SEBASTIAN
Me sentei no meu sofá confortável, deslizando o prato de rosquinhas sobre a mesa de centro da sala, encarando o homem na minha frente, que fala algo importante e eu nem sei direito o que e, minha cabeça ainda está r**m e eu fico olhando para ele e deslizando as rosquinhas para mais perto dele, para que ele possa se acalmar.
A tentativa agora e alimentar o homem na minha frente.
Ele adora rosquinhas, aquelas com uma cobertura e granulados, penso se levanto e vou para cozinha fazer um suco para ele também.
Me julguem se quiser.
Não ligo pra isso.
– O que você acha, Sebastian? - Olho para ele. O que ele havia falado mesmo?
Porra, presta mais atenção Sebastian, me levanto e dou um suspiro.
– Pai, o que o senhor acha? - Tento conversar. - Isso é importante aqui, não a minha opinião, então, o que você acha?
Eu vivia fazendo isso com ele.
Meu pai era bem sutil.
- Que deveríamos chutar a sua b***a para você prestar mais atenção nas coisas.
Viram? Sutil.
E por isso que eu trouxe as rosquinhas até aqui.
Vocês acham que em uma guerra ninguém tem uma bandeira branca escondida em algum lugar, mesmo antes de começar?
- Pai - Sou pego e fico olhando para ele, não é como eu era criança, porque antes dava certo, hoje não dá mais certo. E também minha irmã não está aqui para me ajudar com a difícil tarefa de não levar um puxão de orelha.
- Por que não foi no jantar no sábado? - Ele passa a mão pela barba e fica me olhando e esperando que eu fale alguma coisa. - Te esperei mais sua mãe.
Não tinha nem como me desculpar dessa vez.
Não dava também para falar dos encontros no fim de semana.
A briga.
Ele não aceitaria essa resposta e muito menos o roxo, que agora estava invisível.
E por Deus, eu era muito novo para aprender a voar depois de ser jogado por uma janela.
Estava na época dele me cobrar pelas coisas e eu odiava isso.
Por Deus, ele me cobrar era como tentar enfiar o dedo no meu olho.
E não, não é legal.
- A Xoxota deu problema ontem – Seguro o olhar dele com o meu, vendo a expressão dele, quando ele se lembra da minha bola de pelo e balança a cabeça indignado. - Levei ela no veterinário hoje de manhã, ele disse que ela havia comido algo que a fez m*l. Não podia deixar minha companheira sozinha, me desculpa.
Mentir para ele não é algo bom, mas é uma mentira do bem, não está prejudicando ninguém.
Estaria salvando vidas, duas, a minha e a da minha bola de pelos, porque se eu morrer ela morre em seguidas, e queremos isso? Não.
E por isso que minha mente fica tranquila.
– Vai ver foi seu vômito depois de beber o fim de semana, por que mente para mim? - Dou um suspiro.
- Certo, eu não vou ter essa conversa com o senhor pai, o que eu faço da minha vida é problema exclusivamente meu, porque eu não deixo minhas obrigações passarem da hora. Mania de me cobrar do c*****o!
- Você disse que fecharia com aquele hotel, você não fez isso ainda, temos prazo – Ralha comigo.
- Vou fechar com o dono daquele hotel em breve, estou estudando ele.
Mentira, já havia estudado o suficiente.
Era preguiça de ir atrás.
Um tempo já fazendo essa p***a da maneira que eu gostava de fazer, era o que eu gostava, mas ultimamente eu não tinha a mínima vontade de fazer p***a nenhuma, antes era como se isso fosse minha distração é algo que me faria alguém na vida, agora parece que o que eu faço e um saco entediante.
– Certo, o que tem em mente? – Dormir assim que você sair?
Eu agia como o mediador, eu fazia a negociação de compra e venda de empresas falidas para um replanejamento e já replanejadas, eu devia convencer o dono ou a dona a abrir mão do negócio, seja um negócio de família ou um que não deu certo. Ou eu devia vender empresas reformuladas e lucrativas.
O primeiro passo era ver potencial em algo falido.
O segundo era pegar esse negócio falido.
O terceiro era arrumar esse negócio de forma que ele desse retorno, sem erro.
O quarto era manter ou vender ele, geralmente por um valor inferior pra c*****o do que foi o da compra.
Eu entrava no segundo e quarto passo, eu não podia errar e eu nunca perdia no que queria e quando queria, eu convencia as pessoas, era uma tarefa detalhada, você tinha que dar o que eles queriam, mas sem fazer isso.
E como tirar a criança de dentro de uma loja falando que iria voltar depois.
Mais isso e errado!
Não, é estratégia para um bem maior.
Era uma responsabilidade enorme. E esse era o único ramo da minha vida que estava de pé, o resto estava sendo só o resto, embora de forma depreciativa para mim mesmo.
Eu, com todas as palavras posso dizer que eu sou um sobrevivente.
Porque, francamente, além de um tiro meses atrás, nada mais pode piorar na minha vida, então me seguro no meu trabalho ou tento.
- O que pensa em fazer?
- E tradicional pai, esse povo é um saco para vender – Comento. - Peguei as informações. Vou marcar algo com o dono, puxar o pé dele até que ele me venda, depois passo comando pra vocês e futuramente vendo se for o plano.
– Ele está tentando um empréstimo – O problema da pessoa fodida e poder se f***r mais ainda, pior do que a primeira vez.
Vai por mim, experiência própria.
Temos um senso de auto destruição que chamamos de esperança, isso é legal, bonito, mas pergunta onde isso vai dar no fim.
- Ele não vai conseguir - Falo quando lembro da renda baixa do lugar e o valor líquido das dívidas.
- Vê se aparece na empresa, você faz parte daquilo Sebastian, tem seu nome filho. Você já é homem crescido.
- Trabalho em casa – Meu pai revira os olhos e noto que ele ainda continua sendo turão, se aproxima da mesa e pegando o prato de rosquinhas e suspira fundo.
Isso, observem a mudança de humor.
Ele puxa uma de avelã com chocolates meio amargo, tem granulados, ele morde.
E como uma dose letal para ele.
Eu espero calado, aquela d***a surtir efeito nele.
- Eu vi as garrafas, pare de beber um pouco – Ele ralha e eu dou um sorriso. - Não faz bem.
E o clima fica leve.
– E só de vez em quando, quando estou com alguém.
- Sabe o que chegou até mim? - Ele fica me encarando, mas ainda continua comendo. - Que o senhor estava se envolvendo com Cristina, mulher do Ibrahimovic – Fico parado. - Isso é mentira filho, não é? Sabe que essa coisa de pegar mulher casada e r**m.
Opa!
- Pai olha para mim – Eu entro no jogo. - Acha que um cara que foi traído quatro malditas vezes vai ter a coragem de fazer isso? Isso me chateia muito, pensar isso de mim – Eu me levanto, me movendo pra cozinha, meu pai não fica na sala, se levanta e me acompanha, eu dou um sorrisinho, abrindo a geladeira e pegando a jarra de suco e um copo. E a cereja do bolo. - Cristina e uma mulher bonita Eu não preciso de uma mulher como ela – Deslizou o suco de framboesa até ele. - Ela e bem casada, almoçamos esses dias – Adivinhem quem foi o prato principal? - Mas era profissional, estamos reformulando a empresa do Ibrahimovic, ela queria saber como o marido estava se saindo – Fico parado, vendo meu pai me escutar. - Nada do que se preocupar.
Era por isso que eu intermediava compras e vendas. Eu era bom em convencer as pessoas, era o poder da argumentação e da sensibilidade.
Meu pai balança a cabeça.
E com aquilo me alivio, e despista ele.
- Satisfeito de ouvir isso Sebastian, ele é um cara muito duro com os negócios e com a mulher igualmente. Isso poderia ser um escândalo é um problema, na empresa temos estrutura para receber os clientes, ainda mais mulher. Se fosse alguém que saísse com sua mãe eu poderia dizer que eu não gostaria nenhum pouco, então se for ter alguma coisa, seja na empresa, evita exposição.
Ele deixa o copo vazio e olha no relógio.
- O senhor já vai?
- Sim, sua mãe quer ir em uma peça essa noite. Maya vai também, não quer nos acompanhar?
- Não curto esse tipo de coisa, além do mais vai ser encontro de casais, você e a mamãe, ela e Nicolau.
- Ele não vai, estar ocupado com os últimos detalhes da clínica, no fim do próximo mês e a a******a oficial – Balançou a cabeça. - A estrutura foi reformulada e ficou perfeito, ele fez um ótimo negócio.
- E ficou liso.
- Não, ele se associou. Pelo menos ele está perto filho, assim Maya fica por perto.
- Maya está perto pai, isso aí – Eu tenho pena quando os dois anunciaram o noivado.
Mas por hora, deixa isso.
- Filhos crescem e mudam tanto – Ele solta um suspiro. - Parece que foi ontem que eu vi vocês nascendo.
- Eu adoraria um outro irmãozinho – Debocho.
- Quem sabe – Ele sorri e faço uma careta.
Falando isso ele se despede e vai, quando eu entro em casa, agora sozinho,olho para cachorra que se aproxima do sofá e se deita ao meu lado no sofá.
- Veio me fazer companhia, meu amor? – Ela fica me olhando. - Eu tenho que comprar um hotel, o que acha disso? O dono e um velhote. Acho melhor terminar isso de uma vez para não ter nenhum senhor Pedro no meu pé, o que acha? Seu avô e chato e come que nem um carro velho – Acaricio o pelo. - Eu vou te mandar pro seu parquinho, tomar um banho e ficar maravilhosa – Dou um sorriso.
- Au! - Fico parado e a confusão do fim de semana vem na minha cabeça.
A loira principalmente, a vontade que tenho e caçar ela, mas não vale a pena.
Na verdade vale muito a pena.
Mas depois da confusão, bem, aparecer na frente da chata não e o que eu quero fazer.
Mas tem duas pessoas que estavam lá.
- Eu sei que tenho que ligar para Calvin e Rick, mas Xoxota, eles poderiam ter apenas ficado do meu lado.
- Au, au!
- Você acha que não, filha? Eu vou resolver isso, ultimamente é bom guardar os amigos que me sobraram – Ela se aproxima de mim e eu a pego no colo. - Você é minha única companheira, fiel e amiga, está comigo pra tudo, não é? - Ela se agita. - Amo você bola de pelo.