O clima na casa mudou. Desde o jantar, caixas chegam a cada dois dias, sempre com o mesmo remetente: Thomas Roberts. Virgínia está na sala de estar quando mais uma entrega chega. O empregado traz uma caixa grande, envolta em papel dourado e fita vermelha. — Mais um presente do senhor Roberts, senhorita. Ela suspira, sem esconder o incômodo. — Pode deixar aí, obrigada. Henrique, que estava de vigia próximo à entrada, observa discretamente. Virgínia se levanta, pega uma tesoura e corta a fita. Dentro da caixa, há um vestido de seda vermelha, caro, acompanhado de um cartão manuscrito. Ela lê em voz baixa: "Para que use algo digno da futura senhora Roberts.” O tom arrogante faz o sangue dela ferver. — Arrogante.— murmura, jogando o cartão de lado. Henrique permanece calado, mas seus

