capítulo 03

1934 Palavras
Rafaela . . . Finalmente chegou sexta, e nada melhor, depois de um dia irritante, do que saber que teria baile. Normalmente meu pai faz os bailes aos sábados e eles vão até domingo à noite, mas hoje ele disse que viria um aliado e ia comemorar. Eu que não ia reclamar: adoro balançar a raba e beijar. Tem cada delícia que, nossa senhora das calcinhas molhadas... Mesmo tendo mil e um vapor na minha cola, sempre dou um perdido e fico com alguém. Esse é o r**m de ser filha do dono do morro: não pode ficar com ninguém. Caso contrário, o menino morre com um tiro na testa ou sai correndo ao descobrir quem somos. Desde pequena minha mãe dizia que, enquanto todos brincavam, eu ficava me arrumando, passando maquiagem. Acho que é por isso que hoje sou tão vaidosa. Confesso que tem dias que estou de saco cheio e saio do jeito que acordo, mas isso não vem ao caso. Como hoje era dia de baile, também era dia de bater a gilete no azulejo. Sou virgem, mas nunca se sabe quando vai perder, né? As meninas viriam aqui em casa para começarmos o pré-baile. Sempre nos juntamos na casa de uma ou outra para nos arrumarmos juntas. Erick: Rafaela, cadê teu secador? – entra no meu quarto só de bermuda. Erick tem um amor por aquele cabelo dele... enquanto nós, mulheres, ficamos horas nos maquiando, ele fica horas mexendo naquele cabelo. Eu: Cadê o seu? Erick: Lívia roubou ontem e não me devolveu. – Sorri malicioso e se joga do meu lado. Eu: Para com esse sorrisinho aí. Erick: Por quê? Todo mundo sabe que você sempre foi apaixonado por ela, desde os quatro anos. Confesso que antigamente eu tinha até ciúmes deles por estarem sempre juntos, mas quando comecei a entender o bom da vida descobri o motivo, kkk. Erick: Nada a ver, garota. Eu só ficava com ela porque morávamos na mesma casa. – Olho para ele com a sobrancelha erguida. Ele abraça minha cintura e eu começo a mexer no cabelo dele. – Pô, e mesmo se eu quisesse... já olhou pra mim? Sou do tipo de pegar geral, não de ficar preso em uma só. Sou todo errado. Eu: É por isso que você não consegue ninguém. p***a, Erick, presta atenção! O que essas garotas do morro podem te dar? Uma b****a arrombada? Quantas delas, quando você leva um tiro, se preocupam? – ele só me olhava pensativo. Às vezes acho que Erick é i****a de não perceber certas coisas. – Nenhuma está com você porque te ama. Estão com você por ser filho do dono e futuro herdeiro do morro. Quantas ficaram ao seu lado quando você precisou? Quantas dessas piranhas largaram o que estavam fazendo para te dar um ombro amigo? Erick, acorda pra vida! Se não assumir o que sente, vai perder ela e depois não venha chorar no meu ombro. Erick: O que eu tenho pra dar a ela? Um risco de ser sequestrada? Alvo dos meus inimigos? Rafaela, ela merece mais do que ser um alvo de traficante. – Se levanta sem me deixar responder, entra no meu banheiro e volta com meu secador. – Valeu. – Sai do quarto, e eu fico pensando... ele não quer ficar com ela por medo de acontecer algo? [...] 21:20 As meninas já estavam aqui em casa. Os meninos estavam com o Erick no quarto dele, e infelizmente o Gabriel também. Pelo menos ele ficou lá e não veio aqui depois da nossa conversa. Lívia: Alguém me ajuda, pelo amor de Deus! Que roupa eu uso? – sai do banheiro de toalha, segurando um vestido e um body com saia. Eu: Eu prefiro o body. Carol/Eloísa: Eu também. – Liv sorri e tira a toalha na nossa frente. Aqui não tem essa de vergonha, todo mundo já viu todo mundo. Eu: Acho que vou colocar esse daqui. O que vocês acham? – levanto meu vestido preto. Normalmente eu não uso vestido pra baile, mas não sei porquê, deu vontade hoje. Eloísa: É lindo. Seu pai e Erick vão ficar loucos quando ver. – fala rindo, e eu dou de ombros me sentando na cama. Eu: Eles podem falar o que quiser, a roupa é minha. – rimos. – Carol, vai querer que eu te maquie agora? Carolina: Vou, claro. Se eu for tentar fazer, vou é afastar os gatinhos de mim. – ri e se senta na minha frente. Eu sempre maquio elas, daqui a pouco vou até cobrar pelos serviços. Eloísa: Tá com fogo no r**o, hein, Carolina? Deixa o pai saber que a filhinha dele de 15 anos tá querendo atrair os gatinhos. Carolina: Conta, aí eu falo pra ele que a bebê dele já não é mais virgem. – fala, e eu e Liv caímos na gargalhada. Eloísa perdeu a virgindade ano passado com um playboy que chegou aqui no morro. Nunca mais eles se viram. Eloísa: Toma no cu, já foi hoje? – pergunta batendo na testa dela. Eu: Vai borrar minha maquiagem, loira do brejo. Lívia: Socorro! – olhamos e a mesma tava toda enrolada com o body. Eloísa: c*****o, Liv! Tu fez o quê aí, menina? Lívia: Fiquei boiando e quando vi já tinha feito isso. – Rimos, e Eloísa ajudou ela. Depois que terminei a maquiagem da Carol, fiz na Eloísa e na Liv. Meu cabelo já estava pronto, então era só fazer a minha make depois. Meu cabelo estava solto com algumas ondulações. As meninas fizeram o mesmo, menos a Liv que tem aqueles cachos maravilhosos. Quem dera eu ter um cabelo daquele. O meu, às vezes, me dá nos nervos por ficar caindo no olho. Terminamos de nos arrumar e, sinceramente, eu mesma nos pegaria. Lívia: Aaaah, eu tô LINDÉRRIMA! – faz pose no espelho e nós rimos. Carolina: Vocês estão parecendo as damas de preto, nunca vi amar tanto o escuro. Eu: É bom que disfarça as gordurinhas. Lívia: Que gordurinha, meu amor? Somos gostosas. – faz biquinho e eu n**o rindo. Terror: VAMOS IR SEM VOCÊS SE DEMORAREM MAIS UM SEGUNDO! – grita meu pai lá de baixo, e eu reviro os olhos pegando minha bolsa. Eu: Já estamos indo, pai! – descemos. Na sala, os meninos estavam lindos e meu pai nos encarava sério, da cabeça aos pés. Terror: Que p***a vocês acham que vão com essas roupas? – diz puto, e minha mãe revira os olhos segurando o ombro dele. Valentina: Deixa as meninas, amor. Estão lindas, por sinal. Eu: Eu sei, mãe. – me faço e rimos. Erick: Vocês não vão sair daqui assim, nem a p*u. Lívia: Quietinho, Erickson! – chamamos ele assim quando queremos irritar. Parece que funcionou, já que ficou vermelho de raiva. Eu: Vamos logo que vocês estão me fazendo perder minutos preciosos de baile. – digo já saindo, acompanhada pelas meninas e pela minha mãe, que estava maravilhosa. Minha mãe nem aparenta ter a idade que tem. Tudo durinho e se veste como nós. Aliás, não só ela, como minhas tias também. Já próximo da quadra, já dava pra escutar o som alto. Vivem reclamando do volume, mas meu pai nem liga. Se bobear, aumenta mais. Pô, mano, o melhor daqui são os bailes. Eu só saio loucona, ou quando meu pai me carrega, mas isso não vem ao caso agora. Entramos no baile já recebendo olhares. Não gosto de amizades fora as meninas. As outras só se aproximam de mim pra ficar perto do meu pai ou do meu irmão. Sério, teve uma vez que dei uma chance pra uma menina e ela deu em cima do meu pai, fazendo ele e minha mãe brigarem. Por isso, prefiro só minhas vacas mesmo. Subimos para o camarote e meus tios já estavam lá... que comece o baile. Luiza Narrando . . . (Canadá) Estar correndo atrás dos meus sonhos é uma ótima sensação, mas a saudade da família é grande. Quando eu e o Gui decidimos não seguir a vida que tínhamos como “legado” e fomos estudar em outro país, meu pai pirou. Começou a fingir estar sem ar e até desmaio falso ele causou. Agora imaginem só: um homem daquele tamanho se jogando no chão. Eu e o Gui estamos morando juntos. Mesmo ele não sendo meu irmão de sangue, somos muito ligados, e eu até esqueço desse detalhe. Falando no Gui, ele está namorando. Taiane é um amor e, pela primeira vez, eu não expulso uma menina que está com meu irmão. Essa semana ficamos livres da faculdade por causa de uma revisão elétrica. Então decidimos ir para o Brasil sem ninguém saber, e o Gui vai aproveitar pra apresentar a namorada. Ela sabe que viemos de morro e, pra nossa surpresa, adorou. Disse que sempre quis conhecer um no Brasil. Hoje é sexta e, com certeza, no Brasil eles estão no baile. Vamos sair daqui às 22:00 pra chegarmos lá às 11:00. Eu estava bem ansiosa, já que fazia cinco meses que não nos víamos pessoalmente. Guilherme: Bora, Lu. Taiane já está no carro. – Saio dos meus pensamentos com o Gui na porta e me levanto. Eu: Já tô indo. – Ele me ajuda pegando a mala e descemos. Taiane já estava no carro, ansiosa. Entrei no banco de trás pra deixar o casal junto. O que a seca não faz, né, meus amores? Ficar de vela pro irmão... – Oi, cunhadinha, ansiosa? Taiane: Oi, linda. Muito. E com medo também. Guilherme: Não precisa ficar com medo, amor. O povo é maluco, mas não fazem nada. – Gui é tão fofo que às vezes dá vontade de vomitar. Se Rafa estivesse aqui, estaria fazendo vômito falso. Que saudade dessa louquinha p*****a. Fomos pro aeroporto brincando e, assim que chegamos, resolvemos tudo rapidinho. Eu estava morrendo de sono, mas a ansiedade me consumia. O casal 20 ia na frente, abraçado, e eu fui atrás em direção ao portão de embarque. Estava tão distraída com tudo à minha volta que só saí do transe caindo com tudo no chão, com um peso sobre mim. Xxx: p**a que pariu, garota! Tá com o olho aonde? – ergo o olhar e vejo um menino lindo, mas i****a. Eu: Na cara, né, meu filho. Você que esbarrou em mim. Xxx: Eu? Você que tá aí pensando na morte da Bezerra, achando que só tem você no aeroporto. Eu: Olha aqui, garoto... quer sair de cima de mim? – falo já perdendo a paciência. Ele sai de cima, me deixando no chão. – Dá pra me ajudar? Xxx: Eu não. – Bufo, me levanto e vejo Gui me olhando. – Tu é cega? Eu: O quê? Olha só, garoto, eu tô de saco cheio, morrendo de sono e não vou perder meu tempo com você. Licença. – saio esbarrando nele de propósito e me aproximo do meu irmão e da Taiane. – Dá pra acreditar nisso? Ele que me derruba e ainda fala que eu sou cega. Taiane: Nós vimos, cunha. Mas, pelo visto, ele não é cego não, porque o olho dele tava direto na sua b***a. – Olho pra trás e vejo o i****a me olhando. Dou o dedo pra ele, que n**a rindo. Guilherme: Se esse filho da p**a continuar olhando sua b***a, eu esqueço que não quero matar ninguém na minha vida. Eu: Estamos juntos, maninho. – rimos e seguimos direto pro avião. Ficamos nós três na mesma fileira e, como eu estava sozinha (de namorado), peguei a janela. Pelo menos tinha a companhia das nuvens. Que o tempo passe rápido...
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