SOL NARRANDO Chegar no quarto foi tipo entrar num filme caro: luz amena, cama gigante, vista de Copacabana piscando lá embaixo e, no canto, a hidro grandona chamando meu nome. Eu já fui direto, óbvio. Liguei a água quente, joguei aqueles sais que deixam cheiro de banho caro no ar e deixei a espuma subir. O Brasa fez o tour dele de patrão paranoico: abriu cortina, conferiu varanda, olhou embaixo da cama (eu ri), checou tranca da porta e ficou de boné e óculos, armado de marra. — Vem, ogro — chamei, já com o pé dentro. — Tu não vai perder essa, não. — Tô de boa — ele mandou, encostado no batente, braços cruzados, cara de quem tá vigiando a fronteira do país. Eu dei risada. Tirei a roupa devagar, sem show, só do meu jeito. Fiquei de calcinha, cabelo solto, pele brilhando do vapor. Entrei

