A porta bateu com força assim que eu entrei. Joguei a chave em cima da mesa da sala e encostei as costas na parede, respirando fundo. Parecia que o ar tava preso dentro do meu peito. Como se eu estivesse sufocando há dias e só agora tivesse percebido. — Que merda... — sussurrei pra mim mesma, passando as mãos no rosto. Minha cabeça girava, o estômago embrulhado. Desde o dia que eles abriram a boca naquela conversa ridícula de "Você vai ter que escolher", eu não tinha mais conseguido ter um segundo de paz. E pra piorar... o clima entre os dois só piorava a cada encontro. O Nathan passou a me olhar daquele jeito. O jeito que homem olha quando tá decidindo se vai te jogar contra a parede ou te virar as costas. E o Kauê... O Kauê agora me caçava com o olhar. Me provocava. Me desarmava.

