EPISODIO 7

1032 Palavras
Não há quase nada no quarto do pânico da minha avó. Eles construíram há muitos anos, como o resto da casa. A sua decoração é bastante barroca: quatro beliches, um banheiro e uma despensa com enlatados para dois dias, todas elas vencidas. Eu estava assustada e ferida. Acordei com o clique da porta de segurança se abrindo. Aquele que eu não esperava ver do outro lado era Gavril, suando e cheirando a álcool e cigarro como sempre, um cheiro que nunca vou suportar. A sua camisa enrugada e salpicada de sangue, os seus olhos amarelos e vidrados de bebida. As minhas pálpebras estavam inchadas de tanto chorar que m*al conseguia abri-las. Ao vê-lo, não consegui falar da impressão de que ele estava ali, sozinho, comigo. Na minha mente, havia apenas os olhos escuros de Antonio e um apelo para que ele viesse agora. Com a sua voz estridente, ele me disse que a minha mãe tinha dado a senha para ele. Não parecia muito provável para mim, mas ele tinha a chave de segurança da porta. O meu primeiro impulso foi tentar fugir, correr de volta para o jardim dos Volkov, mas contra ele não tive chance. O primeiro tapa que ele me deu me derrubou no chão. Com o rosto ainda queimando, consegui dizer a ele que ele tinha que esperar por Antonio. Gavril apenas riu e me disse que eu era muito 'ingênua 'ele já tem o que queria querida, acredite, ele não vai vir atrás de você, ninguém vai. O dinheiro da sua avó também não pode salvá-la disso, se ela se quer se lembra de que você mora aqui e se ela não gastou tudo em jogos de azar e álcool. Os meus ouvidos zumbiam e eu me sentia tonta, queria responder, mas estava sem palavras. — Você ficaria melhor com alguém mais velho, como eu, que poderia defendê-la. Ele me disse. Enquanto ele falava comigo eu só podia ver os seus dentes de ouro e tremer com o seu odor corporal nauseante, chegando cada vez mais perto, com ele eu só poderia sentir que estava em perigo. — Eles vão perceber que você também está envolvido. Gavril, isso não vai dar certo para você, Antonio está vindo atrás de você. Eu disse esperando que a minha ameaça o fizesse me deixar em paz. — Ninguém me viu, exceto você. Ninguém vai acreditar em você. Você vê seu namorado em algum lugar? — Eles vão investigar e vão perceber que você também estava por trás disso. — Não sou tão burro quanto o seu pai para deixar pistas atrás de mim. Até o seu irmão morreu por causa dele. — Oleg está morto? Eu perguntei a ele incapaz de esconder o horror na minha voz. Ele pareceu crescer com o meu infortúnio. — Você não o viu no chão, Nina? O que você acha que aconteceu assim que você saiu? Você já esteve lá muitas vezes para saber o que eles fazem naquela casa. — Eles não o deixariam morrer. — Não? O que você acha que poderia acontecer com você? Não adiantava tentar argumentar com ele, era inútil, eu não tinha condições de avisar ninguém, nem de fazer alguém acreditar em mim. Pedi a ele que pelo menos me deixasse levar as minhas coisas e ele concordou. Subi para o meu quarto e na única mochila que eu tinha coloquei todas as camisetas de Antonio, algumas das roupas que Olivia tinha me dado, e velhas fotos Polaroid da minha mãe de alguns anos atrás. Na verdade, eu tentei fugir pela janela. Mas assim que tentei pular, Gavril me deixou inconsciente, então aprendi o que era uma concussão. Ele não era um homem muito melhor do que o meu pai, nenhum dos dois jamais teve coração, mas ele era minha única opção. Uma noite, um tiro, e eu perdi toda a minha família, sangue e amigos. Gavril era o chefe da Bratva em Los Angeles para a Irmandade Volkov há anos, então naquele mesmo dia sem me explicar nada, ele me colocou num avião e me levou para lá com o seu filho Michael. Na verdade era Mikhail, mas ele acho que americanizar o seu nome era muito melhor, já que eles iriam se mudar para os Estados Unidos para sempre. Para eles, era sem dúvida a terra prometida, já que a única coisa que Gavril sempre quis foi o poder e lá ele o tinha. Quando cheguei lá, ele me disse que o meu pai e o meu irmão eram traidores, com outros homens da Bratva, que tentaram matar os Volkovs para tomar Moscou. Segundo ele, eles estavam por trás de todos os ataques que o pai dos meus amigos havia sofrido, essa também seria a versão oficial. Eu sabia que ele também estava, porque o tinha visto naquela noite no jardim, mas não tinha ninguém para contar e sempre seria minha palavra contra a dele de qualquer maneira. Estava claro que ninguém iria confiar em mim novamente. Os Volkovs eram uma família temida e reverenciada, pois eram responsáveis pelas regiões mais suculentas de Bratva na Rússia e nos Estados Unidos. A situação apenas acelerou a mudança para Los Angeles. Gavril me disse que era tudo culpa minha, pois se eu ficasse eles teriam que me matar por uma questão de honra na máfia russa, já que tecnicamente 'eu também era uma traidora'. Uma traidora eu, que não via o meu pai sozinha há mais de dez anos? Não fui capaz de dar crédito às suas palavras. Durante semanas, fiquei em choque. Ele me disse que a minha família estava no exílio e que eu nunca mais poderia voltar para a Rússia. Que se eu pusesse os pés em Moscou estaria morta, que por causa da minha amizade com Olivia eles me permitiram viver. Ele também me disse que se alguém descobrisse sobre a minha conexão com Moscou, não seria bem-vinda para me ajudar financeiramente de forma desinteressada. Pelo menos ele me ajudou a obter documentos falsos como novo cidadão americana e administrou toda a minha papelada para que eu pudesse continuar a estudar medicina na faculdade. Nunca fiquei tão feliz por ter frequentado uma escola bilíngue.
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