AURORA:
Tony, olha-me, e caem algumas lágrimas, alivia o seu rosto, segura o meu, e beija-me novamente.
- Pensei que havia te perdido, quando te vi, matando por ele, daquele jeito, senti que havia-te perdido.
Eu respondo:
- Não matei só por ele, matei por nós, e todas aquelas garotas que estavam lá, matei por tudo que ela me fez, e mataria de novo, você nunca vai-me perder Tony, é impossível.
- Mas você e ele, quase…
- Sim, você me largou, e eu quase morri, de tanta tristeza, e saudades, queria-te esquecer.
- Eu também quase morri sem você Aurora, nunca mais te deixo para trás.
O remédio começa a fazer efeitos, fico mole, ele levanta-se, puxa a coberta, ajeito-me, deitando, ele coloca os meus pés para dentro, ele ia sair, puxo ele pela mão e falo:
- Deita comigo, só até eu dormir.
- Preciso-me trocar, e tomar um banho, vou sujar toda a cama, já volto.
Eu falo:
- Se ligarem do hospital…
- Eu te chamo.
Apago, por um tempo, durmo bem, mas começo a sonhar, com aquele corredor escuro, Vicenzo me tocando, Laura rindo, Luigi morrendo, acordo gritando, Tony que estava dormindo ao meu lado, me segura, me acalmando, e falando:
- Calma, Aurora, você esta em casa, esta bem.
- Tony, meu Deus, eu vi tudo de novo.
Ajeito-me no peito dele, para dormir novamente, ele fala:
- Eu sei como é, fiquei anos sem dormir, os meus pesadelos são todos desconexos, são tantas mortes e emboscadas, e me atormentam a vida toda, deita de novo, vou buscar água.
Me deito na cama, e pergunto:
- Já amanheceu?
- Ainda não, só mais umas horinhas, dorme mais um pouco.
Ele-me traz agua, bebo, o olho e falo:
- Nunca pensei que falaria isso, mas queria um copo de whiskey.
- Aurora! Não te conheço mais, quando estiver tudo ok, e chegarmos em casa, vamos tomar um porre.
Ele fala sorrindo, e faz-me sorrir, e dormimos novamente, agarrados, em algumas horas somos acordados, com Anne nos chamando.
- Amiga, ligaram do hospital, vocês precisam ir para la, Dona Sara, já espera vocês no carro.
Nos trocamos correndo, chego quase enfartando, de tanta preocupação, o médico logo fala:
- Luigi perdeu muito sangue, precisamos fazer transfusão, mas o tipo sanguíneo dele, acabou, é bem raro, precisamos de doação, já fizemos pedidos a outros hospitais, mas, seria bom a família e os amigos doarem.
- Mas, ele ta bem Doutor?
- Ta, sim, só preciso completar essa transfusão.
Tony fala:
- Posso pedir para todos fazerem o teste, e nos também faremos.
Sara, que chora, e esta estramente inquieta, fala:
- Eu sei que ninguém terá, o sangue igual o dele, é como o meu.
O medico fala:
- Senhora Sara, a senhora, não pode mais doar.
Sara fala novamente, vejo que fica ansiosa, e chora:
- Tony terá, pode testar.
Tony fala, com um sorriso sem graça.
- Como assim Sara, na verdade, eu nem sei qual o meu tipo, nunca precisei disso.
- Mas você terá, preciso que confie em mim, e faça o teste.
- Tá bom, eu faço, mas, depois da Senhora, vai me explicar, da onde tirou isso.
TONY:
Antes de eu seguir o médico, Sara, segura a minha mão, e acaricia o meu rosto, então eu reconheço-a, eu sonho com ela, ela está nos meus sonhos, antes de eu falar ela diz:
- Você e Luigi, são irmãos, Tony, você é meu filho.
Falo soltando a mão dela:
- Que loucura é essa, da onde tirou isso?
Mas sei que é verdade, a mãe que me largou, é a mãe exemplar de Luigi, sinto uma onda de ódio, e alegria, não sei explicar, ando para frente, paro, passo as mãos nos cabelos, respiro, volto falando alto, apontando para Luigi:
- Ele sabe?
- Não, não sabe.
- Eu era só uma criança, você me largou, e levou o seu filho preferido, me largou.
Aurora vem e tenta-me acalmar, não deixo ela aproximar-se, Sara, me segura.
- Você é um homem agora, por favor, doa sangue para seu irmão, eu prometo, que te conto tudo, com detalhes e provas.
- Provar que me largou?
- Sim, provar, o que fui obrigada a fazer, eu nunca quis-te deixar, salva Luigi primeiro, te imploro, ele sofreu muito Tony, não merece isso.
Eu falo gritando, ela e Aurora afastam-se:
- Você deixou, eu ficar lado a lado com o meu irmão, e colocá-lo em perigo, ele quase morreu, podia ter contado a ele, podia ter-me procurado, lá na província, e me contado.
Sara chora muito, agora ela esta sentada, com as mãos no rosto, Aurora chorando junto, ela fala:
- Por favor Tony, sei que depois que eu explicar, vai-me entender, ajude ele.
Agora eu encosto, a testa na parede, e choro sem perceber, sinto-me sufocando, então grito, elas assustam-se, saio, e entro atrás do médico, para doar, e é verdade, sou compatível.
O médico coloca-me lado a lado com Luigi, e o sangue sai de mim, vai para uma máquina, e depois entra nele, a sua mão esta próxima à minha, então, seguro-a, e sinto o meu coração acelerar, meu irmão.
Até meses atrás, era só eu e o meu pai, agora tenho Mateo, Luigi e uma mãe, preciso ficar calmo, vou deixá-la explicar, pois preciso, e quero, saber toda a verdade.
Fico ali, por algum tempo, horas, o médico chega e eu sigo de mãos dadas a ele, e dormindo, ele tira tudo de mim, me despertando, e fala:
- Muito louvável o que fez para o seu irmão, o senhor vai se sentir fraco, precisa, ir para casa, se alimentar e descansar.
- Tá bom doutor, obrigada.
Quando saio, Aurora e Sara esperam-me, receosas, Aurora vem a meu encontro e abraça-me, retribuo, depois vou até Sara, respiro, tento ser como Luigi, então falo-lhe:
- Vamos esperar ele recuperar-se, e voltarmos para a Itália, sei que moram na cidade agora.
- Sim, moramos la.
- Então vou deixar a Senhora me contar, e provar, o seu lado da história, e o que Luigi precisar, vou ajudar, mesmo ele sendo um Rossi.
- Ele não tem nada do Mário, Tony, você vai ver.
Mateo, nos socorreu e voltou a Itália, não podíamos deixar os negócios, bem num momento que mexemos com várias organizações, então quando chego no casino, ligo para ele e conto tudo, quando ele ve a foto de Sara, ele lembra-se também, e fala:
- Eu lembro-me dela Tony, sempre amorosa, não imagino, ela abandonando-te, melhor ouvi-la mesmo, pode ser que o seu pai a tenha exilado.
- Mas não entendo, Luigi ser filho do Mário, a minha ama disse um tempo atrás, que ele e o meu pai foram amigos, deu um nó na minha cabeça.
- Espera ele ter alta, e logo vocês saberão de tudo, até la, vou investigar por fora, tá bom, vai-me avisando.
Estamos no quarto de Aurora, no casino, já é inicio da tarde, sinto-me exausto, tenho em mente, preciso dormir, Aurora anda de um lado para o outro e olha-me estranhamente, esperando eu desligar, assim que desligo, falo:
- Fala Aurora, o que houve?
- Você não vai quebrar nada, gritar, xingar? Descobriu outro irmão, uma mãe…
- Preferi mudar essa situação, vou tentar ficar calmo, preciso, se não eu enfarto, ou enlouqueço.
Eu deito, de barriga para cima, e coloco o ante braço nos meus olhos, ela vem e deita ao meu lado, sinto que ela continua a olhar-me:
- Meu Deus Aurora, vou ficar nervoso, é isso que quer?
- Eu to nervosa, beijei dois dons, que são irmãos, não sei o que falar e pensar.
- Sim Aurora, você é sem juízo, esquece isso, se não vai piorar eu e Luigi fazermos as pazes.
- Beijei o meu cunhado.
Ela cai na cama, levanto e pulo por cima dela, a beijo e depois falo:
- Mas a Senhorita não sabia, agora que sabe, espero que me respeite, e não o beije mais.
- Eu jamais o beijaria de novo, Sr Ricci, pois sou apaixonada pelo irmão dele, e estou com tanta saudade.