Capítulo 2

2235 Palavras
Ravi estava respirando fundo pela quinta vez, naquela maldita aula ele não teria nenhum conhecido. Por mais, que todas as suas aulas não fossem com Harry, Lee era alguém bem simpático e que fez companhia para o loiro. Ravi abaixou o olhar quando os alunos começaram a entrar, ele acreditou que poderia estar em um pesadelo, mas não! O professor já estava esperando a alguns minutos, Ravi viu quando as líderes de trocada entraram e ao lado delas Dante. O Malik olhou o loiro e sorriu, Dante nem hesitou em ir até o loiro e se sentar do seu lado. — Nervoso? — Dante perguntou e Ravi apenas concordou. — Dante? — A voz da menina soou e Ravi levantou seus olhos, para encarar a ômega que era muito bonita, cabelo longo, loiro e preso em um r**o de cavalo, a roupa sendo igual a de Ravi, porém a saia se mostrava um pouco mais curta. — O que é, Lara? — Dante perguntou e o Malik parecia impaciente. — Não vai sentar comigo? — A menina perguntou colocando a mão na cintura. — Eu já estou sentado, é cega? — Dante perguntou e a menina bufou. — Vai ficar com... — A loira olhou Ravi de cima a baixo e fez cara de nojo. — Isso? — Ei... Não fala assim! — Dante disse bufando. — Vou sim, Lara! Vou ficar aqui, ok? — Já chega! Todos sentados! — A voz do professor foi alta e logo a menina saiu batendo o pé e sentando no fundo da sala. — Se quiser, pode ir... — Ravi falou baixinho. — Estou aonde eu queria estar! — Dante falou e Ravi apenas sorriu. Eles começaram a escrever o que o professor passava e Ravi trocava algumas palavras com Dante e ria das coisas bobas que ele dizia. Ravi acreditou que tudo ficaria bem, Dante estava lhe tratando bem e era bem amigável na verdade. A aula foi passando e no fim da aula, o Malik ficou esperando Ravi, o ômega ficou um tanto mais seguro ao imaginar que Dante estaria ali com ele. O Malik tinha um sorriso doce nos lábios e a mão estendida para Ravi. A sala já estava vazia e Ravi sempre demorava a guardar suas coisas, já que ele sempre conferia duas vezes se tinha pego tudo. O ômega aceitou a mão estendida e assim a usou para se levantar. Porém, ele não esperava que o alfa o puxasse e lhe roubasse um beijo. A mão de Dante firmou em sua cintura delicada, prendendo seus corpos e assim fazendo com que o ômega ficasse preso sem suas mãos. Ravi arregalou os olhos e tentou raciocinar o que acontecia, mas em um susto empurrou o corpo do alfa que quando se afastou minimamente sorriu para Ravi. Em um momento de raiva o loiro se enfureceu, rosnou contra Dante e lhe acertou um tapa forte em seu rosto. Ravi sentia seus olhos se encherem de lágrimas e assim saiu rápido dali ele não importava para as pessoas que olhavam para si, ele apenas queria sair dali. O loiro acabou batendo em alguém, e quando levantou seus olhos era Lee. — Ravi, está tudo bem? — O alfa perguntou e Ravi ficou com medo, tentou se afastar, mas o alfa não deixou. — Calma, só vou te tirar daqui... Vou te levar até seu primo. Ravi se deixou ser guiado pelo alfa que entrou em corredores que Ravi não conhecia, e ao entrar em uma sala, o loiro viu Harry juntando algumas coisas da sala. — Harry! — Lee chamou, o alfa estava segurando o pulso de Ravi que chorava. — Ravi? — Harry falou preocupado. Lee saiu da sala e ficou na porta, na intenção de deixar os primos conversarem. — O que aconteceu? — O Dante... — Ravi falou chorando e soluçando. — O Dan-Dante... Ele me b-beijou! — Ravi falou tremendo. Harry abraçou Ravi e o loiro chorou muito, ele apertava Harry contra si e chorava. ⚜️ Harry deixou Ravi dentro do carro, o loiro estava encolhido no banco do passageiro e o ruivo pediu para que Charles tomasse conta de Ravi, já que o garoto era um beta. Harry voltou para dentro da escola e ele estava furioso, ele rosnava a cada passo e o som dos seus saltos batendo contra o chão eram bem audíveis. Harry foi até o vestiário dos alfas, ele não se importou apenas entrou e vários alfas se cobriram. — Malik! — Harry rosnou ao ver Dante no final do corredor de armários, o alfa estava com a toalha enrolada no quadril e aí ver o ruivo ergueu suas mãos. — Eu posso explicar! — Dante falou, mas Harry apenas lhe acertou um soco na boca, um chute no meio das pernas que fez Dante curvar, e Harry aproveitou a chance para dar uma joelhada no nariz do alfa. — Nunca mais na sua vida, ouviu? — Harry falou irritado, virando-se e saindo dali. Oliver foi atrás do ruivo, já que se encontrava vestido. —Ei Harry! — Oliver chamou e o ruivo virou para o alfa. — Agora não! — Não é isso... Só quero saber como o Ravi está. — Péssimo! Seu amigo é um i****a! Ele sabe que isso é assédio? Se não sabe conta para ele, e avisa que se ele chegar perto do Ravi de novo, eu corro o p*u dele, e ainda faço ele engolir. — Harry falou voltando a se virar e andar até o carro. Ravi já tinha parado de chorar, mas ainda estava quieto e encolhido, Harry entrou após agradecer a Charles. — Ei... Vai ficar tudo bem... — Harry falou pegando na mão delicada. — É por isso que eu não queria vir! Minha diretora estava certa, alfas só querem fazer a gente se sentir m*l! — Ravi falou com raiva. — Nada disso! Tem sim alfas imbecis, mas também tem alfas legais. — Harry falou mesmo sabendo que não era o momento. — Ele me beijou! — Ravi rosnou. — E isso foi um grande erro! Ele está mais do que errado e vamos conversar sobre as medidas que você pode tomar, mas o Lee te ajudou. Não foi? — Harry perguntou e Ravi concordou. — Então... Ele é um alfa legal, ele nunca faltou com respeito contra um ômega. — Nunca? — Nunca! Nem ele, nem o Jordan, e nem um tanto de alfas... — Harry falou. —Meu amor, se você deixar algum alfa te dizer aonde você pode ou não frequentar, você não vai a lugar nenhum. — Eu quero ir para casa. — Ravi pediu. — Claro amor, mas pensa no que eu te falei, está bom? — Harry perguntou ligando o carro, Ravi ficou em silêncio e assim ficou preso em seus pensamentos. O caminho pareceu mais longo, a mente de Ravi estava cheia de pensamentos confusos e perturbadores, ele apenas queria o abraço dia seus pais. Só isso! (> Ravi estava um tanto atordoado, quando chegou em casa seus pais não estavam. O loiro tomou um banho e ficou de pijama. Por mais que fosse de tarde, ele sentia que todo seu corpo implorava por umas boas horas de sono. O loiro fechou as cortinas do seu quarto o deixando completamente escuro, ligou o ar-condicionado bem frio e depois se cobrindo até em cima. Ele queria sumir! A sensação do beijo ainda estava ali, causando nojo e até repulsa, o ômega fechou os olhos e tentou apagar da sua mente aquela sensação, sua cintura doía, mesmo que o toque de Dante não tivesse sido brutal, ele ainda sim sentia dor no lugar. Ravi chorou novamente, chorou a ponto do seu corpo quase convulsionar à medida que tremia. Ele estava sozinho, talvez ele estivesse protegido, mas ainda assim a sensação de medo tomava conta de todo seu corpo. Com as mãos trêmulas ele pegou o celular que estava embaixo do seu travesseiro, discando o número de Miguel e logo ligando para seu psicólogo. — Ravi? — A voz do ruivo soou preocupada. — A gente pode conversar? — Ravi pediu de forma baixa e chorosa. — Espera... — Miguel falou e Ravi aguardou, em alguns minutos seu notebook começou a soltar indicando uma chamada de vídeo. O loiro foi até a mesa, ainda enrolado na coberta e sentou na cadeira confortável. Ravi atendeu a chamada e logo o rosto do ruivo tomou conta da tela, os fios ruivos caindo sobre a testa branca, os óculos de grau em seu rosto, seus olhos castanhos atentos ao loiro que só chorava. — Eu fui para a escola... — Ravi começou após alguns minutos chorando. — Eu fui com o Harry, teve uma aula que eu não ia ficar com ele ou com o Lee. — Ravi falou respirando fundo e ficando em silêncio por um minuto. — Eu fiquei sentado com o Dante, ele que quis sentar do meu lado e eu achei que era porque ele queria ser legal, igual ao Lee. — Ravi fungou mais uma vez. — Só que na hora que a gente estava indo embora, ele me puxou e roubou um beijo. Ravi voltou a chorar e Miguel suspirou, esperando que Ravi o olhasse para então conversar com o ômega. — O que você está sentindo? — Miguel perguntou. — Dor! Minha boca dói, minha cintura dói... Tudo dói! — A dor fantasma é comum nesses casos, a vítima pode sentir dor onde o assediador tocou. — Miguel explicou. —Ravi, o seu tempo no internato pode ter influenciado em algumas sensações que você está sentindo nesse momento. — Miguel explicou — Estamos juntos a pouco tempo, mas uma coisa que é notável, é a influência que sua ex diretora tem sobre você, as coisas que ela disse, fez com que sua mente automaticamente marginalize qualquer alfa. — Miguel falou. — O ato de Dante foi algo repugnante e imoral, eu com certeza acredito que você deve informar ao seus pais, sobre isso. — Miguel falou tirando seus óculos. — Porém, existem inúmeras reações ao assédio e a sua nós chamamos de reação desmedida. — Miguel explicou. — O escalonamento da sua reação será basicamente o declínio do seu psicológico. — O ruivo falou. — Mas, boa parte da sua reação é por não estar habituado ao mundo normal. Você não viu filmes adolescentes, não conviveu com adolescentes normais. Regras forma impostas a você e você apenas absorveria, aceitou e concordou com elas. — Está dizendo que a culpa é minha? — Não! Estou dizendo que tudo aconteceu de forma errada, porém não é incomum que alfas tentem beijar ômegas que eles acreditam estarem abertos a investidas. — Miguel explica. — Repito que você deve dizer ao seus pais, eles irão saber o que fazer. Mas, você tem que começar a ver que a maldade está presente na mesma medida que a bondade. — Miguel falou. — Você acreditou em Dante, aceitou facilmente suas investidas e ficou mais vulnerável ao ficar sozinho com ele. — Miguel falou com cuidado. — Se você não sabe se defender de forma física, deve tomar cuidados extras, infelizmente somos subjugados, e muitos alfas até mesmo usam a voz de comando contra nós. Então, te aconselho a aceitar a proposta do seu pai, de entrar em aulas de defesa pessoal, e de evitar ficar sozinho com alfas desconhecidos, não aceite caronas, ajudas que se estendem a sua casa ou até mesmo ir até a casa de um desconhecido. — Miguel falou. — Você tem muito o mundo lá fora, e na verdade ele pode ser seu melhor amigo. — Miguel estava olhando Ravi que já não chorava mais. — Não deixe o mundo te engolir, tente ao máximo vencer seus medos. Comece devagar, primeiro vá a escola todos os dias, e se algum dia da semana você não quiser ir, tudo bem..., mas, no outro dia esteja lá, converse mais com esse Oliver Lee, sempre em lugares abertos e movimentados. — Miguel falou. — Saia da sua bolha esmagadora. — Não sei se eu quero... — Nós nunca queremos enfrentar aquilo que nos assusta. — Miguel falou. — Recuar é mais fácil do que enfrentar. — Eu vou falar com meus pais. — Ravi falou e o ruivo sorriu. — Faça isso! Sua relação é muito boa com eles, então sempre converse com eles. — Miguel falou. — Obrigado. — De nada! Você é forte, Ravi... Só aprenda a encontrar sua força. Ravi desligou após se despedirem e ficou olhando o tempo, ele realmente ficou assustado com o que Dante fez, mas ele se questionou se isso deveria ser o suficiente para deixar de ir à escola. Seu palmo inicial era brigar com seu pai, e usar esse pretexto para voltar ao internato e impedir o processo, mesmo que a diretora estivesse recebendo inúmeros processos, Ravi queria voltar e se esconder lá. Mas, ele pensou nas palavras de Harry e depois nas palavras de Miguel, algo dentro de si, queria dar o braço a torce, enquanto a outra parte queria se esconder... Ele suspirou e voltou para sua cama, o sono facilmente encontrando sua mente e rapidamente ele estava dormindo tranquilamente, seu celular deixado de lado, seus pensamentos vazios e nulos, seu corpo relaxado e confortável na cama. Ele repousou como a muitas noites, ele não fazia desde que chegou do internato.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR