Narrado por Lorena
Acordei com um leve toque nos meus ombros, como se ele tivesse medo de me tirar de um sonho bom. E era. Um sonho onde eu era apenas uma garota feliz, amada, sem precisar esconder o que sentia ou quem era.
Abri os olhos devagar, sentindo o cheiro do perfume dele misturado com o amaciante do lençol caro do hotel e o cheiro de sexo. A luz do quarto estava mais baixa, e do lado da cama, Raví sorria com aquela carinha que me fazia esquecer da vida.
— Acorda, mocinha... já já o ônibus sai e a gente ainda nem jantou. — Ele disse com a voz baixa e manhosa, enquanto dava um beijinho na minha testa. — Vamo tomar um banho? Despertar pra ir pro show. ---
Me espreguicei devagar, o corpo ainda relaxado do cochilo que tiramos depois do que rolou à tarde. Raví parecia ter energia de sobra, como sempre.
— Tá bom... mas vai ser rapidinho. Ainda preciso finalizar meu cabelo e me arrumar, se não a gente vai se atrasar. — Digo já sabendo qual era a real intenção dele.
— Tu vai mesmo me deixar na vontade? — Ele fingiu uma expressão de tristeza e cruzou os braços como uma criança emburrada. — Eu só queria tirar uma casquinha… -
— Nada de casquinha agora, senhor cantor. — Dei risada, puxando o lençol pra me cobrir enquanto levantava. — Se a gente se enrolar, vai dar r**m. E você sabe que eu ainda tô com o cabelo todo por finalizar. — Ele me olhou de cima a baixo com uma sobrancelha arqueada só aí que eu percebi que eu estava enrolada no lençol e ele havia dito pra mim não me esconder dele.
--- E esse lençol aí mocinha ? - Dei uma risada pra ele e tirei o lençol que cobria o meu corpo.
Ele suspirou e colocou a mão no peito, sorrindo todo teatral.
--- Só uma namoradinha ? - Neguei sorrindo e ele suspirou.
— Ô castigo... ser homem e ter que dividir mulher bonita com babyliss, creme de pentear, difusor e essas coisas. — Brincou, já indo em direção ao banheiro. Mas antes de entrar, voltou e me olhou sério por um segundo. — Mas vou te dizer viu: eu amo teus cachinhos, visse? Fica linda demais com eles soltos. —
Aquele elogio me pegou desprevenida. Sorri sem conseguir disfarçar, senti minhas bochechas esquentando. Ele entrou no banheiro primeiro e logo o som da água do chuveiro encheu o quarto. Enquanto isso, fiquei sentada na beira da cama tentando me convencer de que aquilo era só um momento bom. Que eu não podia me apegar.
O vapor do chuveiro já tomava conta do ambiente quando entrei no banheiro. A água fria batia no azulejo e espalhava aquele cheiro de sabonete caro misturado ao perfume característico dele que ainda pairava no ar.
Raví tava de costas, enxaguando o cabelo, completamente nu. A água escorria pelas suas costas lisas, uma coisa interessante é que Raví não tinha nenhuma tatuagem, algo bem diferente em comparação aos cantores da atualidade.
— Vem logo, mocinha... tá esperando o quê? — Ele perguntou sem nem olhar pra trás, com o sotaque arrastado e a voz risonha de sempre.
— Vim, mas é banho, viu? Só banho. — avisei, já entrando na cabine com ele.
— Hum... — Ele riu de canto, virando devagar até me encarar. — Que maldade a tua... vir pelada, toda cheirosa, e dizer que é só banho. Isso é tortura comigo preta. —
— Não vem com essas Raví... a gente vai se atrasar. Ainda tenho que finalizar o cabelo e me arrumar. — Disse cruzando meus braços o olhando divertida.
— Tu vai conseguir arrumar esse cabelo lindo aí... depois de relaxar um pouquinho. — Ele se aproximou e me encostou na parede molhada, o olhar cravado no meu.
As mãos dele vieram direto pra minha cintura, subindo pelas minhas costas molhadas, até a nuca. Ele prendeu o cabelo molhado ali e começou a beijar devagarzinho meu pescoço, bem no ponto que ele já sabia que me arrepiava.
— Senti saudade disso aqui... da tua pele, do teu cheiro... Tô completamente viciado em você. — sussurrou entre os beijos, seus lábios foram de encontro a minha nuca roçando lá devagar. Nossos quadris estavam colados.
Eu fechei os olhos por um segundo, tentando manter o foco. Mas ele sabia exatamente como me fazer esquecer do mundo.
— Raví... não. — murmurei, com a voz falha, empurrando de leve o peito dele. — Você é fogo... mas agora não, é sério. — Não sabia se estava falando aquilo para ele ou para mim mesma, se pudesse passava o dia todo transando com ele, sentia um desejo por ele como nunca senti por ninguém, mas a vida não é só sexo e no momento a gente tinha que ser rápidos afinal ele tinha o compromisso dele pra fazer.
— Só uma casquinha... — ele murmurou, colando os lábios na minha nuca de novo, agora com mordidinhas leves. — Nem precisa ser muita coisa... só sentir tua pele, tua boca, escutar teus gemidos, você bem pertinho de mim… tua bucet@ engolindo o meu p@u. —
As mãos dele desceram lentamente pela curva da minha b***a, apertando com firmeza, depois deslizaram pela parte de trás das minhas coxas, fazendo minha perna ameaçar ceder.
— Você é doido... — sussurrei arfando, tentando fugir do calor que subia pelo meu corpo.
— Doido por tu, só se for. — Ele sussurrou com a voz abafada contra meu pescoço, depois me deu um beijo na bochecha e se afastou devagar, rindo. — Tá bom, vai... vou respeitar teu cronograma de beleza hoje. —
Revirei os olhos, mas sorri. Se ele tivesse me beijado mais uma vez eu ia acabar liberando. Eu me conheço, eu ia dar.
— Vai ser melhor assim mesmo, porque se eu começar... eu não saio daqui hoje. E a culpa vai ser sua. Ninguém nunca mais vai me contratar pra fazer show. —
Ele levantou as mãos como quem se rende e piscou pra mim fazendo uma expressão toda dramática, sorri e ele pegou a toalha no gancho.
— Mocinha, quero que tu saiba que tua beleza natural já me deixa de p*u duro, nem precisa de difusor, creme, nem nada. —
— i****a. — falei rindo sentindo o rosto esquentar.
— Mas um i****a que ama teu corpo por inteiro. — ele completou, saindo do banheiro todo cheio de si e rindo.
Fiquei no banheiro e terminei meu banho, tive que lavar meu cabelo de novo, como eu e Raví havíamos transado antes eu acabei suando muito e meu cabelo estava uó.
Quando saí do banho com meu cabelo já quase pronto, só faltando os últimos retoques, Raví já estava vestido, camisa de botões aberta, cabelo molhado mas bem penteado e um sorriso no rosto. Mas o que chamou minha atenção foi a sacola de papel elegante em cima da cama. Era de uma marca de grife. Daquelas caras mesmo, Louis Vuitton. Nem nos meus sonhos mais profundos eu teria dinheiro pra entrar numa loja daquela.
— O que é isso? — perguntei já desconfiada.
— Um mimo... — Ele respondeu casualmente, como se estivesse me dando uma bala. — Abre aí.
— Raví... — comecei, já sentindo que vinha besteira. — Me diz que não é nada caro… --- não quero ele me achando uma interesseira.
Mas quando abri a sacola, senti as mãos tremerem. Era uma bolsa. Não qualquer bolsa. Uma daquelas que eu só via nos stories de celebridade, com o logo dourado reluzindo no couro legítimo, linda e absurdamente cara.
— Você tá doido! — exclamei, empurrando a sacola de volta. — Eu não posso aceitar isso, de jeito nenhum. Deve ter custado uma fortuna! Você enlouqueceu? —
— Oxente, pare com isso. — Ele se aproximou, pegando a bolsa com delicadeza e colocando nas minhas mãos de novo. — Tu merece coisa melhor ainda. Isso aí é só um presentinho. Nem foi tão caro assim Lorena. —
— Raví... não faz isso, sério mesmo. Eu me sinto m*l. Eu nem sei explicar, eu agradeço muito mas não posso aceitar. —
— Tu sempre quer discutir quando eu tento cuidar de tu, né? — Ele me interrompeu com um sorriso calmo. — Aceita, vai... isso num é nada comparado ao quanto tu é especial pra mim. Cê me faz bem, Lorena. E enquanto eu puder te mimar, eu vou te mimar preta. —
— Tá bom... — cedi, quase num sussurro. — Mas você é maluco. Maluco mesmo. — Por fim lhe dei um sorriso pensando o quão doido, carinhoso e encantador esse homem é.
— E tu é linda, de um jeito que nem sabe. — Ele se aproximou, segurou meu rosto e me beijou. Um beijo calmo, de língua, cheio de carinho. Daqueles que faz a gente esquecer de tudo.
Quando o beijo terminou, ele encostou a testa na minha e murmurou:
— Agora pronto. Fiquei de p*u duro de novo. — Me olhou com os olhinhos todo sapeca.
— Você não presta! — ri, empurrando ele de leve.
— Eu só sou homem, ué! Com tu por perto fica difícil fingir costume… —
— Vai ficar querendo. Agora deixe eu terminar de me arrumar seu maluco. —
Depois de prontos, descemos juntos até a recepção. Raví estava de calça preta justa, tênis branco limpo demais pra alguém que vive na estrada, e uma camisa solta com os três botões de cima aberto. A mão dele segurava a minha de um jeito natural, mas eu sentia o receio dele de ser visto assim, tava fazendo pra me agradar e eu não sabia se me sentia bem ou m*l com aquilo.
Quando entramos no carro que levaria até o local onde o ônibus estava estacionado, ele tirou algo do bolso e me entregou.
— Coloca isso aqui quando a gente chegar, viu? ---
Era um crachá com um cordão preto que dizia "Equipe Técnica – Acesso Interno".
— Isso é pra quê? —
— Pra ninguém desconfiar de nada. — Ele respondeu, como se fosse óbvio. — Tu vai comigo como parte da equipe. É só pra disfarçar, mocinha. Tu sabe que se esse povo descobre, a confusão é grande. Pode prejudicar minha carreira, acabar com tudo, você me entende né meu bem ? —
Meu coração apertou. Eu odiava esse sentimento de ser um segredo. Como se eu tivesse que me esconder por não ser boa o suficiente. Mas ele sempre sabia o que dizer pra me desmontar.
— Tá certo... — murmurei, colocando o crachá no pescoço. — Eu entendo.
— Tu é f**a, viu? Fiel demais. — Ele apertou minha coxa e sorriu. — Só não esquece que isso tudo é só por segurança. Tu sabe o quanto eu gosto de tu. —
No caminho até o ônibus, fomos no carro juntinhos, quando paramos próximo de onde o ônibus estava estacionado encontramos o assessor dele. Eu sabia que era ele porque eu já era fã do Raví a muito tempo, via quem era os mais próximos dele pelas redes sociais.
— E aí, meu rei — cumprimentou o homem alto e magro, de boné preto e expressão debochada.
— Fala, Cássio. Essa aqui é a Lorena, nova na equipe. —
O olhar do assessor desceu até mim e voltou pra Raví com uma sobrancelha arqueada.
— Ah, sim... sei bem qual a função dela na equipe, meu rei. — Ele deu uma risadinha, sua voz foi completamente sarcástica.
Raví riu junto. Eu tentei rir também, meio sem graça.
Não precisava ser nenhum gênio pra saber que ele me conhecia e sabia do meu rolo com o Raví. Senti a pele esquentar, mas engoli o incômodo, deve me achar uma qualquer, talvez seja isso mesmo que eu seja.
Quando subimos no ônibus, senti os olhares. O silêncio foi cortante.
Alguns dos músicos e técnicos já estavam acomodados, e quando nos viram entrando juntos, as expressões foram de surpresa, confusão... e em alguns casos, puro julgamento. Mas ninguém falou absolutamente nada.
— Boa noite meu povo. — Raví falou, como se nada tivesse acontecido, natural, seguro de si. O artista de sempre.
Sentamos juntos no fundo e o ônibus começou a se mover. Eu mantinha os olhos baixos, tentando não deixar a insegurança tomar conta. Era óbvio que eu não era bem-vinda ali. Nem pelo espaço, nem pelo silêncio.
Mas ele parecia ignorar tudo, parecia não se importar com nada.
Encostou a cabeça no meu ombro com naturalidade, como se fosse já costume. Quando olhei pra ele, ainda meio assustada, ele sorriu e deu um selinho rápido nos meus lábios.
Depois levou o dedo indicador até a boca, fazendo sinal de silêncio. Era a forma dele de quebrar o gelo.
Eu sorri de volta, tentando ignorar o aperto no peito.