capítulo 11

1086 Palavras

📍 NARRADO POR DANIEL Velório da Luísa. Acordei sem querer. Ou talvez… nem tenha dormido. Foi só o corpo deitando e o tempo passando por cima. O sol não nascia. Nem precisava. O dia já era escuro antes mesmo de começar. Me levantei devagar. Cada osso estalando como se a alma pedisse licença pra existir. O chão frio. O ar parado. O mundo em luto — e eu também. Fui até o banheiro. Encostei na pia. O espelho tava rachado desde a noite anterior. Meu rosto multiplicado em cortes. Um reflexo tão quebrado quanto o que sobrou de mim. Abri a torneira. Joguei água no rosto. Mas não adiantou. Tem sujeira que não sai. Tem sangue que não limpa. Peguei a toalha. Sequei com pressa. Olhos inchados. Pele pálida. Parecia que eu mesmo era o morto. Voltei pro quarto. Helena ainda t

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