CAPÍTULO 3

2587 Palavras
SEBASTIAN Rick repete como usar a câmera profissional pela décima vez, enquanto respiro fundo com coragem, tentando ser rápido e fixar minha atenção nele e nas mulheres que estão paradas mais afastadas. - Toma cuidado com meu bebê – Ele suspira e puxa uma câmera menor do bolso e eu encaro ele chocado. - O que? Um bom profissional anda pronto pra qualquer situação, agora vai, você tem dez minutos até que eu te tire de lá. - Se você ver que não deu certo entra no meio, faz escândalo e me livra de lá, tá legal? Criem sempre um plano A e um plano B, se você for como eu, azarado na maioria das vezes, aprenda a fazer o alfabeto de planos, assim você vai ter oportunidades amplas caso a anterior não tenha dado certo. A tendência de ficar na mão e mínima dessa forma. - Você me deve essa – Fala. - Vai, seja legal, não seja debochado e nem irônico, peça com jeito e com a loira seja gentil. Finja que é um fotógrafo profissional mesmo. - Vixe, aí você complica minha vida cara – Soltou uma risada. - Sua sorte acaba de melhorar, vai querido, ela está sozinha, a ruiva se mandou – Eu me mexo, quando estou perto eu suspiro fundo e entro com a minha melhor expressão. Só aí eu percebo que ela é realmente linda, que tem os olhos marcados pela sombra escura, duas pernas torneadas com um tecido preto cobrindo até metade da coxa dela e um corpo de tirar qualquer homem da linha. E a velha sensação de conhecer essa mulher me atinge e me faz tentar saber de onde ou como, mas nada vem. Foi tequila ou whisky? Misturei com o que? Eu devo estar ficando maluco, ainda mais quando eu paro perto dela. - Com licença – Marha Paulini se mexe devagar, mantendo o sorriso no rosto e os olhos iluminados, erguendo o olhar claro e me encarando. - Senhora Marhi, muito prazer, Sebastian, fotógrafo da Star – Ela fica me encarando, o sorriso vai sumindo gradativamente, até sumir mesmo. Acho que isso que vai acontecer com aquelas geleiras lá da onde judas perdeu as botas, vai derreter gradativamente, depois vai sumir, o mundo acaba em seguida. E agora estou me sentindo como se eu fosse o fim do mundo depois de todo aquele gelo derreter. Ela devia estar sorrindo, não parar de fazer isso ao me ver. Eu estou fedendo? Eu estou com bafo? Que tipo de volta e essa que o munda dá? Não era os humilhados que seriam exaltados? Bem, parece que o meu anjo da guarda tem uma ligação especial um demônio para me deixar cair em tanta tentação. - Você? - Já nos conhecemos? - Ela dá um suspiro e se mexer, olhando ao seu redor como se procurasse alguém, poderia dizer que e a amiga ruiva gostosa. - Sim? - Não – A garota volta a me encarar, noto o vestido preto justo ombro a ombro, a pele branca e os cabelos que caem lisos, cabelos loiros partidos ao meio. - Não nos conhecemos. Aquilo me frustra. Pode ser impressão minha mesmo. Mas a sensação está ali em mim, presente. - Posso? - Ergo a câmera, imitando o que Rick havia me ensinado. - Para que as fotos? - Indaga, com a voz firme. - Você é uma modelo, está em destaque, pensei que gostaria de fotos. Inauguração do lugar – Ela ergue o dedo e aquilo me impede de continuar. - Pensou errado, estou aqui para me divertir – Eu abro e fecho a boca com a má resposta. Não era pra ser gentil? - Não precisa ser tão rude – Ela abre o sorriso, mas dessa vez noto a ironia ali, presente. - São apenas fotos – Rick falou para eu ser gentil, eu estou tentando. Juro por minha mãe. Não é possível que eu esteja fazendo isso de forma errada. - Por que acham que queremos ser expostas sempre? Não é porque eu faço o que faço, que preciso perder minha vida social e expor ela. - Olha – Antes de terminar de responder como se deve a ruiva aparece. Acredito que ela tenha sorte e que possa jogar na loteria. - Oi, está tudo bem aqui? - A loira balança a cabeça, movimentando os cabelos e desviando o olhar de mim. - Sou Sebastian, da revista Star – A ruiva e mais receptiva, pelo modo otimista que me encara, abrindo um sorriso. -Pensei que seria Rick a cobrir essa noite – Eu balanço a cabeça. - Ele também está aqui, logo ele vai aparecer – A ruiva se aproxima de mim e coloca a mão no meu rosto. - Querido que tal fotos, está aqui para isso, não é? - Ela olha para a mulher ao seu lado. - Marhi? - Eu preciso ir – Fico observando ela. - Nada disso, vamos, para sua imagem você deve aparecer, isso aqui e cortesia e sociabilização pra você mocinha, você está brilhando, use isso agora. A loira ergueu o olhar para mim, da um balançar de cabeça e ao lado da ruiva eu a pego com a câmera, como se ela fosse a coisa mais perfeita para aquelas lentes. Ela se retrai, noto isso pela forma que o sorriso dela sai preso, não como o sorriso que eu vi antes. O clima pesa. E eu quase me sinto culpado por aquilo. Quase. - Sebastian, tudo certo por aqui? - Rick me salva. - Rick, meu amadinho, estou esperando sua matéria comigo – A ruiva afina a voz e fala de forma manhosa. - Com que vou ter que dormir para ter uma matéria exclusiva na revista? - Comigo e que não é queridinha – Rick sorri para mim. - Acabou? A loira sem falar mais nada dá as costas e sai. Aquilo faz minha cabeça girar. Hora que eu penso que achei algo bom, vejo escorrer pelas minhas mão. Mas um bom homem nunca deixa o sabão escorregar. - Está tudo bem com ela? - A ruiva sorri. - Ela está se adaptando com toda essa coisa de começo de carreira, pobrezinha, logo se acostuma – A ruiva me encara. - Quando foi que a Star contratou fotógrafos tão atraentes, que tal beber uma bebida comigo gato? – Balanço a cabeça, entregando a câmera para Rick. - E uma oportunidade de ouro. Ignoro. - Onde vai, Sebastian? - Pegar uma bebida pra gente, você aceita? - Você é gay? - Eu ergo o meu olhar para a ruiva, o penteado preso com algumas mexas do cabelo soltas, o batom roxo e o vestido de alça, que escondem belos pares de seio. - E gay? As pessoas devem parar de pensar que por andar com um gay você seja um. Quer dizer que se eu andar com doido eu vá virar um doido? Rick solta uma risada ao meu lado. Sabendo o que eu posso falar. - Não – Ela sorri. - Você só não faz o meu tipo, não gosto de ruivas. Eu dou as costas, seguindo para a mesma direção que a loira foi. O difícil não é nem a sensação de conhecer ela e não lembrar O difícil é achar ela depois que ela se enfiou no meio de tanta gente. Alguém devia avisar que deu de gente nesse lugar. Paro de andar só quando vejo a loira. E pode ser que eu tenha uma pretensão maior nela do que apenas o fato de querer saber se eu a conheço mesmo, mas eu não identifiquei essa pretensão ainda, não sei se estou completamente atraído a ponto de comê-la ou apenas saber quem ela é, embora uma coisa leva a outra, muda apenas a sequência. Ela se aproxima de um homem e eu fico parado, vendo ela o beijar no rosto e sorrir, aquele sim, um sorriso verdadeiro, sem tensão e nem ironia. Com ele era parece satisfeita e aquilo me enjoa. Como meu pai sempre diz, o pão não se assa sozinho ou o televisão não se muda sozinha. Eu continuo a caminhar até parar e encarar os dois pombinhos. - Com licença – Ela ergue o olhar primeiro. - Você de novo não – O cara se mexe ao lado dela, me encarando. - Já disse que não estou a fim de fotos. Grandes vitórias nunca teriam acontecido se os feitores tivessem desistido, disso eu tenho certeza. Isso e sobre não desistir. - Tem certeza que eu e você não nos conhecemos? - Ela suspira. - Estou com essa sensação de conhecer você, preciso saber, me desculpe se estou enchendo sua paciência. - Você é um fotógrafo da Star, você deve ter me visto em algum lugar e deve estar com essa impressão – Balanço a cabeça em negativa. Não era só aquilo. - Então onde nos conhecemos? Em um jantar? Não frequentamos o mesmo tipo de lugar cara, fica na sua. Eu dou um passo para trás, sorrindo por um lado e chateado pelo outro. Mulher pode ser c***l. Ela acha que não podemos frequentar os mesmos lugares. Mas são pessoas como eu que podem fazer o lugar para pessoas como ela frequentar. - Sabe quem – Eu paro de falar, porque a primeira lição que aprendi era ter respeito pelo meu sobrenome e minha família, fazer parte daquilo, mas sabendo o que era aquilo. - Muito bonito da sua parte falar isso, me surpreendeu loira, fantástico! - Você que perguntou se me conhece, e eu falei que não frequentamos os mesmos lugares. Então não nos conhecemos. - Ele está te incomodando? Posso dar um jeito – Eu ergo o olhar para o cara que se aproxima mais dela, um engomadinho, pensando que pode alguma coisa comigo. - Fica fora disso, eu só estou fazendo algumas perguntas para ela. - Você já terminou, pode ir agora? - Fico parado, encarando o rosto dela. - Eu sei que te conheço – Sussurro e duvido que ela tenha escutado. O cara ao lado dela a puxa e me encara. - Cai fora – Solto uma risada. - Não vê que ela quer distância? - Distância eu quero e de você – O cara dá um passo para frente e me encara. - Acha que eu tenho medo de você, engomadinho? Eu poderia ser facilmente chamado de engomadinho, mas o jeito que eu me visto não rola, eu odeio camisa social, odeio roupas com goma. Eu estou com uma camiseta preta, meio amassada já, a calça e tênis da noite passada. O cabelo bagunçado. Eu nunca passaria pelo engomadinho. - Para cara, vai pra onde você veio – A voz dela saiu alta e abafada, como se sentisse o cheiro da confusão. Marhi Paulini é uma v***a. Dica número um, nunca xingue uma mulher na cara dela. Mas, essa dica fica de lado com atitudes assim com o bem apessoado que eu estou sendo com ela. - Não nos conhecemos para você falar comigo loira – Ironizo. - Sai e deixa ela em paz – E antes que a mão do homem consiga me empurrar eu o acerto. - VOCÊ É MALUCO?! - O grito dela me agita e me faz encarar o rosto dela, rir da expressão assustada. - Eu sou o batman! Gargalho e sinto o punho dolorido e fico parado, vendo ele com a mão na boca, quando se levanta vem pra cima de mim, me acerta uma vez e vou pra cima dele. Com um único empurrão eu o jogo no chão, uma roda se forma e eu escuto a música, as pessoas e a voz dele me xingando, eu fico de boca fechada, enquanto o acerto, o gosto de sangue na boca, a vontade de rir da cena. Esse tipo de coisa devia parar de me acontecer. Brigas nunca são boas. Isso me aquece muito, me faz ficar agitado, mais do que qualquer outra coisa. E na família o histórico de brigas nunca é bom, nunca é certo e nunca pode se estender demais. Mas quando acontece não podemos sair pra baixo, e por isso que eu brigo, como se a minha vida dependesse disso. Quando eu penso que eu vou finalizar com o homem eu sou puxado para trás com força e sou jogado no chão, perto de uma parede. - PARA! - A voz gritante de Calvin eu conheço até debaixo de água, que me faz parar e erguer o olhar para ele do chão, dando um sorriso para ele. - Chegou na melhor parte - As garotas que estavam com ele estão mais afastadas, nos encarando assustadas, junto com o resto do lugar. - Estraguei sua noite? - Cala a boca, olha a confusão, de novo cara! - Eu estava resolvendo uma coisa com - Eu procuro Marhi, a loira e não a encontro, o que me faz levantar e ver o outro cara no chão sendo ajudado. - Cadê ela? - Pergunto olhando para os lados. - Viu o que você fez?! - Grito com ele, quando tento andar ele me empurra. - Para! - Eu dou um passo para trás e Rick se aproxima de mim quando se esquiva das pessoas - Só podia ser vocês os escandalosos, ficaram malucos?! - Foi esse s*******o aqui – Calvin se estressa e aquilo me faz respirar devagar. - O que aconteceu? - Nada Rick, nada. - Você não estava tentando com a garota? - Balanço a cabeça. - Pensei que iria ser educado. - Rick – Ele balança a cabeça e eu paro de tentar me justificar. Precisava sair disso. - Vamos sair daqui, você e um s*******o cara, decepcionado com você – Eu não falo nada, eu ainda procuro a loira. - Onde ela está? - Quem cara? Olha a confusão que você fez, fora de brincadeira – Eu me estresso e encaro Calvin. - Eu não pedi para me ajudar Calvin, você não estava com uma mulher, vai pro seu canto, me deixa em paz, sei me cuidar sozinho – Balanço a cabeça quando eu não encontro Marhi, erguendo a mão e tocando na minha boca, vendo o vermelho na ponta dos meus dedos. - Eu nem queria vir nesse lugar, f**a-se tudo isso, vi só por sua causa garoto – Calvin dá um passo para trás e eu dou um sorriso. - Isso, vai se afastando, não preciso de ajuda. - Melhor ir pra casa – Rick fala. - Você tem problema - Fico parado, olho a minha volta e encaro as pessoas me olhando. - Te trouxe para conhecer uma garota legal p***a, não brigar. - Não adianta Calvin, o problema com o seu primo não são as mulheres, e como ele age com elas – Eu me mexo e passo por eles. - Parem vocês dois, eu não quero ninguém c*****o. Eu quero é que elas se fodam e vão para o inferno! – Eu dou as costas. - Da próxima vez se quiserem arrumar mulher pra mim, paguem uma p********a, são mais descomplicadas – Vejo alguns olhares na minha direção. - Você tem que parar com isso – Paro de andar. - Sebastian não é só dessa atitude que eu falo, sabe que isso vai te colocar em problemas – Balançou a cabeça e nem olho para trás. - Vai pra casa Calvin, me deixa em paz. - Escuta seu primo! - Fica na sua florzinha, sei da minha vida – Falo descrente, saindo dali e sumindo. Era uma noite agitada.
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