36. Luna

990 Palavras
As mãos dele desceram pelas minhas coxas, puxando minha perna para enroscar na cintura dele. Senti o volume duro pressionando meu quadril, a respiração falhando contra minha boca. Ele me virou de costas de repente, me empurrando contra a parede, as mãos passando por debaixo da minha blusa, quase rasgando o tecido de tanto puxar. Seus dedos me abriram por trás, o toque bruto e molhado de desejo e possessividade. Ele me puxou de volta para ele de um jeito que fazia o ar faltar. Tirou meu short com pressa desesperada e, quando me penetrou pela primeira vez, foi fundo, como se o mundo fosse acabar ali. Gemi alto entre dor e prazer, com o rosto colado na parede. Suas investidas eram rápidas e fortes, de quem queria marcar território dentro de mim. Uma das mãos segurava minha cintura com força, enquanto a outra subia pelas minhas costas, apertando, arranhando, segurando meu cabelo. Ele me virou de frente novamente, me pegando no colo como se eu não pesasse nada, me levando até o sofá. Me deitou ali e entrou de novo, dessa vez mais devagar, mas ainda assim profundo e intenso. Ele me olhava nos olhos, com o rosto colado no meu, a testa encostada na minha. As estocadas ficaram mais lentas e ritmadas, mas o olhar permanecia o mesmo. — Você é minha — ele sussurrou entre os dentes, enquanto acelerava os movimentos. — Minha. Só minha. Quando ele gozou, foi com o corpo todo tremendo sobre o meu, os dentes cravados no meu pescoço como se quisesse me marcar para sempre. Pouco depois, senti meu próprio corpo tremer em um orgasmo incontrolável, abafando meu gemido contra seu ombro. Ele me virou de lado e me abraçou pelas costas, grudando em mim como se tivesse medo que eu fugisse. Adormeceu rápido, como sempre fazia. E eu fiquei ali imóvel, com o corpo dolorido, o cheiro dele grudado na minha pele e o peito completamente bagunçado. (…) O dia começou como qualquer outro. Acordei com Dante ainda dormindo ao meu lado. Fazia três noites que ele não saía da minha cama. Não era só sexo. Era ele ficando, dormindo, com o braço pesado me segurando como se eu fosse sua âncora. Levantei cedo e preparei o café. Clara já estava na sala assistindo desenhos. Dante acordou só depois do segundo copo de café, ainda de mau humor, mas me olhando como se eu fosse o centro da casa. — Vou sair mais tarde hoje — disse, ainda sentado à mesa, mexendo no pão com manteiga. Assenti em silêncio. Enquanto ele se arrumava, vesti Clara com a blusa nova que ganhou e fomos para a escola. O dia passou devagar. Tentei manter a cabeça ocupada. Lavei roupa, limpei o chão, dei banho em Clara, preparei o almoço. Mas por dentro, eu era uma pilha de nervos. No fim da tarde, quando fui buscar Clara na escola, ela saiu correndo como sempre. — Mãe! Mãe! Mas antes que chegasse até mim, o ronco de motos cortou a rua. Duas motos acelerando forte, como se estivessem em perseguição. Vi uma delas passar na contramão, raspando na calçada. Clara, assustada com o barulho, tropeçou no meio-fio e caiu de cara no chão. Seu grito me rasgou por dentro. Corri desesperada. Ela estava com o joelho todo ralado, a boca sangrando e chorando compulsivamente. — Calma, Clarinha! calma, mamãe está aqui... Peguei ela no colo e voltei para casa tremendo, com o coração disparado. Quando cheguei, a rua já estava cheia de burburinho. Uma vizinha me ajudou a limpar os machucados. Mas meu peito queimava de medo, de raiva, de tudo. Eu sabia que aquelas motos, aquele clima pesado, tudo tinha a ver com Dante. Fiquei a noite toda de olho na porta, esperando que ele aparecesse. E ele apareceu. Já era quase dez horas quando ele entrou, com a expressão fechada e a roupa ainda suja. — Que p***a foi essa hoje? — fui para cima dele antes que dissesse alguma coisa. Ele me encarou, cansado, mas com o olhar firme. — Luna... — Clara quase foi atropelada por causa desses caras que estão atrás de você! Ela está com o joelho todo esfolado, a boca cortada, chorou a tarde inteira! Isso é culpa sua! Sua vida, suas confusões, tudo respingando na gente! Ele fechou os olhos por um segundo, como se engolisse a própria culpa. — Eu sei. — Sabe? Sabe o c*****o! Você coloca a gente no meio disso e acha que é só vir aqui com cara de quem não sente nada que está tudo bem? — Eu não queria que isso acontecesse. — Não queria? — eu ri, amarga. — Dante... você nunca quer, mas acontece. Porque você é isso! Você é problema! Ele ficou parado, respirando fundo, os olhos ardendo de raiva, mas também de algo que eu não sabia explicar. De repente, ele largou o celular na mesa com força e veio até mim. — Estou tentando — falou baixo, rouco. — Juro por Deus, p***a, estou tentando. Fiquei sem resposta. Ele passou as duas mãos na cabeça, como se quisesse arrancar os próprios pensamentos. — Eu sou r**m, Luna. Sou torto. Mas não queria machucar vocês. Nem ela. Muito menos ela. Me olhou de um jeito que nunca tinha visto. Como se, pela primeira vez, ele soubesse o peso da própria merda. — Me desculpe. As palavras saíram arrastadas, como se doessem em sua garganta. Fiquei parada, com o peito doendo e a garganta fechada. Ele não era o tipo de homem que pedia desculpas. E naquele momento, eu soube o quanto aquilo tinha mexido com ele. Ele passou por mim, entrou no quarto de Clara e ficou lá, sentado na beira da cama, olhando ela dormir com o joelho enfaixado. Eu fiquei na porta, olhando os dois, sem saber se sentia mais ódio, pena ou medo de tudo que estava começando a sentir por aquele homem.
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