138

1365 Palavras

ROBERTO NARRANDO Saí do quarto deixando o velho afundado no colchão, TV alta, prato limpo. Assim que a porta bateu eu já tava esfregando a mão na outra, como se aquilo tirasse o cheiro de bar barato que ficou impregnado. Nojo. Nojo da situação, do sujeito, do Rio. Desci metade do corredor imaginando a Sol na minha frente, bonitinha, calada, do jeito que devia ter sido desde o começo. Se eu tivesse feito do meu jeito, nada disso tava acontecendo. Entrei no meu quarto, joguei a chave na bancada, fui direto no lavabo. Sabão, água quente, mais sabão. Esfrega, esfrega, esfrega. Toalha branca, mão impecável. Peguei o tubo de lenço e passei no relógio, no celular, no maço de notas—mania de deixar tudo limpo antes de sentar e pensar. Só então abri a cortina da varanda: Copacabana lá embaixo ferv

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR