O calor foi a primeira coisa que senti. Um calor seco, pesado, que batia direto no meu rosto e fazia minha pele arder. Levei um tempo pra abrir os olhos. A luz do sol era tão forte que parecia queimar até por dentro das pálpebras.
Quando consegui piscar algumas vezes, encarei aquele céu azul, limpo, sem nenhuma nuvem. Aos poucos, fui entendendo que estava deitada… na grama?
Levantei o tronco, sentindo o cheiro forte de terra, de mato, de vento quente. Olhei ao redor. Um campo enorme, pasto até onde a vista alcançava. Nenhuma construção, nenhum fio de energia, nenhuma estrada. Só grama, algumas árvores distantes e aquele sol de rachar.
Foi então que percebi.
Estava completamente nua.
Nem percebi na hora. A verdade é que, depois de tantos dias andando assim pela mansão, já nem me incomodava mais com a minha própria nudez. Meu corpo se sentia livre, leve, como se aquilo fosse natural.
Só que… aquilo não era mais a mansão. E essa consciência bateu forte quando ouvi, ao longe, um som que me fez gelar por dentro: o trotar de cavalos.
O som ficou mais alto, mais próximo, misturado ao barulho de esporas, couro e o vento que carregava cheiro de bicho, de poeira, de homem.
Virei o rosto rápido, apertando os olhos contra a claridade. E então os vi.
Três homens cavalgavam na minha direção. Cada um em seu cavalo. Grandes, imponentes, como se fizessem parte daquele cenário bruto, selvagem.
Vestiam calças jeans justas, surradas, botas de couro com a barra suja de barro seco, camisas xadrez de manga longa, abertas até o meio do peito, e chapéus de caubói que faziam sombra nos rostos queimados de sol.
Meus olhos percorreram cada um deles.
O da esquerda parecia mais novo. Uns vinte e poucos anos, pele bronzeada, sorriso malicioso no canto da boca, barba rala sombreando o maxilar. Quando me olhou, mordeu o lábio inferior e soltou, sem a menor vergonha:
— A cabritinha é jeitosa... parece anjo. — O tom arrastado, carregado de malícia, fez minha espinha arrepiar. Seus olhos percorreram cada pedaço do meu corpo, demorando nos meus s***s, nas minhas coxas, no meu ventre exposto.
O do meio era careca, com a cabeça brilhando sob o sol. Apesar de ser o mais velho dos três, parecia ser o mais tímido. Seus olhos não saíam dos meus s***s, mas, ao mesmo tempo, ele abaixava a cabeça, desviava, como se estivesse lutando contra o próprio desejo. As bochechas estavam vermelhas, e ele apertava as rédeas com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. Era como se nunca tivesse visto uma mulher nua, e agora não soubesse o que fazer com aquela visão.
Já o da direita... ah, aquele me encarava diferente. Havia raiva no olhar dele. Raiva, reprovação, desconforto. Era mais forte, mais alto, o corpo largo, o maxilar travado, as mãos segurando as rédeas com rigidez. O chapéu projetava sombra sobre os olhos, mas dava pra ver bem os traços duros, a boca firme e o queixo quadrado.
Ele não disse uma palavra. Só esporeou o cavalo, fazendo o animal se aproximar rápido de mim. Antes que eu pudesse reagir, segurou meu braço com força — não a ponto de machucar, mas firme, possessivo, como se eu fosse algo que ele precisava controlar.
Puxou-me sem cerimônia, me erguendo do chão e me sentando de lado sobre seu cavalo, encaixando meu corpo na frente dele. Sua coxa pressionou a minha, quente, dura, e pude sentir cada músculo tenso por baixo da calça jeans.
Num movimento rápido, arrancou a própria camisa, revelando um peito forte, queimado de sol, com alguns pelos dourados no centro. Jogou a camisa sobre mim, me cobrindo — não o bastante pra tampar tudo, mas o suficiente pra esconder meus s***s e parte das coxas.
— Que pouca vergonha... uma moça nua no pasto. — rosnou, apertando ainda mais meu corpo contra o dele, segurando firme a cintura com uma das mãos, enquanto com a outra conduzia o cavalo.
O animal começou a galopar, acelerando, levantando poeira, e os outros dois vieram logo atrás, rindo, trocando olhares cheios de intenções que me fizeram corar.
Eu não sabia se tremia de medo, de vergonha, ou... se era do calor que subiu, queimando minhas bochechas, meu peito, meu corpo inteiro. A mão dele segurava minha cintura, áspera, quente, rígida.
O cheiro dele misturava suor, couro, e alguma coisa amadeirada, forte, máscula, que me dava um nó na garganta.
O vento batia, levantando a barra da camisa que m*l me cobria, deixando minhas pernas completamente expostas. Eu percebia os olhos dos dois de trás queimando nas minhas coxas, subindo, me despindo ainda mais com aquele olhar faminto.
Mas, de repente, não sei explicar... não me senti mais tão vulnerável. Eu já estava tão acostumada a andar nua, tão adaptada a não me importar, que meu corpo não tremia mais pela exposição. Era como se... eu pertencesse ali. Como se aquela pele livre, aquele contato bruto com o mundo, fosse agora parte de quem eu era.
O som dos cascos batendo contra o chão se misturava com o assobio do vento, o cheiro de capim cortado, de terra quente. E, no horizonte, surgiu uma casa grande, de madeira clara, com varanda enorme, cercada por cercas brancas que delimitavam aquele pasto sem fim.
Galopando forte, ele me apertou mais contra o peito largo, olhou pra frente e rosnou baixinho, quase só pra mim:
— Se prepara... porque quero saber direitinho de onde saiu, moça. E se tá achando que vai ficar andando pelada por aqui, tá bem enganada.
E eu só conseguia pensar, com o coração disparado:
“Onde, meu Deus... onde eu vim parar?”
ADICIONE NA BIBLIOTECA, COMENTE E VOTE NO BILHETE LUNAR PRA ME AJUDAR