Vanessa
As sextas feiras parecem uma corrida contra o tempo, em que cada minuto é disputado com uma mistura de ansiedade e determinação. Tudo começou numa semana em que a Müller Holdings estava focada em fechar contrato com um cliente novo e muito importante: Robert Demian. Meg, a vice-presidente e líder incansável, estava empenhada em conquistar esse negócio, e eu, como sua assistente pessoal, sabia que a minha parte seria decisiva.
Naquela manhã, logo depois do café com minha pequena Luci – que, com seus olhos curiosos, já fazia perguntas sobre onde iríamos – deixei a creche às pressas e cheguei à Müller Holdings. No saguão moderno, minha colega Carla me cumprimentou:
– Vanessa, o contrato com o Robert é nossa chance de ouro. O cliente está sendo muito resistente; precisamos mostrar tudo o que a nossa empresa oferece.
Eu acenei com a cabeça, já revisando mentalmente os pontos que havíamos preparado para o almoço de negócios. Pouco depois, Meg me chamou para sua sala, onde seu olhar determinado me fez esquecer momentaneamente o cansaço.
– Vanessa, preciso que você elabore um documento bem resumido com todas as nossas propostas para o Robert avaliar, disse Meg com voz firme. Ele ainda está hesitante e quero que ele veja todos os atrativos de trabalhar com a nossa empresa.
– Entendido, Meg. Vou terminar o relatório o quanto antes e mandar para ele, respondi, anotando o número dele: 11 98877-6655.
Com essa orientação, dediquei-me a finalizar o arquivo. Cada linha de texto era revisada com cuidado; o documento precisava ser claro, objetivo e irresistível. Enquanto eu digitava, a pressão do prazo fazia meus dedos correrem no teclado sem parar. Finalmente, terminada a proposta, enviei o arquivo para o Robert com uma mensagem simples: "Segue anexo nossa proposta exclusiva. Aguardamos seu retorno. Atenciosamente, Vanessa."
O alívio foi breve, pois a contagem do tempo não me perdoava: a escola de Luci já estava tocando a campainha e eu precisava buscá-la imediatamente. Corri pelas ruas movimentadas até a creche e, ao encontrá-la na porta, Luci me lançou uma notícia inesperada, com aquela empolgação própria de criança:
– Mamãe, a Amanda me convidou para uma festinha do pijama na casa dela! disse ela, com os olhos brilhando.
Meu coração apertou. Era a primeira vez que a minha menina passaria a noite longe de mim, e o vazio já insistia em crescer por dentro. Mesmo assim, não tive escolha:
– Tudo bem, querida. Vá, divirta-se e lembre-se que eu te amo, respondi, embora a voz tremesse um pouco.
Depois de deixar Luci na creche, a solidão da casa me bateu com força. Ainda na correria e com uma imensa responsabilidade profissional pesando sobre mim, ouvi o toque inusitado da campainha. Abri a porta e lá estavam Tereza e Sarah, minhas amigas de longa data, cada uma com uma garrafa de tequila na mão e sorrisos largos que pareciam iluminar o ambiente.
– Vanessa, minha querida, hoje você precisa esquecer os problemas e se permitir um pouco de diversão! exclamou Tereza, já entrando no apartamento.
– É, você merece um pouco de alívio. Uma mulher latina precisa de um homem que acenda o fogo dentro dela – acrescentou Sarah, com um brilho travesso nos olhos.
Eu ri, mas não pude esconder um suspiro de cansaço:
– Meninas, eu juro que não tenho tempo para paquera. Estou tão atolada no trabalho que, sinceramente, já nem lembro como se faz isso, respondi, sentindo a verdade da situação.
Tereza, sempre cheia de energia, não se deixou abater:
– Ah, Vanessa, vamos colocar você num aplicativo de namoro só para experimentar! Vai ser divertido, e quem sabe você encontra alguém para esquentar sua cama!
E assim, entre goles de tequila, começamos a vasculhar o guarda-roupa à procura de roupas que fossem ousadas e provocantes. Rimos enquanto experimentávamos vestidos curtos, blusas decotadas e acessórios que nunca imaginei usar. No meio da empolgação, Tereza exclamou:
– Essa blusinha realça suas curvas, Vanessa. Você precisa posar assim para mostrar ao mundo quem você é de verdade!
Reunidas na sala, transformamos o ambiente num estúdio improvisado. Com o celular em mãos, Tereza passou a orientar as poses enquanto Sarah aplaudia cada tentativa, e eu, entre risos e goles, me deixava levar pela adrenalina e pela tequila. As fotos foram ficando cada vez mais ousadas e, num impulso de irreverência, algumas delas foram tiradas sem sequer a menor timidez – inclusive, algumas em que eu aparecia nua.
O clima estava de total descontração quando, num descuido coletivo, Tereza brincou:
– Vou mandar essas fotos para o seu arquivo, Vanessa. Elas estão incríveis!
Eu ri, sem imaginar o que aquele ato revelaria mais tarde. A noite se passou entre risadas, danças e muitos brindes. Porém, no meio de toda aquela euforia, meu telefone vibrou. Olhei para a tela, mas estava tão embriagada que m*l prestei atenção ao alerta. Do outro lado da linha, a voz de Robert, séria e um tanto irritada, cortou o ambiente.
– Vanessa, você não vai me enviar o arquivo da proposta, não é? Perguntou Robert.
Num instante, a confusão tomou conta de mim. Tremendo, segurei o celular na mão enquanto tentava lembrar qual arquivo havia acabado de enviar. Em meio ao nevoeiro da embriaguez, sem perceber, acabei abrindo o álbum de fotos – justamente o conjunto de imagens comprometedoras que Tereza havia guardado – e as enviei para o número do Robert.Eu fechei o celular e cai no sofa e dormi.