80

1473 Palavras

BRASA NARRANDO Deixei a Sol no portão e desci a rua com o carro ainda cheirando ela. Ficou um resto de riso na minha boca, mas eu guardei no bolso. Engatei a marcha e subi pro meu lado da cidade. Boca não espera sentimento. Entrei na viela, buzina curta. Portão abriu. O pátio já no ritmo: mochila passando, rádio chiando baixo, caixa contando devagar, cadeira de plástico arrastando no cimento. Tudo no lugar. Do jeito que tem que ser. Leléu veio vindo com aquele andar de quem tá rindo antes de chegar. Dente no sol, boné torto, prancheta no sovaco. — Aí, chefe… — ele cantou, só de maldade — …coração tá manso hoje? Dormiu embalado no pagodinho? Quer que eu bote “romântico mela-cueca” pra tocar na rua também ou aqui é só batida reta? Fiquei olhando. Só olhando. O homem se diverte com a pró

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR