Capítulo 5 — Laysla

863 Palavras
Fiquei alguns minutos apenas observando aquela máquina colossal, tentando entender o que, diabos, aquilo fazia. Meu coração batia tão forte que eu podia ouvir o som pulsando dentro dos meus próprios ouvidos. Ela não parecia só uma escultura maluca ou uma invenção qualquer. Não. Ela... ela estava viva. Luzes pequenas piscavam em pontos diferentes, algumas azuladas, outras âmbar. Um leve zumbido vibrava no ar, como se toda a estrutura estivesse respirando... adormecida, esperando alguém acordá-la. Me aproximei mais, com as mãos suando frio. Cada passo ecoava no chão liso e gelado daquele cômodo gigante. O painel principal ficava no lado direito da porta circular. Tinha quatro manivelas metálicas, gastas nas pontas, e logo acima, uma fileira de botões: verdes, vermelhos e um solitário botão preto, maior que os outros, no centro. Ao lado, um visor retangular exibia números que piscavam lentamente, alternando entre 125.00, 1900.00 e 2025.00. — O que…? — sussurrei, apertando os olhos pra ler melhor. Meu cérebro tentava conectar aquilo tudo. 125 anos... 2025... 1900. Alguma coisa ali gritava viagem no tempo. Mas isso só podia ser loucura. Coisa de filme, de ficção. Mesmo assim, minha mão foi sozinha até a manivela da esquerda. Toquei devagar. O metal estava frio, áspero, quase como se tivesse vida própria. Meu peito subia e descia num ritmo descontrolado. — Só pra ver o que acontece… — murmurei, tentando me convencer que não ia fazer besteira. Segurei a primeira manivela e puxei pra baixo. Um estalo seco ecoou. Uma sequência de luzes no topo da cabine acendeu, piscando em amarelo, depois azul. O som de algo se ligando, como motores elétricos antigos, começou. Um zunido grave, que vibrava no chão, subindo pelas minhas pernas, percorrendo meu corpo inteiro. Engoli seco. Olhei pro botão preto. Ele parecia me chamar. — Só mais um… e eu paro. Juro que paro. — falei, quase rindo de nervoso. Apertei o botão verde logo abaixo. O visor tremeu, mudando rapidamente: 2025.00 → 1900.00 → 125.00 → e ficou estático em 1900.00. — Não... isso não... isso não pode ser real. — falei, recuando um passo. Foi quando percebi que a porta da cabine destravou sozinha. Um som de "clac-clac", seguido de um chiado de ar comprimido, preencheu o ambiente. A tampa redonda se abriu lentamente, rangendo como se não fosse usada há décadas. Por um instante, eu quase corri. O instinto gritava: “Sai daqui! Isso não é pra você!”. Mas... a curiosidade foi mais forte. Muito mais. Me aproximei da porta. Olhei lá dentro. Havia uma cadeira no centro, envolta por uma espécie de arco metálico cheio de fios e lâmpadas minúsculas. Na lateral, dois cintos, provavelmente pra prender quem estivesse ali — o que não me deixava nem um pouco tranquila. Pensei em parar. Juro que pensei. Mas meus pés me traíram. Subi na plataforma, segurei nas laterais e entrei. O banco era surpreendentemente confortável, forrado em couro preto, com um cheiro meio antigo, meio químico. Sentei. O painel interno acendeu assim que encostei nas laterais. Mais botões, mais luzes. No visor interno, piscava “Destino: 1900”. — Não... não... não pode ser... isso é um tipo de simulação, né? Um jogo... uma pegadinha, sei lá... — falei, apertando as mãos no colo, totalmente nua, sentindo o corpo inteiro arrepiar. Quase sem perceber, minha mão deslizou até uma alavanca ao lado do visor. — Se eu puxar... será que…? — falei, mordendo o lábio, tremendo inteira. Antes que minha razão tomasse conta, puxei. O primeiro barulho foi um estalo forte, como se milhares de engrenagens começassem a girar ao mesmo tempo. Em seguida, uma vibração violenta percorreu o chão da cabine. As luzes piscaram tão forte que meus olhos fecharam automaticamente. Um zunido ensurdecedor preencheu o ar, crescendo, ficando cada vez mais agudo, como se estivesse prestes a explodir dentro da minha cabeça. De repente, o som de um raio — BZZZZZZT!!! — seguido de um estrondo tão absurdo que meus ouvidos doeram, me obrigando a tapá-los com as mãos. O chão tremeu. As paredes vibraram. Meu corpo foi puxado pra trás como se uma força invisível me segurasse contra o banco. Luzes piscavam em vermelho, amarelo, azul, uma sequência caótica, misturada a um barulho metálico, rangidos, e estalos elétricos. — AAAAH, MEU DEUS!! — gritei, apertando os olhos, o corpo inteiro arrepiado, sentindo a pele vibrar, como se cada célula estivesse sendo desconstruída e remontada. De repente, um clarão. Não um clarão qualquer. Era como estar dentro de um raio. Uma luz tão forte que não tinha cor. Só branco. Um branco absoluto, que queimava os olhos fechados e fazia o peito apertar. O ar sumiu. Por alguns segundos, parecia que eu estava flutuando no nada. Nenhum som, nenhum cheiro, nenhum peso. Só o vazio. E então... BOOOOOOOM! Um estrondo final, como uma bomba explodindo bem perto, fez meu corpo ser jogado pra frente. A cabine inteira tremeu tão forte que achei que ia desmontar. Senti um choque elétrico percorrer meu corpo inteiro, dos pés à cabeça. E, de repente... silêncio. Tudo apagou. Todas as luzes. Todos os sons. Tudo. ADICIONE NA BIBLIOTECA, COMENTE E VOTE NO BILHETE LUNAR PRA ME AJUDAR
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