querendo ou não, sofremos todos os dias, não superamos. E elas, sempre que percebem nossa insistência em manter tudo igual, sofrem também. - Não é como se quiséssemos, mas é o que é. Algumas pessoas superam de maneira diferente. E outras insistem em amar a mesma parte. - Eu sorri. - Filha, seja sincera comigo? - Eita, lá vem! - Você está namorando? - Ele sorriu. - Bom, por que quer saber, capitão? - Eu adorava fazer esses joguinhos. - Você anda distraída, alguns relatórios falhos mas reuniões, e sem contar que todos aqui sabem das suas saídas secretas. Ninguém fala nada, nós tapamos os olhos. Mas, tem anos disso já? - Ele riu. - Bom, na verdade eu não estou namorando. Só gosto de sair às vezes, ir a praia, caminhar. - Sorri fraco. - Você mente muito m*l, sinto muito! Mas, eu já entendi. Não vou fazer perguntas sobre sua vida secreta. - Não papai, não é isso. Mas, todos temos nossos segredos, certo? - Pisquei. - Bom, eu gostaria de ter um segredo também, mas estou esperando vocês assumirem essa empresa para que eu me aposente! - Touché. - Calma, capitão! Vai dar tudo certo! - Me levantei e lhe dei um beijo no rosto. Me sentei novamente a poltrona afastada. Ficávamos ali, analisando os uísques e charutos, as vezes somente o silêncio, as vezes essas conversas mais marcantes, e essa era nossa forma de passar um tempo juntos. Meu celular vibrou, e eu achei estranho, geralmente aquele horário eu não conversava com ninguém. "Só pra você saber, sou eu, Wang!" - AAAAAH, BRINCOU? - Falei alto. - O que foi, Olga? - Papai tomou um susto! - Que filho da p**a! - Sorri forte! - Não vou nem perguntar! - Fez cara de quem não se importa, mas estava curioso demais para saber. - Papai, preciso ir! - Me levantei rapidamente. - Vai sair? - Não me espera acordado! - Gritei do corredor. Não acredito nisso! WANG!
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