📍 NARRADO POR DANIEL VASCONCELOS Helena não disse mais nada. Ficou só me olhando por uns segundos, como se quisesse decifrar a bagunça que eu tava. E aí, sem aviso, veio por trás e me abraçou. O cheiro dela — mistura de sabonete barato com café que ainda nem passou — me pegou de jeito. Braços finos, mas firmes, se fechando no meu peito. A testa encostou entre minhas omoplatas, e a voz veio baixa, quase um suspiro: — “Só quero te ver bem, maninho…” Fiquei imóvel no primeiro segundo. Depois, soltei a fumaça pelo nariz e falei, sem mudar o tom: — “A filha do Bruno dormiu aí. Depois tu vai conhecer ela.” Senti o corpo dela se afastar um pouco, como se precisasse me olhar pra ter certeza do que ouviu. Helena deu a volta, encostou no parapeito ao meu lado, mas com o rosto virado pra

