Dom colocou outra blusa:
— Obrigado. E não se preocupe, isto aqui não é nada. — Ele saiu.
Jenny foi com Dom para mostrar os planos da missão.
Madalena guardou a caixa de primeiros socorros:
— Seu amigo é sempre assim tão triste e reservado?
Brian olhou para ela:
— Como assim triste? O comandante é só quieto, gosta de ficar na dele mesmo. Acho que é o jeito dele.
Madalena o observou:
— Não é o que me parece. Mas quem sou eu para saber da vida dele? m*l consigo cuidar de mim mesma.
Brian respondeu:
— A senhora está enganada em dizer isso. Afinal, você foi a primeira pessoa que o chefe deixou tocar nele assim. Olha que nem o médico consegue isso.
Amara, já trocada, aproximou-se:
— Mãe, a senhora sabe para onde iremos depois daqui?
Madalena suspirou fundo:
— Eu ainda não sei, minha filha. E me perdoa por ter estragado seu aniversário, mas, se não fosse hoje, nunca teríamos conseguido escapar de seu pai.
Amara a abraçou:
— Mãe, hoje é o melhor dia da minha vida, porque agora poderemos viver em paz, sem medo do que pode nos acontecer ou do papai o tempo todo.
Madalena começou a chorar e abraçou a filha:
— Eu sinto muito, minha flor. Fui uma péssima mãe, deixando você passar por tudo isso por tanto tempo. Me perdoa, minha linda.
Amara sorriu:
— O que importa é que agora estamos livres do papai e nada mais importa, mãe.
Horas mais tarde, Jenny chegou com lanches para todos e pediu para Madalena levar um lanche ao comandante antes que ele dormisse sem comer.
Madalena pegou e levou imediatamente.
Dom estava deitado no chão, descansando.
— Sua amiga trouxe lanche e pediu para trazer este para você comer antes de dormir — disse Madalena.
Dom se levantou, pegou o lanche e agradeceu.
Madalena sentou-se ao lado dele:
— Sabe, minha vida nunca foi fácil. Carlos e eu éramos amigos desde crianças. Passamos por tudo juntos, mas um dia acabamos ficando juntos, e desse relacionamento nasceu minha filha Amara. Acabamos nos casando e até fomos felizes por um tempo. Só que ele começou a se envolver com o cartel de drogas e a mudar completamente. Sua atitude com a família ficou cada vez mais violenta e assustadora. Ele se afastou de nós por completo.
Dom olhou para ela:
— Então por que continuou com ele, se tudo isso já estava acontecendo? Por que não o deixou antes?
Madalena sorriu, resignada:
— Por minha filha. Ela o amava e o admirava. Por mais c***l que fosse comigo, sempre foi um ótimo pai. Até que, um dia, minha filha o viu me batendo. Ela tentou me defender, mas Carlos a empurrou e a machucou. Depois disso, Amara mudou completamente e não quis mais saber dele.
Dom sorriu de leve, com tristeza:
— Que situação difícil. Deve ter sido muito pesado para você.
Madalena olhou para as mãos:
— Foi mesmo. Mas fiz um acordo com a Justiça para contar tudo o que sei dos negócios do Carlos, em troca de p******o e da chance de sair do país em segurança. E você? Qual é a sua história? Já que resumi a minha, poderia fazer o mesmo, se quiser.
Dom desviou o olhar, fixando-o no chão:
— Não tenho nada que deva saber sobre a minha vida.
Madalena o observou:
— Não é o que seus olhos me dizem. Mas, quando quiser se abrir, pode me procurar. Vou adorar te ouvir como amiga.
Dom esboçou um sorriso:
— Acho isso bem difícil, senhora Madalena. Mas, pode deixar, se eu precisar, farei isso.
Madalena sorriu:
— Não é tão difícil assim. É mais leve quando temos com quem falar. Dá para ver que você carrega uma bagagem bem pesada e sofre sozinho. Isso é muito difícil. Quando estiver pronto, pode me procurar. Sou uma boa ouvinte. Agora vou deixar você comer e descansar. — Ela se levantou e saiu.
Dom ficou olhando em volta, deitou-se novamente e não tocou no lanche.
Mais tarde, Jenny veio chamá-lo:
— Chefe, temos que ir agora. Parece que Carlos já começou a agir. Precisamos agir também.
Dom, ainda sonolento, perguntou:
— O que foi?
Jenny o observou:
— Chefe, você está mesmo bem para vir conosco? Já acordou ou ouviu o que falei?
Dom sentou-se:
— Estou ótimo. Pode me atualizar sobre o que está acontecendo.
Jenny sorriu, sarcástica:
— Chefe, você sabe que está com febre. Não pode trabalhar assim. Devia ir ao hospital e deixar tudo com a gente.
Dom a encarou, sério:
— Estou ótimo. E nada de abrir a boca para o Brian, entendeu?
Jenny respirou fundo:
— Claro, chefe. Estou até vendo... É melhor irmos logo. Já está tudo pronto.
Dom se juntou aos outros, e começaram a se preparar para sair em missão.
Amara estava com a mãe:
— Hoje tudo vai terminar, mamãe. O papai será preso, e nós ficaremos livres dele para sempre.
Madalena respondeu:
— Seremos livres, minha filha. Seu pai será preso, e poderemos respirar sem medo. Mas ainda teremos que viver sob p******o por um tempo.
Amara a abraçou:
— Mas, depois, seremos livres, mamãe. E isso é o que importa.
Dom se aproximou delas:
— Vocês irão com eles para o nosso avião, que já está à espera. Serão levadas ao nosso QG para sua segurança.
Amara olhou para ele:
— Você virá conosco?
Dom sorriu:
— Ainda não. Tenho um trabalho para terminar aqui. Mas eles são ótimos agentes e de minha confiança. Podem ficar tranquilas.
Madalena o olhou:
— Então você vai nos encontrar lá depois, não é?
Dom sorriu:
— Sim. Pode deixar. É melhor irem logo, para que não fique tarde. Boa viagem, senhora Madalena. Se cuidem.
Madalena sorriu de volta:
— Bom trabalho. E tome cuidado, porque Carlos tem homens fortemente armados e bem treinados.
Dom olhou para os agentes:
— Sabemos disso. Vamos nos cuidar. Agradeço sua preocupação.
Os agentes saíram e Madalena entrou no carro com a filha. Ambas foram embora.