CAPÍTULO 3 CRISTINA/ HEITOR.
906 Palavras
****** CRISTINA******
Morro do Vidigal, o local onde conheci meu primeiro e único amor. Ao ouvir esse nome, senti um arrepio percorrer meu corpo, uma mistura de boas sensações e nervosismo. Era uma oportunidade única de reencontrar Heitor. Agora, fiquei intrigada sobre quem seria o novo proprietário, conhecido pelo vulgo de 'Pesadelo'. O que teria acontecido com Cobra, pai de Heitor? E por que houve essa mudança de dono?
Lucia: Cristina, se você considerar que ir a um morro pode ser um problema, não se preocupe. Posso enviar outra professora substituta. Entendo perfeitamente a sua situação familiar, considerando que você e filha de pastores, e talvez seja melhor que você não se envolva em um morro.
Cristina: Eu irei e fico feliz por ter pensado em mim.
Sinto meu coração acelerar de forma incomum ao considerar meu retorno ao morro para reencontrar o Heitor. m*l consigo imaginar como será o momento em que finalmente o verei.
Coloco a mão no meu cordão e não consigo conter a emoção.
Lucia: Na próxima semana, você começará seu trabalho na comunidade do Vidigal, atuando na educação infantil. Avisarei ao proprietário que você aceitou a proposta.
Cristina: Lucia, qual é o nome dela, sem ser o pseudônimo?
Lucia: Não tenho essa informação; ele não mencionou, e não tivemos contato direto. Um amigo dele veio solicitar uma professora e informou que o salário seria o dobro do que você ganha aqui. O proprietário ficará muito agradecido a quem aceitar a vaga, então você poderá ter uma remuneração bem melhor do que recebe atualmente. Se você se adaptar bem, pode até decidir permanecer, caso deseje.
Cristina: Que Deus te ouça, Lucia.
Ao deixar a secretaria, dirigi-me imediatamente ao meu carro, sentindo uma mistura de nervosismo e felicidade. Acredito que tudo isso seja parte de um plano divino, destinado a me conduzir de volta ao morro. Talvez isso realmente fosse o que deveria acontecer. Pergunto-me se Heitor ainda me espera, conforme prometeu.
PESADELO/HEITOR
Eu acordei no dia seguinte e o rádio não parava de tocar. Tive vontade de tacar o 'fodase' e sumir por um dia, bando de viados que vem me acordar a essa hora, c*****o.
Após tomar um banho, as lembranças surgem em minha mente, mas utilizo isso como um combustível para me tornar o homem que sou hoje e para manter tudo isso aqui no auge.
Desço, faço um café bem forte e parto para a boca. Já cheguei na boca e o Miguel, vulgo Guel, já estava enchendo minha mente com os problemas que ele tem com minhas irmãs. Que culpa eu tenho se as mandadas fazem dele de bobo? E o pior é que elas vêm passar o final de semana aqui por causa do baile, e, juntas, tocam o terror na p***a do morro.
Miguel: Na moral, pesadelo, eu não vou ficar de babá para suas irmãs, não. Elas são uma peste pura, aquelas mandadas do capeta.
Olho bem para a cara dele e tenho vontade de mandar ele se f****.
Pesadelo: minhas irmãs já são maiores de idade, e se você ainda deseja cuidar delas, isso só pode ser porque está interessado nelas, e não por obrigação.
Miguel: Você está ficando louco! Elas são minhas primas.
Pesadelo: primas?
As primas que você queria comer só não come porque elas não te dão moral. Agora queria saber, Miguel, quem mais te chama a atenção: a Jamily ou a Helena?
Miguel: Você está louco, Heitor? Nenhuma das duas.
Pesadelo: Você sabe que não gosto que me chamem pelo meu nome, c*****o.
E outra coisa, fica susa e não se preocupe com as mandadas.
Vou colocar alguns vapores de olho nelas e tudo ficará resolvido. Assim, você estará livre e não precisará ser babá de ninguém.
Ele fica pensativo e se acomoda na cadeira.
Miguel: Não precisa, eu fico de olho nelas.
Sorrio de maneira maliciosa.
Miguel: Não significa que eu goste de alguma delas, estou apenas preocupado. Elas são problemáticas e saem por aí se envolvendo com todo mundo, e eu tenho medo que algo aconteça, só isso.
Pesadelo: Cara, não se esqueça de quem elas são, filhas do temido Cobra, e ninguém teria coragem de mexer com elas, especialmente por causa de quem eu sou.
Miguel: Mudando de assunto, vai chegar uma professora substituta para cuidar dos meninos.
Pesadelo:isso é bom para os guris da quebrada, para que não fiquem sem estudar. Procure informações sobre a garota, não quero qualquer pessoa no meu morro.
Miguel: parece que a candidata era de Minas Gerais. Não possuo muitas informações sobre ela, mas assim que ela chegar, a diretora pediu que ela te procurasse.
Pesadelo: não quero saber de professora nenhuma. Você que se resolva com ela quando ela chegar.
Miguel: você não vai querer conhecer a nova professora? Ver se ela é gostosinha.
pesadelo: Não estou interessado, professoras não são o meu tipo.
Miguel: a única que realmente combinava com você era a Cris, que tinha olhos azuis, não é?
Cara, segue o baile.
Ela sempre foi uma menina muito correta, e mesmo que vocês tenham tido um caso na adolescência,ela era filha de pastor, certamente não daria certo com alguém que age sem compaixão.
Você se esqueceu do que o pai dela fez? Sendo você filho de um traficante, imagine agora que você se tornou um líder c***l, que mata sem compaixão. Será que ela aceitaria abrir mão da própria vida para estar ao lado de um traficante?
- Escritor
