Capitulo 3

1263 Palavras
Kill / Thel Tava alucinado. Não era ma,conha, não era cachaça, era Ayala. Aquela mina tinha entrado na minha cabeça feito vírus de celular pirata e não tinha antivírus que desse jeito. Acordei com o rosto dela no meu travesseiro, fechei os olhos e vi o sorriso dela. Até quando fui mijar, p***a, o reflexo no espelho do banheiro parecia zombar: "Kill, cê tá é gamado, mermão!" Gamado. Palavra de o****o. Eu, que sempre mandei "amor é coisa de trouxa", tava aqui igual adolescente vendo story da mina. Só que a Ayala nem i********: tinha. Ou se tinha, era fake. Ela era dessas que vivia no mundo real, onde as facas são de metal e não de emoji. Marreco tinha me avisado: — Cê tá se queimando, parça. Essa mina é problema em forma de mulher. Mas problema era meu péssimo hábito de fumar cigarro depois do sexo, não Ayala. Ela era… necessidade. Tipo respirar. E eu tava sufocado. Naquela tarde, não aguentei. Meti o pé de casa sem nem avisar a mãe, peguei a minha Factor 125 tunada — a "Moto dos Infernos", como o Marreco chamava — e vazei em direção ao Morro dos Prazeres. Nem sabia o que ia fazer lá. Só precisava ver ela. Dar uma desculpa qualquer, tipo "ah, tava passando e resolvi dar um alô pro seu pai". Mentira podre. O Preto, se me visse perto da filha dele, me enfiava uma bala na testa antes de eu dizer "bom dia". Cheguei na viela principal, desliguei o motor da moto e fiquei encostado num poste, de óculos escuro e capuz. Patético. O maior chefe do tráfico da Zona Oeste fazendo stalker igual maluco de f*******:. Foi quando vi. Ayala saindo de casa dela, vestida com um shorts jeans curto pra c*****o e um top que deixava a tatuagem do lado da costela à mostra — uma rosa com espinhos. Ela tava de chinelo de dedo, mas parecia desfile de grife. Até a forma que ela empurrou o cabelo pra trás me deu um troço no peito. E então um carro preto, modelo novo, vidro fumê, parou na frente dela. Placa nova dessas que mistura letras e números. Meu queixo endureceu. Do carro desceu um cara. Terno claro, sapato social, e correntinha de ouro brilhando mais que futuro de filho de pastor. Não era Augusto. Era outro playboy, dos que frequentam puteiro chique e chamam prostituta de "modelo". Ayala deu um sorriso largo — aquele mesmo que ela me deu no baile — e entrou no carro. O coração disparou. Quem era aquele o****o? Sem pensar duas vezes, peguei a moto e comecei a seguir o carro. Não liguei pra risco, pra treta, pra nada. Só precisava saber. O carro desceu o morro e pegou o tonel rumo a zona sul. O playboy dirigia devagar, como se tivesse medo de arranhar o BMW. Ayala tava rindo, conversando, e eu lá atrás, com a moto chiando igual fera enjaulada. Parei num farol, dois carros atrás deles, e sacuei o celular. Comecei a tirar foto como um tarado. Primeiro, a placa. Depois, o perfil do cara: nariz fino, cabelo gelado, sorriso de quem mama em herança. Angelo. Só podia ser nome de filhinho de papai. Eles entraram num estacionamento de shopping na Barra. Fiquei do lado de fora, encostado num muro, vendo Ayala descer do carro. Ela ajustou a bolsa, deu uma olhada em volta — quase me viu — e seguiu com o tal Angelo pra entrada VIP. O que ela tava fazendo com aquele cara? Não era noiva do Augusto? Ou será que depois da treta do altar, tava se afogando em playboy? Marreco me ligou no meio da noia: — Cadê você, parça? Tão te procurando no morro. — Tô resolvendo uns trem — gritei por cima do barulho dos carros. — Oh, perguntei aqui do casamento da Ayla — E ai? —Preto tá puto com o casamento, não quer de jeito ninhum. — Porque? — Ai tu já quer demais irmão, sei não. Desliguei. Mas queria saber o que sogrão, Ops Preto não esta feliz com esse casamento. Só queria… entender. Segui eles por mais uma hora. Foram pra um restaurante japonês caro, onde o sushi devia custar mais que o PIB do Japão. Ayala tava animada, mas dava pra ver que o sorriso dela era frio. Não era igual quando ela deu no maluco do baile. Era teatro. Quando escureceu, o Angelo levou ela de volta pro morro. Parou o carro longe da casa dela, num beco escuro. Meu dedo coçou pra pegar a 9mm que tava na cintura. O que esse desgraçado tá fazendo? Mas antes que eu pudesse me aproximar, Ayala deu um beijo no rosto dele — rápido, profissional — e saiu do carro. O Angelo esperou ela sumir na esquina e vazou. Fiquei mais 20 minutos parado, encarando o vazio. Até que a moto esquentou demais e eu voltei pra Gardênia Azul, com as fotos do Angelo salvas no celular como prova de que eu tava ficando maluco. Cheguei em casa suando igual porco na churrascaria. A mãe tava na porta, cara fechada. — Theodoro, cadê você se meteu inferno? O seu pai este louco precisando de você — Nenhum lugar, mãe. Só resolvendo algumas coisas, o que houve? — Seu pai teve um problema com o pessoal das máquininhas caça niqueis — Mãe essa p***a não da mais dinheiro, o povo agora so joga nas Bet´s no tigrinho — Tu soube do leandrinho la dona Matilde la de baixo ganhou 15 conoto no tigrinho — E ai? Comprou algo para mãe? — Não jogou tudo e perdeu tudo de novo — Maju disse rindo Eu vou ate minha veia e a braça e a beija na testa — Mãe só você Eu me joguei na cama e ri da minha vida, alias da merda que eu estava fazendo dela. Ex-Fuzileiro, traficante, stalker… e agora, detetive de esquina. Liguei o notebook velho e comecei a procurar o tal Angelo. Nada no f*******:. Nada no i********:. Até que achei uma conta no LinkedIn: Antonio Mello, consultor de investimentos. Empresa: Petroliferas Mello - Carai o cara tem cara de Angelo o italiano e se chama Toin. Embaixo estava o currículo de Augusto Mello, irmão Os Filhos das pu,ta. São irmãos, entçao Ayala saiu com o cunhado para jantar... Se antes eu não tava entendendo nada agora nada entendo. Fui atrás do único maluco que podia me ajudar a fuçar mais fundo: Alex Gameplay. O cara era um gênio do crime digital, hacker que vazou até áudio de ministro. Ele morava num cubículo aqui no Gardenea, estudou comigo o filodaputa, cercado de latinha de Red Bull e placa de computador. Bati na grade de ferro. — Alex, abre p***a! A porta rangeu, e ele apareceu, de óculos grosso e camisa do Homem-Aranha. — Kill? Que vento te traz pro lado nerd da força? Entrei e joguei o celular na mesa. — Preciso que você hackeie umas paradas. Ele olhou as fotos do Antonio e Augusto e as informações que eu tinha. — Consultor de investimentos, herdeiro do magnata do petrolio… hmm. Tá metido em coisa errada, né? — Ele fala ironico — Ohh so puxa a fixa desses dois ae... Tem algo de errado e eu onça sei o que é Alex começou a digitar igual louco, os dedos voando no teclado. Mas por mais que ele procurasse não tinha nada. Mas que tem coisa ali... eu sei que tem!
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