Saí da obra com o coração batendo mansinho e, em dois becos, já tava na casa da Dona Cida — Sida pra quem conhece de berço. Bati no portão só de educação e fui entrando, como sempre. — Ô, vizinha… tô entrando, hein! — Entra, Rosa! Tô aqui na cozinhaaa! Cozinha da Cida é igreja de bairro: porta aberta e cheiro de café forte. Entrei rindo. — E aí, mulher, como tá ficando a obra? — ela já veio no deboche — Todo dia esse bate-bate-bate, martelo que não acaba nunca… — Ah, para — falei — hoje foi coisa fina. Bancada na altura certa, janela que abre sem reza, até tomada da air fryer o Márcio marcou. Tá chique. — Hum… Márcio, né? — ela arqueou a sobrancelha, safada. — Conversou muito com o Márcio? — Para de palhaçada, Cida. — Palhaçada nada, Rosa. Não entendo porque tu não dá uma chance. V

