Pré-visualização gratuita Capitulo Um
Sabe aquele frase "Lugar errado, Hora errada?" Então... Eu estava vivendo ela. Meus "pais" chegaram na delegacia e olharam com raiva para mim. Depois de alguns minutos, minha "mãe" tocou meu braço com força e me levou até o carro. Eu respirava pesado, com medo, sem saber por onde começar. Eles não falavam nada. Absolutamente nada. Chegamos em casa e eu desci do carro. Eu sabia que o discurso deles iria começar, e eu já estava pronta para escutar. Meu "pai" abriu a porta para mim e eu entrei. Logo os dois estavam me encarando, e o rosto da minha "mãe" estava em chamas— Qual é o seu problema, Clarisse? Só porque completou dezoito anos acha que pode sair por ai se drogando? Andando com quem não presta?
— Mãe...
— Não me chama de MÃE! — ela falou e eu encolhi.
— Me escuta — pedi com lágrimas nos olhos — Eu não...
Ela me interrompeu
— Estamos fartos de você! Não aguentamos mais te bancar, cuidar.... Você é um problema, garota. SEMPRE FOI! Já chega. Já cuidamos de você demais. Prometi a mamãe que cuidaria de você, mas já chega! Ela não deu conta, e jogou você pra mim, agora você se vira. Se é de maior pra sair fazendo o que não presta, já pode começar a trabalhar e se bancar então.
E então meu coração parou por alguns segundos. Eu não conseguia respirar.
— O que? — perguntei — Não...
— Arruma as suas coisas, e dou apenas essa noite pra você pensar em um lugar. Já chega! — ela falou e lágrimas começaram a escorrer de meus olhos
— Você não pode fazer isso! — gritei chorando — Onde minha avó está? Vocês nunca me deixam falar com ela? Onde ela está?
— Isso não interessa agora. Quero você fora daqui amanhã.
— Eu não tenho pra onde ir — falei
— Isso não é problema nosso — ela falou, tocando na mão do cara que eu chamava de pai, e entrando no quarto. As lágrimas não paravam de descer, mas a raiva estava se tornando maior do que essa tristeza. Corri para o quarto e me joguei na cama, deixando as lágrimas rolarem pelo travesseiro. Eu mordia os lábios para abafar o som forte do choro, mas não estava funcionando.
Eu estava sem rumo. Sem ninguém.
Me levantei da cama e me encarei no espelho. Respirei fundo e contei até dez. Eu juro que tentei parar, me acalmar, mas não funcionava. Eu não conseguia.
Me joguei novamente na cama.
Sem amigos ou família para dividir essa dor, estava apenas meu travesseiro junto à mim.
Eles não são meus pais verdadeiros. história é: Eu fui deixada na porta da casa de uma senhora. O nome dela é Eve. Ela conseguiu me adotar, mas por conta de alguns problemas que até hoje não sei, ela me deu para sua filha Megan, e o marido dela, o Jake. Esses que eu chamava de pais até alguns minutos atrás.
Eu nunca mais vi minha avó Eve. E não tenho ninguém além de Jake e Megan. Agora, definitivamente, eu não tenho ninguém mesmo.
Eles nunca gostaram de mim. Nunca! E agora eu tenho que ir embora. Eles não me querem mais aqui.
Aliás, esse negócio com drogas foi tudo um m*l entendido. Lugar errado, hora errada?
Exatamente.
Eu estava voltando da biblioteca do bairro quando passei por um local onde estavam usando drogas, e entre outras coisas. Foi nesse momento que a polícia parou, e levou tudo mundo. No meu caso, um i****a me acusou de estar também, e como eu estava perto deles, por conta da estreita rua, acabaram me levando.
Eu conhecia a maioria daquele grupo. Tinha uma tradição no colégio que valia mais para os populares ou para quem queria ser popular. Depois dos dezoito, se você quisesse ser popular, e andar com os mesmos, deveria fazer a mesmas coisas que eles faziam.
E foi tudo um m*l entendido, mas eles não queriam me escutar. Usaram isso como desculpa provavelmente
Eu estava deitada na cama, encarando o teto. As lágrimas secaram, e se eu aprendi algo em poucos minutos, é que, não importa o quanto doa, VOCÊ NUNCA deve chorar por quem não merece suas lágrimas, e era exatamente isso que eu estava tentando não fazer. Não choraria por eles mais. Não mais! Aquilo de alguma forma me tornou forte.
Eles nunca me amaram, e eu sabia disso. Sempre deixaram claro toda a minha história.
E meus pais verdadeiros? Mortos? Apenas me largaram?
Eu não sei, e talvez nunca saberei a verdade sobre minha vida.
Mas, e agora, pra onde eu iria?
Fiquei novamente encarando o teto do meu quarto. Observando as estrelas florescentes que colei quando eu tinha dez anos.
Meu celular apitou, e eu até estranhei, pois nunca recebi mensagem de ninguém. Desbloqueei a tela e abri nas mensagens. Era um link que levava para o meu e-mail. Me sentei na cama, e apertei.
Logo na frente estava
UNIVERSITY CAMPANARO - TORONTO (CANADA)
Dizia:
É com orgulhosa e honra, que a Universidade Campanaro de Toronto lhe dá os parabéns por passar nos exames e ter sua bolsa integral garantida na Universidade. O prazo que oferecemos aos calouro, é que compareça a universidade em um semana, caso contrário, a bolsa estará perdida [...] A Universidade oferece dormitórios feminina e masculinos para a segurança e conforto do estudante [...]
Eu continuei lendo o enorme e-mail. Meu coração palpitava de alegria. bombas estavam caindo de um lado, mas do outro esperança e oportunidade. Eu não esperaria nem mais um segundo. Essa seria minha chance. Minha nova vida. Eu não queria mais olhar para trás.
Com passos lentos, peguei a grande mala que eu tinha sobre meu pequeno guarda roupa e dei uma limpada para sair a poeira. A coloquei sobre a cama, e juntei todas, TODAS as minhas roupas. Dobrei de um jeito que coube certo. Em um saco plástico, coloquei todos os meus sapatos, e assim fui guardando tudo. Depois de pegar tudo o que me interessava, com muita dificuldade, eu coloquei a mala no chão. Em uma bolsa de costa, coloquei o básico. Alguns pares de roupa, documentos e entre outros. Novamente tive vontade de chorar, mas de alegria.
Eles não me mereciam.
Estava tudo arrumado, mas ainda faltava algo. Dinheiro! Caminhei até meu criado mudo, e abri a gaveta que tinha um fundo falso. Tirei um caixinha, e dentro dela, havia minhas economias. Tranquei a porta, e comecei a contar para ver se meus cinco mil ainda estavam certos ali.
Consegui juntar esse dinheiro ao longo da vida. Quando comecei a trabalhar, na verdade. Eu estudava de manhã, então das 14:00h até às 21:00h, eu trabalhava na lanchonete do Bob, e durante tudo esse tempo, consegui um bom dinheiro. Mas não dava para me bancar sozinha, e Megan sempre reclamou disso.
Mas eu não iria embora sem pelo menos deixar um lembrancinha para eles. Com passos lentos, caminhei para o quarto deles e por sorte, estavam dormindo. Nada anormal. Já era bem tarde. Deixei a porta encostada e fui em direção ao cofre que uma vez eu vi Megan pegando dinheiro. Abri devagar o guarda roupa, e por azar, não havia muito dinheiro. Uns trezentos seria muito. Dê qualquer forma, peguei e sai do quarto.
Liguei para o taxista. Com passos lentos, e muita dificuldade, eu consegui descer as escadas. Abri a porta, e do lado de fora fazia frio. Logo táxi chegou, e colocou minha mala atrás
— Para onde, Senhorita?
— Aeroporto — Falei e ele concordou. Olhei pela última vez para a casa imunda; casa essa que nunca mais quero ver na minha vida. Eu me viraria da maneira que fosse possível, e estivesse ao meu alcance. Eu conquistaria meu lugar. Nunca mais deixarei ninguém me HUMILHAR como eles fizeram. Eu sempre fui forte. Sempre tive personalidade forte, mas naquele momento, eu travei. Foi também porque fiquei com medo de morar na rua, claro!
O taxista parou no aeroporto e me ajudou com a mala. Eu gastaria um bom dinheiro comprando a passagem em cima da hora, mas eu precisava.
Peguei a grande fila e perguntei se teria vôo para Toronto agora, mas só daqui a três horas. Isso não era problema.
O que me deixava mais confiante com tudo isso, era que eu já era de maior, e não precisaria de um responsável ao meu lado. Eu caminharia definitivamente com minhas próprias pernas.
Isso tudo parece loucura, mas é apenas o destino me pregando uma linda peça.
Depois de comprar a passagem, não muito caro, por sorte, eu fui até a área de embarque. Eu comi algo, e fiquei sentada esperando o aviso.
Aquilo tudo parecia tão surreal...
Vôo 3341 destino a Toronto ( Canadá )
Me levantei e entrei no avião. Sentei-me na janela, e logo decolamos. De longe eu podia ver a cidade de Boston.
ADEUS BOSTON! Até nunca mais
Toronto, seja bem vinda a minha mais nova vida
CONTINUA..