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1120 Palavras
Capítulo 7 Julia narrando No caminho para casa, eu e Maiara discutíamos: — Você não deveria ter me escondido, mas vou te perdoar porque vai comigo — falei, olhando para ela. — Eu fiquei sem saída — respondeu. — Sei lá… vendo você conquistar tanta coisa, Julia, e do nada, do nada, tudo volta do seu passado. Pensa: agora você tem uma estética, uma carreira, e se der algo errado, tem uma vida para onde correr. Me perdoa. Sorri para ela. — Eu sei que você se preocupa comigo. Você mais do que nunca sabe toda a minha vida, sabe o quanto sofri, o quanto amo e odeio aquele lugar — falei. — Não ache que é fácil voltar para lá agora. Mas eu quero ver Ph na minha frente e dizer o quanto eu o amo. — Eu sei que ele te ama e espero que vocês se acertem — disse ela. — Mas não podemos contar para minha mãe. Precisamos arrumar uma desculpa. — Vamos ficar uma semana no Brasil. Em uma semana voltamos. Vamos comprar a passagem com a data de volta — propus. — Podemos dizer que vamos fazer algum curso e levar Pedro para aproveitar a viagem. — Boa ideia — ela falou. — Mas ela vai desconfiar. — Vamos arrumar as malas, comprar as passagens e pensar em algo — falei. — A última alternativa é deixar uma carta e ir sem avisar ela — sugeriu Maiara, e eu a encarei. — Eu não queria mentir para Marisa, ela é como uma mãe para mim — falei. — Eu sei disso — disse ela. — Mas será necessário. Quando chegamos em casa, Marisa já estava com uma mala arrumada. — Vai viajar, tia? — Pedro perguntou, pulando ao redor dela. — Pedro Henrique! — chamei atenção dele. — É, mãe, vai viajar? — Maiara perguntou. — Comprei um pacote com aquela minha amiga da academia. Vamos para as Maldivas e voltamos em dez dias — respondeu Marisa, sorrindo. — Aproveitar a vida. — Maldivas? — Maiara exclamou. — Faz muito bem, Marisa — eu falei. — Você precisa mesmo. Vai que encontra um novo amor e para de chorar por aquele que deixou no Brasil. — Verdade — ela riu. — Se cuidem e me dê notícias. Vamos nos falar todos os dias. Beijos, meu amor — beijou Pedro. — Vou te trazer vários presentes. — Boa viagem, mãe — disse Maiara. — Boa viagem, tia — falei. Marisa era como uma mãe para mim, mas a viagem dela foi a nossa porta de saída. Se falássemos algo, ela não nos deixaria ir. — Comprou as passagens? — Maiara perguntou. — Estou fazendo isso — respondi. Meu coração acelerava tanto que minhas mãos tremiam ao digitar o número do cartão. Não sabia se sentia raiva por terem me feito achar que todos estavam mortos ou se era apenas ansiedade para rever Ph, para mostrar a ele nosso filho. Era um misto de sensações tão louco. — Comprado — falei, apertando o botão rapidamente. — Agora só falta dar “não autorizado”. — Compramos em vários cartões, se for preciso — disse Maiara. — Não, deu certo — confirmei. — Ai, meu Deus. — Vamos para o Brasil — ela disse, me encarando. — Vamos — sorri para ela. Eu não era rica, mas tinha dinheiro suficiente para manter minha estética e meu filho. Viajar para o Brasil não estava nos planos, mas já tinha comprado a passagem de volta. Em uma semana, eu estaria de volta. Marisa narrando Kaio queria conversar comigo e queria vir para os Estados Unidos. Eu precisei achar uma forma de ele não descobrir que Julia morava comigo. Então fui para as Maldivas, ao encontro dele. Desci de um avião que pousava sobre a água e caminhei pelo hotel, com as cabanas sobre o mar. De longe, o vi: sem camisa, apenas de sunga, com um cigarro na boca e uma bebida na mão. — Se você está vivendo essa vida boa toda, por que quer falar comigo? — perguntei. — Descobri uma coisa — ele respondeu. — E precisava dividir com você. Mas antes, deixa eu te mostrar meu hotel. — Você é dono desse lugar? — perguntei. — Sim — respondeu. — O que quer comigo? Fala. — — Você acabou de chegar — ele sorriu. — Vamos aproveitar minha vida, minha querida irmã. — Cala boca, seu filho da p**a — falei. — Tá sem paciência? — ele perguntou. — Quero a verdade — insisti. — Quero saber o que aconteceu que era tão urgente. Ele sorriu de leve. — Descobri algumas movimentações estranhas no Brasil — disse. — Como assim? — perguntei. — Acho que Mauro estava me traindo — revelou. — Mauro, seu parceiro da polícia? — perguntei. — Sim, aquele filho da p**a mesmo — ele confirmou. — Estou pensando em voltar para o Brasil. — Quando? — perguntei. — Você vai comigo — respondeu, e eu o encarei. — Em um mês. — Nem pensar. Não volto para o Brasil — falei. — Está com medo do Bn, maninha? — ele disse sorrindo. — Achei que você era mais corajosa. — Já disse que não volto para o Brasil. Por que está tentando me forçar? — perguntei. — Estou bem com minha filha. — Maiara foi criada pelo pai, nunca deu bola para ela, e agora diz que quer ficar com ela — ele falou. — Leva ela junto, liga para Maiara e manda ela para o Brasil. Ela vai amar as praias cariocas. — Você sabe que se o Bn descobrir que estou lá… — falei. — Você vai estar comigo. Dei fim no Perigo. Acha que vão querer briga? — ele perguntou. — Por isso mesmo que vão querer, Kaio — falei. — Porque você matou o amigo deles. Pode passar anos, eles vão estar sedentos por vingança. — Vamos aproveitar. Temos um mês até voltar ao Brasil — disse ele, apontando para o lugar maravilhoso. — Eu volto para os Estados Unidos — falei. — E de lá vou para o Brasil. — Você não vai fugir — respondeu. — Quero me despedir da minha filha — falei. — Em dez dias você vai para os Estados Unidos. Até lá, quero treinar você — ele disse, sério. — Você precisa aprender a matar alguém. — Matar? — perguntei, chocada. — Nunca se sabe quando precisará se vingar pela minha morte — disse Kaio, sorrindo. — E Rosa? — perguntei. — Ela ainda está no Morro da Rocinha? — É isso que vou descobrir — respondeu. — Se ela ainda está por lá, teremos todas as informações em mãos.
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