DANTE MANCUSO
O amanhecer trouxe uma luz pálida, quase tímida, filtrando-se pelas frestas metálicas do container. A tempestade havia passado, deixando o cargueiro em um silêncio estranho, apenas o som distante das máquinas e o balanço suave do mar nos lembravam que ainda estávamos em movimento. Abri os olhos lentamente e a primeira imagem que vi foi Catarina.
Ela estava aninhada perto de mim, o bebê dormindo entre nós, seus pequenos punhos fechados, o rosto sereno. Por um instante, me perdi ali. Aquela cena parecia um vislumbre de algo que eu nunca achei que pudesse ter — paz. Família. E Deus, como eu queria congelar aquele momento e viver nele para sempre.
Meu coração, esse filho da mãe teimoso, bateu mais forte. Sem pensar, ergui a mão e deixei meus dedos chegarem perto do rosto dela.
