Monique Narrando A cada passo, minha vontade era voltar e enfiar uma granada dentro daquele morro. Mas eu tinha um objetivo. As crianças. Eu ia tirar cada uma dali nem que tivesse que sair carregando no colo. Mais alguns metros. Aí a voz dele veio de novo, agora direto no meu rádio: — Isso aí, Monique… muito bom. Tô gostando de ver. Tô indo atrás de você, hein. Apertei o rádio com força. Respirei fundo, mantendo o olhar firme na subida. — Onde é que tá a van? — perguntei, seca. Ele respondeu no mesmo tom debochado de sempre: — Vai subindo que tu vai ver. Tá perto. Continuei. Passos firmes. Vontade de virar e meter o rádio na cara dele. Cada viela que eu passava, mais gente armada, mais silêncio estranho. A favela inteira observando a mulher da polícia andando desarmada no meio do

