capitulo3

1685 Palavras
Eu acordo sempre às sete da manhã, com o alarme tocando insistente e o quarto ainda imerso na penumbra do início do dia. Levanto, com os pensamentos já viajando para o trabalho, e vou até o quarto de Luci. Hoje, como em todos os dias, tenho um misto de cansaço e determinação. Afinal, deixar o aconchego do nosso pequeno apartamento e enfrentar o ritmo acelerado da cidade é quase uma arte que aprendi a dominar com o tempo. — Mamãe, por que o sol ainda não acordou? — pergunta Luci com aquela vozinha curiosa e cheia de vida, enquanto se espreguiça no berço improvisado que montamos no nosso quarto. Sorrio e me sento na beirada da cama dela: — Porque o sol ainda dorme um pouquinho, minha linda. Mas a mamãe já está acordada e pronta para o dia. Você vai se arrumar e fazer muitos desenhos na creche hoje, tá bom? Depois de ajudá-la a vestir um conjunto colorido e confortável, preparo o café da manhã de forma rápida – sempre correndo contra o relógio, mas sem deixar de sentir um calor especial em ver os olhinhos brilhando enquanto ela mastiga seu iogurte. Durante a refeição, Luci não perde a oportunidade de me fazer mil perguntas: — Mamãe, para onde nós vamos? — Vamos levar você para a creche, querida. Lá, seus amiguinhos já estão esperando. — A creche tem bolinhas coloridas? — Tem, e muitas brincadeiras também. Você vai adorar, eu tenho certeza. Enquanto a gente se prepara para sair, o barulho da cidade já começa a invadir o apartamento. Eu beijo a testa de Luci e seguro sua mão com cuidado – cada pequeno detalhe importa quando se trata da minha menina. Abrindo a porta, sinto o ar fresco da manhã e o som distante dos primeiros carros na rua. Eu começo a caminhar rumo à creche. Durante o trajeto, Luci comenta animadamente sobre cada detalhe que enxerga: — Mamãe, olha aquela senhora com um chapéu bem bonito! — É verdade, querida. Ela deve estar a caminho da creche também ou para trabalhar. — Eu quero ter um chapéu igual quando crescer! Chegamos à creche e, com um misto de alívio e tristeza, me despeço dela: — Vai brincar bastante, tá? Estarei de volta logo, depois do trabalho. Luci encara-me com um olhar que, mesmo sendo pequena, já expressa a sensação de que me terá esperando em cada segundo do dia. — Eu vou esperar por você, mamãe! Com um beijo apertado na sua testa, deixo Luci no portão da escola. O coração aperta um pouco sempre que a deixo, mas sei que ela está em boas mãos e que nosso reencontro no final do dia torna tudo mais leve. Saio apressada do prédio, e o relógio parece conspirar contra mim – o tempo nunca é suficiente. Corro para pegar o metrô, que é a minha salvação para chegar a tempo à Müller Holdings. No meio da pressa, embrenho-me na multidão e reservo um instante para respirar fundo, tentar recolher meus pensamentos e me focar no que me espera lá: a rotina no trabalho e a energia contagiante de Meg Muller, a vice-presidente, cuja presença inspira minha dedicação diária. Enquanto embarco no vagão, o som dos anúncios nas estações e o murmúrio dos passageiros criam uma espécie de sinfonia urbana. Procuro um canto mais tranquilo para, por um breve instante, refletir sobre a minha vida. Penso em como, mesmo após todos os desafios das últimas semanas, meu trabalho ainda me preenche de um senso de propósito. — Vanessa, você está aí? — uma voz me puxa do meu devaneio. Olho para a direção da conversa e vejo uma colega de trabalho que, ainda cedo, já vinha me cumprimentando no metrô. — Bom dia, Carla. Sempre na correria, não é mesmo? — Pois é, mas depois que cheguei aqui, o dia já começou com tudo. E você, como vai? — Vou bem, apesar da pressa. Hoje o dia promete ser produtivo, como sempre. — Pois é, com Meg Muller comandando, não tem como não ser. Enquanto o metrô avança, minhas lembranças da manhã se misturam com as expectativas do dia. Vejo o sorriso de Luci, a urgência das ruas e o compromisso que assumi com a Müller Holdings. Fico pensando em como a nossa rotina, embora repleta de desafios e pequenas ausências, é a minha forma de garantir um futuro melhor para nós duas. Chegando à estação central, saio do vagão, relembrando as palavras que minha mãe sempre me dizia: — Vanessa, não se esqueça de que você é forte. Conquiste o mundo, mas sem perder o coração. Essas palavras ecoam em minha mente enquanto corro pela calçada, buscando o ponto de ônibus que me leva direto para o prédio da Müller Holdings. Enquanto espero, escuto novamente o barulho da cidade, essa eterna sinfonia de vida e movimento que me impulsiona a seguir adiante. Logo me encontro diante do imponente prédio da Müller Holdings. O saguão elegante e moderno me faz sentir pequena, mas também orgulhosa por fazer parte desse mundo corporativo, onde cada detalhe importa e onde a excelência é exigida a todo instante. Ao entrar, dou de cara com algumas colegas que já me cumprimentam com sorrisos amigáveis e olhares de cumplicidade. — Bom dia, Vanessa! — diz uma delas. — Bom dia, espero que tenham uma ótima manhã! — respondo, tentando transmitir a energia que sei ser essencial para enfrentar os desafios do dia. A cada passo no corredor, me lembro de que estou longe de ser apenas uma assistente pessoal. Sou uma peça vital no grande mecanismo de uma empresa que se orgulha de sua eficiência e inovação. E, mesmo que às vezes o peso da responsabilidade pareça esmagador, é a paixão pelo meu trabalho e o exemplo de Meg Muller – minha chefe e uma inspiração diária – que me impulsionam a dar o meu melhor. Chego à sala da vice-presidente e respiro fundo antes de bater na porta. Sei que Meg Muller valoriza a pontualidade e a dedicação. Quando a porta se abre, sou recebida por um sorriso acolhedor e um olhar que transmite, sem palavras, a certeza de que estou no lugar certo. — Vanessa, boa manhã! — diz Meg, com a voz firme e calorosa que tanto admiro. — Bom dia, Meg. Estou pronta para mais um dia de desafios, se é que posso dizer isso. — Desafios são oportunidades disfarçadas, minha querida. Quero ver você brilhando hoje. — Pode deixar, Meg. Darei o meu melhor, sempre. Enquanto me acomodo em minha mesa, começo a organizar os compromissos do dia e a responder alguns e-mails que já aguardavam. Minha mente viaja por entre as tarefas, mas, de vez em quando, fecho os olhos e lembro do sorriso de Luci e do abraço apertado que compartilhamos pela manhã. Esses pensamentos me acalmam e me enchem de uma energia que é única, uma mescla de amor e responsabilidade que me faz sentir completa, mesmo quando o mundo lá fora parece implacável. O relógio marca 8h30 e, mesmo com a rotina exigente, consigo sentir um entusiasmo que muitas vezes falta em dias normais. Sinto que cada minuto do meu dia, cada decisão tomada, me aproxima um pouco mais de um futuro que, apesar dos desafios, parece promissor. Sempre há uma pergunta interna sobre o que mais posso conquistar, sobre como transformar cada obstáculo em uma nova possibilidade. — Vanessa, preciso daquele relatório até o fim do dia. — Ouço uma voz vinda do telefone e, sem hesitar, atendo prontamente: — Claro, Denise. Já estou cuidando disso. Enquanto converso, dou uma olhada rápida no espelho do computador e vejo refletida a mulher que se recusa a deixar que as adversidades definam sua trajetória. Eu, que sou mãe, que sou profissional dedicada e que, mesmo com as ausências dolorosas, encontro forças na simplicidade dos detalhes cotidianos. No meio de uma pausa para o café, recolho alguns pensamentos e reflito sobre minha história. Lembro-me de todas as noites em que corri contra o tempo, do aperto do peito ao deixar Luci na creche e da ansiedade que me perseguia no metrô. Esses momentos me ensinaram que, mesmo em meio à pressa e à rotina, há espaço para a ternura – o afago de uma criança, a palavra amiga de uma colega, o olhar satisfeito de Meg ao reconhecer meu esforço. E assim, minha manhã segue se desenrolando num ritmo que, embora frenético, é pontuado por pequenas vitórias e diálogos sinceros. Cada conversa me aproxima um pouco mais do que sou, e cada desafio vencido me reafirma como a mulher que escolheu trilhar esse caminho. Mesmo nas horas de maior pressão, sei que posso contar com a força interior que aprendi a cultivar ao longo dos anos. Ao final da manhã, enquanto o sol se eleva mais alto e ilumina os corredores da Müller Holdings, sinto uma mistura de cansaço e realização. Olho para fora das janelas envidraçadas e imagino a cidade que desperta para um novo dia, repleta de histórias e encontros que, de algum modo, também fazem parte da minha narrativa. Em meio aos relatórios, reuniões e atendimentos, cada diálogo, cada troca de palavras, me lembra que a rotina não é apenas uma sequência mecânica de tarefas – é, sobretudo, a teia de encontros humanos que nos transforma. E, naquele exato instante, quando o telefone toca com novas demandas e o computador acende com notificações, fecho os olhos por um breve segundo para guardar no peito a certeza de que, apesar das corridas contra o tempo, há sempre beleza e significado em cada amanhecer. Esta é a minha história diária, a narrativa que escrevo com coragem e dedicação a cada novo dia. Sou Vanessa, mãe de Luci, profissional apaixonada pelo que faço e, acima de tudo, uma mulher que acredita que, mesmo com a correria, o amor e a esperança sempre encontrarão um espaço para florescer. E assim, continuo a jornada, entre diálogos, desafios e momentos de ternura, sabendo que cada passo me aproxima um pouco mais do futuro que sonho para mim e para minha filha. Você disse: hila
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR