SOL NARRANDO Quer saber? Eu não tava nem aí pra p***a nenhuma. Foda-se se tavam olhando, se alguém ia falar, se ia dar merda depois. Hoje eu só queria ser eu. A Sol de verdade. A Sol que cresceu correndo por esse beco, que vivia no pé da minha mãe pedindo um real pra comprar um geladinho de uva. A Sol que tinha orgulho da cor, do cabelo, da quebrada. E que agora tava de volta, vivona. Tava ali, no meio do pagode, sambando igual filha do Zeca, com a Ingrid do meu lado gargalhando, jogando a b***a pro alto, me puxando pelos braços e gritando no meu ouvido: — Sol, porraaaa! Isso que é vida, c*****o! Eu ria. Ria com a alma. Porque fazia tempo que eu não me sentia leve assim. Solta. Livre. Sem amarras, sem pressão, sem precisar manter pose de mulher fina. Sem aquele terno sufocando, sem sa

