Capítulo 04

1219 Palavras
—Ele é introvertido, não gosta muito de bagunça. Ouvi uma conversa no banheiro feminino assim que entrei para tomar banho. Era enorme e tinha vários boxes. Eu não conseguia ver quem era, só conseguia ouvir as vozes. —Estou apaixonada por ele, eu acho. Vou perguntar se ele quer orar comigo. —uma delas comentou. —Ah, espero que ele aceite amiga, ele é tão bonito. —a outra comentou. —Mas nem é por isso, o Matheus é diferente, ele é gentil, nunca entra em discussão, ele é cavalheiro, não lembra de quando a Ana quebrou a sandália e torceu o pé? Ele a pegou no colo e levou até a sala médica da igreja. —a menina falou. Fiquei atenta quando ouvi o nome de quem elas estavam falando, então era o garoto que eu conheci, uma delas está apaixonada por ele e provavelmente vai tentar um relacionamento. Não sei o motivo, mas meu coração ficou acelerado, eu senti um certo... Ciúmes?! Tratei de tomar banho logo e deixar elas conversarem sozinhas, hoje é o último dia de retiro e já estamos nos preparando para o encerramento e ir embora. Senti que nos últimos dois dias ele passou longe, apenas trocamos olhares e alguns cumprimentos, mas nada de conversa ou algo do tipo. Também evitei de ficar pensando nisso, eu amei esses dias aqui e agradeci muito por ter tido coragem de vir, conheci muita gente bacana. No momento de ir embora, eu sentei no mesmo lugar, Matheus e seu irmão sentaram um pouco mais na frente, fiz amizade com várias meninas e fomos a viagem de volta inteira conversando sobre os dias naquele lugar. Depois de algumas horas, chegamos na sede da igreja, todo mundo desceu e se despediu, minha amiga Maria Luiza já estava me aguardando do outro lado da rua, ela sorriu e acenou bastante para mim, eu fui me despedir do pessoal, abracei cada um, Matheus estava perto de mim, mas não estava me olhando. Decidi não incomodá-lo e dei um passo para fora da calçada, mas uma mão me segurou e eu virei para olhar quem era. Ele estava me olhando de forma diferente, não entendi bem o que aconteceu, mas ele beijou minha bochecha e disse: —Seja bem vinda, até domingo. E virou as costas e saiu. Passei muitos segundos parada olhando para suas costas enquanto ele se afastava. Maria Luiza me gritou e eu acordei do transe, corri para atravessar a rua, ela me abraçou assim que eu parei em sua frente. —Amiga, quem era aquele maravilhoso que te abraçou? —ela perguntou animada. —Para com isso, ele é só um amigo da igreja... —eu respondi. —Se é seu amigo, já me apresenta, amei. —ela falou. Ela é um poço de piadas sem fim, mas sei que ele é realmente encantador, tanto fisicamente quanto internamente, imagino que deve ser bem difícil não gostar dele. Mas, como eu não estava buscando namoro, não pensei muito nisso. —Vamos embora, sua doida. —puxei Maria Luiza para dentro do carro e ela nos tirou dali. Eu estava com muito sono, porque acordamos cedo demais, quando eu cheguei em casa, subi direto para o meu quarto e me joguei na cama, caí em um sono profundo, até que em algum momento, sonhei com nossa despedida, ele segurando minha mão e me envolvendo em seus braços, aquilo pareceu tão bom. —Gabi? —ouvi uma voz ao longe me chamando. —Gabi? —a voz chamou mais alto. —Gabrielle, minha filha, levanta. Abri os olhos e Mila estava em meu quarto, ela sorriu quando eu levantei devagar, estava exausta, sorri e ela perguntou. —E então? Você gostou? —Mila, eu amei, conheci tanta gente boa lá. Até conheci um garoto...—falei essa parte baixinho. Ela levantou uma sobrancelha para mim e veio sentar na cama comigo. —Serio? Vocês conversaram? Sabe, geralmente o namoro lá é diferente do que você está acostumada a ver com suas amigas... —ela me explicou. —Eu sei, é uma igreja. Mas ele parece ser tão legal, ouvi uma outra menina dizer que vai tentar namorar com ele. —eu abaixei a cabeça quando disse isso. —Quer dizer, eu não ligo, só estou comentando. Ela sorriu e suspirou. —Ah, querida. É normal isso, você é jovem e um garoto chamou sua atenção, não precisa fugir disso ou ter vergonha. — ela me disse. —Eu sei, mas eu não fui lá pra ir atrás disso... Eu fui porque... Não sei o motivo, mas eu gostei bastante de tudo, inclusive dele. —falei gargalhando. —Agora estou curiosa para saber quem é esse. —ela comentou curiosa. —Ah, é Matheus o nome dele, ele é moreno, alto, tem o cabelo castanho liso, é irmão de um garoto que toca guitarra. —eu dei as descrições dele. Mila passou alguns segundos me olhando seria, mas depois caiu na risada, ela levantou da cama e ficou andando de um lado a outro do quarto enquanto ria e balançava a cabeça. —Por que está rindo tanto? —questionei. —Você gostou do meu filho. —ela disse ainda rindo. —O Matheus é meu filho. Eu quis me enterrar em um buraco naquele momento, ela gargalhou ainda mais quando eu voltei a cair com tudo na cama. Que vergonha. —Eu não sabia, eu... Desculpa. —só consegui dizer isso. —Ei, não se preocupe, mas estou preocupada com você, ele é muito introvertido e está muito focado em passar no concurso que ele quer, duvido que ele pense em meninas no momento. —ela explicou cautelosa. —Entendi. Eu também deveria estar bastante preocupada em seguir meu sonho, não é? —falei triste. —Menina não fique triste, muitas garotas queriam ter essa oportunidade, seus pais só querem o melhor para você. —ela explicou. Eu amo Mila, ela é a única pessoa que me entende, mas também é a única que consegue domar meus pais, ela nunca abaixou a cabeça pra nada, acho que eles gostaram dela, pois já faz tempo que ela vem duas vezes na semana. —Estou tentando, Mila. Estou tentando. —eu disse. Ela conversou comigo por mais um tempo, me avisou que meus pais saíram para sei lá aonde e eu estava sozinha em casa. Eu mesma preparei meu jantar quando deu a hora. Quando peguei meu telefone, percebi que me adicionaram ao grupo de jovens da igreja, só por curiosidade eu fui na lista de participantes do grupo e fui procurando um a um. Até encontrar o contato dele. Estava lá, mas ele não estava ativo na conversa. Meu dedo coçou para mandar uma mensagem, mas decidi que era melhor não fazer isso ainda. Larguei o telefone de lado e fui jantar, depois tomei um banho e apaguei. Eu dormi tanto naquela noite que nem vi mais nada. Novamente eu sonhei com ele, com o toque de sua mão na minha e sua boca encostando em minha bochecha, eu acordei no meio da madrugada e peguei o telefone para ver o horário. Meu coração errou uma batida quando lá estava uma mensagem de um número com a foto dele. Era apenas uma saudação, mas me deixou completamente acordada e eufórica.
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