Brasa Narrando - Continuação Peguei a garrafa d’água do aparador, quebrei o lacre no dente e virei tudo na cara do playboy. O jato desceu gelado, ensopou cabelo, gola, orgulho. Dei dois tapas secos pra alinhar a alma. — Acorda. Ele voltou do limbo tossindo, olho piscando rápido, tentando entender onde tinha deixado a dignidade. Apontei com o queixo pro telefone ainda aberto. — Tem mais algum dinheiro escondido? O playboy fez aquela cara de santo de vitral e soltou um “não” murcho. Eu já ia dar a risadinha de canto quando a Sol, do nada, levantou seca da cadeira, igual juiz batendo martelo: — Tem sim. Meu irmão… a mulher virou outra pessoa. Pegou o celular dele como quem pega tesoura de costureira: precisão e deboche. Desbloqueou na cara dele sem nem pedir por favor, e mergulhou. Eu

