37

1764 Palavras

Maju Narrando Quando o relógio da sala marcou quatro e quinze, eu ainda estava tranquila, ou pelo menos fingindo pra mim mesma que estava. Todo fim de plantão do Rodrigo seguia o mesmo ritual desde que eu me entendo casada com ele: mensagem curta, voz cansada, aquela desculpa de sempre — “tô indo, amor” — e em meia hora ele entrava pela porta com aquele cheiro dele misturado a suor, pólvora e amaciante. Eu já esperava até sem precisar olhar o relógio. Era automático. O corpo conhece a rotina do outro quando existe convivência. Eu podia quase ouvir mentalmente o barulho da chave girando na porta. Só que hoje, o silêncio parecia engolir a casa inteira. Dei uma olhada rápida para o celular jogado no sofá e tentei voltar a organizar os trabalhos dos meus alunos, mas minha cabeça não fixava

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR