Dado narrando Não consegui pregar o olho a noite inteira. O travesseiro estava lá, mas parecia que tinha espinhos. A raiva me consumia por dentro, queimava. Sil não devia ter me feito passar aquela humilhação… não depois de tudo. Não depois de mim. Ela vai pagar, e vai ser da pior forma possível. Levantei da cama sem fazer barulho, botei uma roupa preta, touca, peguei o celular no bolso e saí. Já sabia o esquema das rondas, os horários em que o fluxo da rua morria e os soldados sumiam por um tempo. Desci o morro sem pressa, andando como quem não quer nada, mas com a cabeça fervendo. Cheguei perto da ONG. Esperei o momento certo, como quem espera a hora certa de puxar o gatilho. O cadeado era novo, mas com um pouco de força e jeito, quebrei. Fez um estalo alto demais pro meu gosto. Uma

