Capítulo 43 — De novo dele

1299 Palavras
ISABELA Eu tava jogada na cama do Jace, suada, com os cabelos bagunçados e o corpo mole… mas mole de um jeito bom, sabe? Como se eu tivesse largado todo o peso que carregava nos ombros. Ele tava deitado do meu lado, com aquele sorriso sacana, como quem sabe que destruiu mesmo. — Tá me olhando por quê? — perguntei, fingindo braveza, mas com um sorrisinho de canto. — Porque cê tá linda, pô. Toda minha de novo. — Ele passou o dedo no meu braço, levinho, arrepiando tudo. Revirei os olhos, mas por dentro eu tava boba. Jace tem esse poder de me desmontar sem muito esforço. — Não começa com esse papinho não, hein… — Que papinho? — Ele riu. — Só tô dizendo a real. Tu sabe que esse momento foi f**a. A gente ainda tem uma conexão absurda, Bela. Suspirei. E como tinha. Era química, era loucura, era tudo misturado. Mas será que só isso bastava? — Isso aqui não quer dizer nada se amanhã tu tiver com outra pendurada no teu pescoço, Jace… — Para, né. Tô te mostrando que mudei. Que ainda quero nós dois. — Ele falou sério dessa vez, me olhando nos olhos. Fiquei em silêncio por uns segundos. O olhar dele me desmontava mais do que qualquer toque. Virei de lado, abracei o travesseiro e falei baixinho: — Eu preciso de tempo… não quero me machucar de novo. Ele chegou mais perto, me abraçou por trás, colando o corpo quente no meu. — Eu espero o tempo que for, Bela. Só não some de novo… — ele murmurou no meu ouvido. Fechei os olhos. Me sentindo segura. A gente não era fácil, nunca foi. Mas ali, naquele abraço, por alguns minutos… tudo parecia certo. --- Ele ficou ali, colado em mim, a respiração dele batendo na minha nuca, os dedos fazendo carinho na minha barriga, e o coração… o coração batendo igual tambor dentro do peito. — Se a gente ficasse assim pra sempre, tu ia reclamar? — ele perguntou com aquela voz rouca, ainda deitado atrás de mim. — Ia não… — respondi baixinho. — Só ia pedir um ar-condicionado, porque esse quarto tá um forno. Ele riu gostoso, e eu me virei pra encarar aquele sorriso safado. — Cê é muito chata, sabia? — E tu é muito convencido. — brinquei, dando um tapa leve no peito dele. Ele segurou minha mão, beijou a ponta dos meus dedos, e ficou me olhando com uma intensidade que dava até medo. Medo do que eu tava sentindo de novo. Medo de me perder nele, como das outras vezes. — Ainda não caiu a ficha de que tu tá aqui de novo comigo. — ele sussurrou. — E que eu posso te tocar sem precisar imaginar. Suspirei. — Aproveita enquanto pode, cantor. Não sabe o dia de amanhã. --- A gente ainda tava ali, deitados, nus, colados, nossos corpos ainda tentando desacelerar daquele furacão que foi a nossa transa… quando os celulares começaram a apitar igual sirene. Notificação atrás de notificação. i********:, w******p, Twitter, até SMS, que eu nem lembrava mais que existia. Eu e Jace trocamos aquele olhar. A gente sabia. A gente viu os paparazzi do outro lado da rua no quiosque, mas juro, eu achei que fosse demorar, que nem ia render tanto. Só que render, rendeu. Jace pegou o celular dele e começou a deslizar a tela, a cara dele fechando a cada story repostado, a cada manchete com nosso nome. — “Mc Jace é flagrado aos beijos com morena misteriosa na praia”… — ele leu alto com sarcasmo. — Misteriosa? Misteriosa é o c*****o, é a p***a da minha mulher. — Tô vendo que tá pegando fogo — falei num fio de voz, abraçando o lençol no peito. O meu celular também já tava pipocando de mensagens. Gente que eu nem falava mais me mandando print, mandando link, perguntando se era eu. Ele se virou pra mim, ainda sentado na cama. — Bella, se isso for te prejudicar de alguma forma, fala. A gente dá um jeito. Mas cê sabe que isso ia acontecer uma hora ou outra. — Eu sei, Jace. Só não esperava que fosse assim. Tipo… agora. Um beijo num quiosque e pronto, já tamo virando casal oficial pra internet. Ele passou a mão no cabelo e suspirou. — E não tamo? Fiquei muda por uns segundos. A pergunta dele bateu diferente. — Jace… olha só, não me leva a m*l. Eu gosto de você, mesmo. O que rolou hoje… o que tá rolando entre a gente… é forte. Mas, mano, tá tudo rápido demais. A gente se reencontra, se pega, transa, viraliza… e agora? Ele se aproximou e segurou minha mão. — Agora a gente desacelera, se tu quiser. Não vou te pressionar. Só me promete que não vai meter o pé sem avisar, igual antes. — Eu não vou fugir, Jace. Só preciso de um pouco de paz pra pensar, pra entender se é isso mesmo que quero de novo. Eu não tô pronta pra ser o casal do momento nas redes sociais, pra virar meme, fofoca, sabe? Eu quero viver isso no mundo real, no nosso tempo. Ele sorriu, e dessa vez foi aquele sorriso que me desarma, me derrete. — Então a gente vive. Longe do foco, só eu e você. Mas vive, tá? Assenti. Porque, no fundo, eu queria sim. Queria muito. Mas queria do meu jeito. Eu tentei fingir costume, mas por dentro eu tava em chamas. Não só por causa do que rolou entre a gente — que, meu Deus, ainda fazia meu corpo inteiro formigar —, mas por causa do barulho que a gente causou. As fotos já tavam nos Instas de fofoca, nos stories das páginas de fã do Jace, nos comentários dos posts de subcelebridade que m*l conhecia ele e já tavam marcando “Mc Jace e a nova peguete”. Um verdadeiro surto coletivo virtual. Meu celular tremia tanto que parecia que ia explodir. Tentei ignorar, mas vi nomes conhecidos nas notificações. Gente da faculdade, ex-colega de escola, até minha vizinha da antiga casa mandando “é você na foto????”. — c*****o — sussurrei, apertando os olhos. — Tá tudo rodando — Jace murmurou, passando a mão no rosto. — Cê tá bem? — Tô... não. Quer dizer, eu sabia que isso ia dar r**m, mas não que ia dar r**m tão rápido. Ele se aproximou e me abraçou por trás, colando o peito nu nas minhas costas. — Eu já sou calejado dessas p***a. Agora... cê não precisa passar por isso se não quiser. A gente pode fingir que não é nada. Posso desmentir, se tu quiser. Me virei pra ele, ainda abraçada no lençol. — Não é que eu não queira estar com você, Jace... é só que... mano, tá tudo indo rápido demais. E eu não quero ser exposta assim. Não quero que vire espetáculo. Ele segurou meu rosto com carinho, os olhos firmes nos meus. — Então vamos viver isso do nosso jeito, devagarzinho, só nosso. Sem confirmar, sem negar, sem dar palco. Só nós dois, fora dos holofotes. — A gente consegue? — perguntei, de verdade. — Se depender de mim, consegue sim. E tu, tá disposta? Respirei fundo, tentando ignorar os mil alertas no celular. — Tô disposta a tentar. Mas no meu tempo, do meu jeito. — Teu tempo é o que manda, Bella. Cê não tem noção do quanto eu quero acertar contigo dessa vez. Ele me puxou pra um beijo calmo, demorado, diferente dos outros. Um beijo que prometia cuidado. E foi nesse beijo que eu entendi que, mesmo com o mundo lá fora gritando, dentro daquele quarto, a gente ainda podia ser só a gente.
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