Pré-visualização gratuita Capítulo 1 - Ele está aqui
ISADORA
Eu o sinto antes de vê-lo.
É sempre assim.
Como uma corrente elétrica rastejando sob minha pele, avisando que algo está errado — ou certo, dependendo do ponto de vista. Meus sentidos se aguçam, o coração acelera, e o ar ao meu redor fica mais... denso. Como se estivesse sendo observado por olhos que conhecem cada centímetro do meu corpo. Como se alguém soubesse exatamente onde tocar para me desmontar.
A cidade não dorme, mas eu finjo que sim. O prédio velho onde moro range a cada passo. São três da manhã. Acabei de chegar da última sessão de fotos — uma exposição para um cliente particular. E mesmo com o portão eletrônico trancado, a chave girando corretamente na fechadura, e nenhuma sombra estranha no corredor, eu sei.
Ele está aqui.
Como sempre.
Pego o celular e olho para a tela acesa. Nenhuma notificação nova. Nenhuma mensagem. Mas o pequeno arranhão na madeira da porta, aquele que definitivamente não estava ali ontem, me encara como uma provocação silenciosa. Um lembrete.
Ele quer que eu saiba.
Deslizo os dedos pelos fios soltos do meu cabelo, ainda levemente úmidos. Tomo banho duas vezes sempre que volto pra casa. Uma para o suor, outra para tentar apagar a sensação de estar sendo vigiada. Mas nenhuma das duas resolve. Não quando o calor que ele provoca é mais profundo. Interno. Ardente.
Não é o medo que me consome. É o que vem junto com ele. A antecipação. A excitação. A maldita curiosidade.
Quem é ele?
Por que me segue?
Por que parece que ele me conhece mais do que eu mesma?
O pior — ou o melhor, eu não sei mais — é que ele nunca me machucou. Nunca tentou invadir minha casa. Nunca me tocou.
Mas ele me manda sinais. Presentes silenciosos.
Na semana passada, um envelope com uma foto minha foi deixado sob o tapete da porta. Não uma foto qualquer. Uma imagem tirada do lado de fora da cafeteria onde costumo trabalhar às quartas. Eu estava rindo. Sozinha. Porque tinha acabado de lembrar de um momento da infância. Um riso verdadeiro, íntimo.
A foto era linda.
Mas eu não lembro de ter sido observada naquele dia.
A primeira reação foi pânico. Depois... curiosidade. E por fim... t***o.
Meus dedos roçaram aquela imagem por minutos, enquanto minhas pernas se apertavam uma contra a outra. Aquilo não era normal. Nada em mim estava sendo normal desde que ele surgiu. Eu devia correr. Denunciar. Procurar câmeras, policiais, proteção.
Mas não fiz nada disso.
Em vez disso, estou aqui. Encostada à porta fechada, o coração martelando como um tambor de guerra, imaginando se ele está me observando agora.
E se ele estiver?
E se, neste momento, seus olhos estiverem fixos na minha pele nua sob a camisola fina? Se ele souber que não uso calcinha para dormir? Se ele imaginar — ou souber com certeza — que meu corpo treme quando penso nele?
Meus dedos escorregam lentamente pela minha coxa. A ponta da camisola sobe, o tecido leve desliza pelo quadril. Fecho os olhos.
Não posso.
Mas quero.
Não conheço esse homem. Ele é uma ameaça. Um criminoso. Um perigo.
Mas meu corpo o deseja como se já fosse dele.
— Você está aí? — sussurro, como uma tola.
Nenhuma resposta.
Só o som do meu próprio fôlego, ficando mais pesado.
Abro os olhos, encaro a janela entreaberta. A brisa noturna entra, fria. Mas eu estou quente. Ardendo. Vibrando. E então vejo.
Um movimento rápido.
Sutil.
Quase invisível.
Mas estava lá. Do outro lado da rua. Uma sombra. Grande. Parada.
Ele me viu.
Eu sei que sim.
Mordo o lábio, sem saber se corro ou sorrio. Meus m*****s endurecem sob o tecido leve, sensíveis. Meu centro pulsa com força, implorando por alívio.
Como ele consegue isso?
Sem me tocar.
Sem dizer uma palavra.
Me fazendo desmoronar com um simples olhar à distância.
Atravesso o quarto e fecho a cortina, mas não totalmente. Deixo uma fresta. Um convite. Meu coração martela no peito. Me sento na cama, com as pernas afastadas, o corpo exposto à penumbra, e deixo os dedos escorregarem para onde ele parece me tocar com o olhar.
E pela primeira vez... me deixo ir, imaginando suas mãos. Seu rosto. Sua voz grave dizendo que sou dele. Só dele.
Me entrego à fantasia suja, ao toque que não é dele — mas que só existe por causa dele. E quando g**o, com um gemido abafado na almofada, sei que ele está lá.
Me assistindo.
Possuindo.
Controlando.
Dominando.
A noite acaba. O silêncio volta.
Mas sei que amanhã ele virá de novo.
E, de novo... eu vou esperar.