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1223 Palavras

BRASA NARRANDO Meu mundo não é barulho. Nunca foi. Eu aprendi cedo que o mais perigoso é o que fala pouco. O que observa, mastiga tudo em silêncio, e cospe só quando tem certeza. E é por isso que eu sigo aqui, no mesmo ponto, sem mudar a rota, sem dar espaço pra ninguém ler minha mente. Porque quem se lê, se perde. E quem se perde, morre. Tava cedo ainda quando o primeiro da tropa bateu na porta da casinha da gerência com a sacola. — Tá aqui, chefe. Tudo certinho. Abri. Dinheiro trocado, maço miúdo, vindo das bocas pequenas lá da lateral. Contado, passado, verificado. Dei um aceno de cabeça e ele saiu. Sem olhar pra trás. Próximo. A cada meia hora, batia mais um. Biqueira do beco, ponto do campo, posto do alto, tudo chegando. Uma fila invisível, cada um sabendo a hora de vir, o jeito

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