Era uma quarta-feira de céu nublado. A brisa arrastava folhas secas pela rua, e o barulho distante do morro era abafado pelo sossego raro da manhã. As crianças estavam na escola, e Bia, de folga, aproveitava pra limpar a casa ouvindo música baixa, vestida com um shortinho curto e uma blusinha decotada. O cabelo preso de qualquer jeito, o rosto sem maquiagem — mas com aquele charme natural que ela nem percebia mais.
O barulho da moto na porta a fez parar com o pano de chão na mão. O coração dela deu um pulo antes mesmo de confirmar. Era ele.
Luiz.
Ou melhor, Shark. Porque o jeito que ele se portava ultimamente — mais fechado, mais intenso — lembrava mais o homem do tráfico do que o garoto que ela conheceu um dia.
Ela abriu a porta antes mesmo de ele bater. Ele estava ali, de boné, camis
