Pré-visualização gratuita JORDAN LOSNACK
Meus pulmões funcionavam arduamente, queimando em brasa, como se um fogo devastador subisse pelo canal respiratório me impedindo de não sentir alívio.
— Quem é você? O que pretende vir aqui? — Custo a me manter em silêncio os deixando furiosos.
Ouço gargalhadas, e mais uma vez me afundaram numa espécie de banheira. A água estava absurdamente gelada. Já faz algum tempo que estou aqui, sem ter nenhuma noção de tempo.
Para ser pelo menos coerente...umas cinco semanas, talvez. A última coisa de que me lembro é de pequenos olhos verdes me encarando. " — Promete que vai voltar? "
Essas palavras ecoavam em meu subconsciente.
Os braços estão presos em correntes de prata atrás das costas. Meu corpo começou a tremer me debatendo em busca de alívio. Mas as fortes mãos me seguravam ali. Em cinco minutos já estava sem forças. Um rosnado ecoa pela sala de torturas antes de me entregar à escuridão.
***
— Mamãe! Mamãe! Cadê você mamãe?
Uma menina de cabelos negros encolhida, agarrada em suas próprias pernas chorava constantemente. Mais um estrondo era ouvido. Gritos e barulhos de coisas quebrando na cozinha.
Ela queria fugir. Queria o colo de seus pais. Queria que alguém lhe envolvesse num abraço confortante.
Eu não podia fazer nada além de sentar e ver a sua ruína. Ver a inocência denegrir aos poucos em cinzas.
Choros abafados vinham do pequeno berço ao seu lado. Com muita dificuldade a menina se levanta, enxugando as insistentes lágrimas que caiam violentamente em seu rostinho angelical. Ela pega o bebê no colo e o segura com força.
Uma batida forte na porta do quarto a faz pular de susto. A menina corre para se esconder em um alçapão.
Passos eram ouvidos. O piso de madeira rangiam em resposta à dor que ela sentia no peito. Cada vez mais a menina se aprofundava no pequeno túnel, até chegar na saída do fundo da casa.
Um lobo enorme rondava o perímetro. Seria uma fuga dificultosa, porém, sem pensar ela sai correndo diretamente para a floresta. Se agarrando mais e mais ao pequeno corpo de seu irmãozinho.
***
Um barulho me faz acordar. Eu já estava em minha cela. A pergunta que martelava em minha mente era quanto tempo eu tinha desmaiado. Por incrível que pareça, senti um cheiro forte de urina. O ambiente era fétido, cheirava a morte.
— Olha só... A princesinha já despertou. — fala um guarda debochado.
Lhe ofereço um sorriso irônico. Cuspo no chão um pouco de sangue que havia acumulado em minha boca. Meu corpo estava um pouco dolorido, os pulsos estavam roxos. A barriga doía com a minha respiração pesada.
— Pena que não podemos nos divertir gracinha. — Ele me olha de cima a baixo, me causando náuseas.
— É uma pena... Queria muito dançar com o resto de sua carcaça agora! — A minha vontade era mesmo de me revelar e acabar com toda essa palhaçada. Mas para chegar no "Peixe grande" eu teria que manter as aparências.
O guarda se encolhe. Me parece que vinha vindo alguém. O mesmo ajoelha em uma reverência. Ah bela Deusa da Lua! Finalmente ouviu as minhas preces.
— Agora você vai dançar comigo. — o homem surge da escuridão revelando um corpo não muito forte, cabelos grisalhos e profundas olheiras no rosto cansado. Sim, uma aparência de um verdadeiro líder.
— Que bom! Finalmente! Um homem de verdade. Sinceramente... Pensei que teria que botar tudo isso abaixo para ter a sua atenção. — falo cruzando os braços como se eu fosse a líder ali.
Ele dirige um olhar surpreso pela minha resposta. Mas vejo seus olhos caminhando pelo meu corpo. Ficou mais espantado ao ver os ferimentos totalmente cicatrizados.
— Levam-na. — Agora ele parecia furioso. Do jeitinho que eu gosto.
Tornaram a me arrastar pelos corredores imundos. Nem um pouco galanteador da parte deles. A porta já era bem familiar para mim, de aspecto enferrujado. Parecia ter uma leve coloração avermelhada, sinal de ter sido a sua cor antes de estar nesse estado.
Mais uma sessão de torturas era o que aguardava. Facas, adagas, seringas com venenos... Porém ele apelou para o espancamento e choques elétricos.
— FALA SUA IMUNDA! QUEM É VOCÊ? O QUE QUER AQUI? QUEM TE MANDOU? - silêncio. E mais socos nos rins.
Nessa hora eu já não sentia mais nada além da vontade de gargalhar na frente do i*****l. Não fiz questão e ri que nem doida. Pois é... Depois que você se torna uma assassina, nada faz sentido, nem mesmo a dor se torna algo que possa lhe afetar.
Ele recua ao ver que um dos meus pulsos se soltaram, restando só as migalhas de prata no chão.
— GUARDAS! — O desespero era a sua única expressão nesse momento.
Acabei transformando pela metade. Meus olhos estavam num azul de fúria e desejo. As garras logo perfuraram o pescoço do infeliz. Tranquei a porta quando a oportunidade me foi convicta, nos deixando a sós.
Sem esforço algum o joguei do outro lado da sala. Ele cai que nem banana podre em cima da mesa com os instrumentos de tortura ocasionando várias lesões em sua pele.
Caminhei em sua direção, sentando ao seu lado, ele tenta se arrastar. Mas as facas de Prata que estavam em cima da mesa o deixaram enfraquecido.
— Acreditei que fosse um rival mais potente... Por onde eu começo? — Ironizei brincando com uma bela adaga, causando pequenos furos em meus dedos. Ele me olha praticamente implorando por sua vida, o pavor dançava em suas íris e era algo muito satisfatório para mim.
— Por sorte a porta é bem reforçada... Ninguém vai interromper a minha brincadeira. Sabe... Muitos me dariam uma fortuna pela sua cabeça.
— Vo... Você... N... Não teria coragem... Teria?
— Nossa! Impressionada agora. Um LÍDER como você ter medo de uma simples mulher como eu? Devo admitir... Estou ficando bem forte mesmo. — Sarcasmo transborda por entre meus lábios, era irônico ver um alfa poderoso ser humilhado dessa forma.
Não perco meu tempo e já perfuro bem devagar meu abdômen. Subindo até o pescoço. Ele choraminga de dor.
— Cadê aquele machista de dias atrás? To decepcionada... Ah Fred, Fred! Como é bom ver você sangrar...
Peguei um Machado de dois lados que estava encostado na parede e com um movimento arranco a cabeça do infeliz.
***
Acordo em uma espécie de quarto de hospital. Tento me adaptar à luz do ambiente, mas uma forte tontura me faz fraquejar. Espera... O que aconteceu comigo? Por quê estou aqui?
Me esforço tentando me lembrar como eu havia escapado das mãos daquele nojento.
Morte lenta...
Destruição....
Caos...
Desmaio...
Agora tudo faz sentido... Lembro-me de ter pedido carona na estrada principal. Calma, calma! Acham que me esqueci de algo? Ah sim.
A prisão... Certo. Pensaram que eu iria ocultar essa parte importante da história? Na na ni na não meus amores... Já irei contar.
Em fim, arranquei a cabeça do infeliz bem a tempo de a porta ser arrombada e os guardas me encontrarem, sorri ironicamente para eles, segurando o resto mortal da Ilana vítima. Retornei a atenção para eles que me olhavam incrédulos. Pois é… Nem tudo acontece como esperamos que aconteça.
Portanto, eles me olhavam com tanto pavor que até senti um grande orgulho se apoderar de dentro de mim, foi muito bom ver suas reações. Me virei lentamente caminhando até eles segurando a cabeça pelos cabelos e a levantando até a altura do meu rosto.
— Ah... Oi? O senhor disse o quê? — Contracenou de forma irônica.
— Huum! Entendi... As minhas coisas? Eu também quero saber onde elas estão. — faço cara de curiosa, colocando uma das mãos na cintura em sinal de deboche.
— Uma pena... Achei que iria precisar torturar esses bons rapazes para conseguir o que quero. — Argumentei deixando a cabeça cair aos meus pés. Começo a gargalhar que nem uma hiena. Isso quando um deles vem em minha direção "Tentando ser alguma ameaça ".
— Pois é... Vai ser do jeito difícil mesmo. — digo me afastando um pouco e prendendo meus cabelos da maneira que eu consegui. Rasguei um pouco do vestido que estava para melhorar meus movimentos, seus olhares minuciosos sobre meu corpo causavam náuseas me levando a lembrança dolorosas no passado.
Era só mais uma noite tranquila. Foi na mesma noite que conheci minha melhor amiga Jade kemeron. Estávamos na melhor balada da cidade mais próxima de Catskill Forest Preserve, que é Nova York.
Voltando... Foi uma noite que nunca me esqueceria jamais! Era uma festa à fantasia, Jade foi como uma mulher gato e eu, bom, só tinha sobrado da Alerquina mesmo.
Já era muito tarde e resolvi voltar para casa, pois tinha deixado meus dois irmãos mais novos sozinhos. Não sou uma irmã má. Eu apenas não tive uma infância boa, então mesmo que seja um erro, eu preciso disso, preciso de um motivo, qualquer coisa que possa dar sentido a minha existência.
Essa época eu já tinha meus 14 ... 15 anos.
Minha irmã tinha seus 10 anos e meu irmão caçula, 5 anos. Eles não estavam sozinhos o tempo inteiro, os deixavam na casa da vizinha quando necessitava de resolver alguns problemas Outra hora irei falar sobre eles.
Fui seguida até um certo ponto, sentia a presença de pessoas e olhares fulminantes queimarem em minhas costas, sabe aquela sensação estranha que te deixa com um frio na barriga, um aperto no peito e suando frio? Era exatamente o que sentia antes de tudo realmente acontecer. Dois braços fortes me agarraram e me puxaram para um beco escuro. Daí em diante vocês já deduzem o que teria que acontecer. Fui violentada sem dó alguma por dois homens, um deles eu percebi que era um Alfa através de seu odor forte. Meu corpo tremia demonstrando o medo que aflorava. Eles me agarraram. Enquanto um me segurava o outro subia em cima de mim. Nunca senti tamanha dor e essa me ajudou a ter forças.
Mordi o Alfa no pescoço fazendo o mesmo quebrar. O elemento surpresa foi o que me ajudou naquele momento. No mesmo instante senti que minha loba estava mais forte. Eu havia matado um Alfa, certo? No caso de nós lobisomens, os mais fracos sempre tendem a submeter-se ao mais forte, porém, com a morte de um alfa você sobe de categoria diante de uma alcatéia quando se consegue ser superior. O seu companheiro enfurecido partiu pra cima de mim. Começamos uma luta desonesta, isso por ele ter se transformado e eu estar transformada pela metade, mas ainda assim eu estava ganhando.
Me esquivava de seus golpes fácil, não poderia dizer que estava orgulhosa por ter derramado sangue, o derrubei no chão apertando sua garganta contra o asfalto molhado. Pouco tempo depois, seu corpo amolesce desfalecido e regresso para casa transformada já que minhas roupas foram rasgadas ali mesmo. Segui diretamente para um lago na intenção de poder limpar meus pelos, o lago com um pequeno riacho estava tão translúcido e cristalino que consegui ter o vislumbre de minha aparência, meus olhos fixaram na figura que havia se formado com meu reflexo, os pêlos estavam de aparência macia e um tom mais claro de cinza, as patas maiores e o comprimento de meu corpo mais alongado, algo que nunca imaginei que poderia acontecer.
Depois desse dia descolori meus cabelos para loiros relembrando algo que nunca teria que ter tido um final em minha vida.
***
Voltando ao que interessa... Acabei tendo que lutar com todos que me opuseram, matando um por um.
Subi as escadas, e desci mais algumas. Logo em uma porta que entrei, encontrando minha bolsa com armas, roupas e uma forma de poder carregar a maldita cabeça para o conselho, seria uma prova de que o alfa foi realmente eliminado.
Com a mochila nas costas, apressei os passos em direção a saída, um dos guardas me deixou justo na porta da minha liberdade. Pego minha adaga sem dar chances nenhuma para quem quisesse se aproximar de mim. Levantei o guarda no ar prendendo-o pela garganta, mantendo seu corpo entre mim e a parede assim finalizando com um golpe da lâmina em sua jugular. Cada um que morria... Mas a minha loba ficava contente. A final... Eram todos machistas nojentos nesta alcatéia.
Enfim... Liberdade! Me transformei e fui direto para a estrada principal rodeada pela floresta. Poucos metros de distância, resolvi parar um pouco e poder colocar uma roupa mais adequada para caso eu conseguisse uma carona.
E assim consegui uma carona até o começo da cidade, mas na metade do caminho meus sentido apagaram, um pensamento que não me deixava era como ninguém havia conseguido notar ceta anormalidade alguma em minha mochila.
Pouco tempo depois a porta se abre revelando uma linda pessoa parada ali... Minha amiga e irmã de consideração, Jade.
***
JADE KEMERON
Eu já havia me acostumado com as saídas repentinas de Jordan. Ela sempre me deixava sozinha por onde íamos, era estranho até os motivos de seus sumiços repentinos teres sido explicados.
Uma vez, estávamos no shopping atrás do vestido perfeito. Entre algumas provas de vestidos, ela do nada evapora nos ares e me deixa conversando com as paredes.
Não sou muito fã de ficar sozinha. Mas tive que me acostumar... Fazê o quê.
Para alguém que tem uma amiga com um parafuso a menos, pode se esperar tudo. Por exemplo, ela é louca por ser amiga de uma pessoa como eu. Pois é... Sou uma ômega. Uma loba sem graça, "sem sal" Como as pessoas de raças mais fortes nos intitulam.
A primeira vez que nos vimos foi em uma lanchoneteonde eu trabalhava com frequência. Tomávamos o café da tarde juntas, falando de assuntos banais do cotidiano como se tornou a nossa tradição principal, aí em diante não nos desgrudamos para mais nada.
Ela é como minha irmã mais nova. Apesar de ser sempre eu a dar broncas nela por isso me mantive por perto, toda essa causa se da pela perda de seus pais, Jordan não teve uma vida fácil. Sempre fugindo... Teve que aprender a se defender sozinha. Só não me orgulho de seus atos de hoje em dia. Ela é uma ótima amiga, porém, sempre está de mãos atadas ao perigo. Fala que não pode viver sem a Adrenalina.
Hoje mesmo tive que dar uma passada na casa dela para ver seus irmão.
A casa era verde, um pouco desbotada. A sala de estar estava em silêncio, mas depois foi quebrada com dois seres correndo ao meu encontro.
— JORDAN! JORDAN! — Eles gritam em uníssono. Eles me vêem e logo o desânimo os toma.
Já fazia alguns dias que ela havia sumido. Mas eu sabia o propósito. Então não me preocupei.
Luan e Sofia me olhavam tristes. Eles realmente amavam Jordan. Fui encarregada de cuidar deles até a sua chegada.
Bem... Na verdade... Eu mesma vim cuidar deles. Até porque não confio nos vizinhos daqui. Ainda bem que agora é bem cedo.
— Ela vai voltar... Não vai? — Sofia diz coçando um pouco os olhos, parecia estar com sono ou ter chorado.
— Olha. Se conheço bem a Jordan... Sim. Vai sim. — Luan senta no sofá ainda triste.
— Ela me prometeu. — Seus olhinhos enche de lágrimas que logo descem molhando o seu rostinho. Sofia corre para abraçar o irmão tentando oconsolar.
— Vamos fazer o seguinte. Eu fico aqui até ela voltar, okay? — digo me sentando ao lado dos dois. Logo dirijo-me para a cozinha.
— Estão com fome? Vou preparar um lanche. — Os dois se sentam na mesa. Um olhava para o outro. Como se estivessem tramando algo.
— Se estão pensando em fugir... Sem chances! A irmã de vocês não iria gostar disso.
Luan abaixou a cabeça se rendendo. Pelo visto eram planos dele. Sofia se sentou mais ereta como uma verdadeira princesa. Uma lágrima insistia em querer sair dos meus olhos cansados. Me segurei, preciso e tenho que ser forte por eles. Coloco a mesa e eles se servem. Resolvo colocar algum filme de comédia enquanto eles comiam. Luan senta ao meu lado e a Sofia faz o mesmo. Troco de filme, colocando um desenho.
Acordei cansada. Olho no celular e já eram 6 da noite. Nossa dormi demais, constatei pela falta de luz na janela da sala. Coloquei as crianças para tomar banho enquanto fui jantar.
Após isso, fiz pipoca e retornamos para a sala.
Ainda bem que hoje é fim de semana. Eles não precisam ir à escola. Uma ligação me tira do transe.
— Alô? — Atendi sentindo algo de estranho.
— É a Jade? — Uma voz mais afinada fala de forma calma.
— Sim, aqui e ela.
— Há uma moça aqui no Hospital Roselene, ela está sem documentos, mas antes dela desmaiar pediu para que eu ligasse para tal número que estaria em sua jaqueta.
— O que? Sim sim, é Jordan... Jordan Losnack.
— Certo, este é mesmo o nome dela
— O que houve?
— Jordan foi apenas deixada por um casal de idosos aqui na entrada, ela me parecia em um estado péssimo, com muitas obstruções sobre a pele. Portanto, ela se encontra bem e está tomando soro.
— Ah... Entendi. Logo estarei aí. — Desliguei a chamada me sentindo péssima.
Resolvi ir depois que as crianças fossem dormir. Não pude
evitar a empolgação. Minha amiga está viva, quebrada, mas viva.
Agora sim eu vou matar aquela maluca.
— Por favor... Jordan Losnack. — A portaria do hospital estava lotada assim que cheguei, barulho para todo lado, algo que não era muito o habitual do lugar. Uma das enfermeiras me encaminhou até um quarto. Ela parecia assustada por ter visto a coleção de cicatrizes de Jordan.
Jordan estava deitada. A pele é bem pálida, com vários cortes recentemente curados. Em que confusão você se meteu essa doida?
Seus olhos piscam, com alguma dificuldade de os abrir totalmente. Ao encontrar os meus olhos, seu sorriso ficou aparentemente enorme me deixando mais nervosa ainda por estar a vendo naquele estado deplorável, ela vai ter que me ouvir, ô se vai.