SOL NARRANDO Tô jogada de lado na cama, cabelo pra todo canto, lençol grudando na pele e um sorriso que eu tô tentando esconder faz uns dez minutos. Perna bamba? Check. Marca de dedo na coxa? Check. Corpo inteiro dizendo “parabéns, mamãe, tu viveu”. A casa tá cheirando a banho dele com meu perfume, mistura que dá um soninho bom. E ele ali, grandão, deitado de barriga pra cima, fingindo que tá pleno, mas eu conheço a respiração quando o ogro tá satisfeito. — Insuportável gostoso — sussurrei, só pra mim, mordendo o canto da boca. Ele nem respondeu, só jogou minha sandália que tava no chão pra perto da cama com o pé, jeito torto de dizer “fica mais”. Aí levantou, foi na cozinha, voltou com um copão d’água gelada e me entregou sem olhar muito, como quem dá ordem: “bebe”. Bebi. Quase abracei

